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A Segunda Vinda de Danzig

Resenha - Danzig II; Lucifuge - Danzig

Por Fernando Claure
Postado em 16 de fevereiro de 2024

Glenn Danzig é uma figura importante para a história do rock. Seja por seu comportamento pouco amigável ou por suas letras que envolvem temas controversos, principalmente para a época de seus álbuns mais conhecidos (décadas de 1980 e 1990), o artista criou um legado marcante. Isso veio desde cedo para Glenn, que formou sua primeira banda oficial, os Misfits, em 1977, quando tinha apenas 22 anos. O jovem influenciado por artistas como Jim Morrison, Elvis Presley e Roy Orbison (para quem viria a compor a faixa "Life Fades Away") sabia que a música era sua paixão e que, independentemente do que dissessem para ele, essa seria sua carreira.

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"Danzig", lançado em 1988, foi um grande sucesso liderado pelo single "Mother". Na época as pessoas poderiam não saber dos Misfits, mas todo mundo sabia do Danzig. Todo esse sucesso levou à produção de uma sequência que viria a ser conhecida em 1990 como "Danzig II: Lucifuge". Glenn Danzig criou um clássico do metal com o primeiro álbum, mas para o segundo, sabia que ele poderia começar a experimentar um pouco, principalmente quando se tratava de inspirações. O projeto marcou o início de dois estilos de composição que Glenn viria a repetir em lançamentos futuros: faixas baseadas em outros estilos musicais, como o blues, e baladas.

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Ao vasculhar o encarte, a primeira página (na minha cópia do CD, uma versão reimpressa) possui a frase "Ye are of your father the devil, and the lusts of your father ye will do", uma tradução do versículo João 8:44 da bíblia presente na versão da bíblia do Rei James IV e I. Em tradução para português pela bíblia online "⁴⁴ Vós tendes por pai ao diabo, e quereis satisfazer os desejos de vosso pai". Isso quer dizer uma coisa: os próximos 49 minutos e 26 segundos de música serão maléficos.

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A primeira música do LP, "Long Way Back From Hell", começa com a brutalidade conhecida nas letras de Danzig. O início agitado, acompanhado pelo instrumental imparável de Christ, Von e Biscuits não perdoa o ouvinte. O refrão "Do you wanna cross that line", que pode ser interpretado como uma vez que você mata, não consegue voltar atrás e ser o mesmo, já estabelece um dos temas do álbum: miséria e dor.

Na segunda faixa, "Snakes of Christ", o canto harmônico e murmuroso de Glenn se torna um brado expressivo, mas não excessivo. De acordo com o vocalista, a letra se refere a distorção do catolicismo pelas igrejas católica e batista. "Os Católicos e os Batistas deturparam os ensinamentos de Cristo. Adorar a versão de Cristo deles poderia ser considerada por alguns como sendo tão ruim quanto adorar o Satã", Danzig para a Faces Magazine em 1990. Uma pequena curiosidade sobre essa faixa: Para a Seconds Magazine em 1997, Danzig comentou que o Stone Temple Pilots copiou "Snakes of Christ" na canção "Sex Type Thing", o primeiro single de "Core", álbum de estreia do grupo. "A única [banda] que eu realmente odeio é o Stone Temple Pilots. Eles foram e roubaram "Snakes of Christ" e renomearam para "Sex Type Thing". Eu fiz o show na rádio Lonn Friend e ele disse, ‘Você conhece essa música?’ e colocou o que eu achei que fosse "Snakes of Christ". Do nada eu escuto esse palerma falando, ‘I am, I am, I am’ e eu estou tipo ‘Quem é esse?’. ‘Ah, isso é o Stone Temple Pilots. Essa música soa familiar, não?’. Nós tocamos ambas seguidas e elas eram exatas" disse Danzig.

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"Killer Wolf" é a primeira experimentação do artista com outros gêneros, nesse caso o blues. Consequentemente, é também a música que mais ressalta a força do baixo de Eerie Von. A faixa seguinte, "Tired of Being Alive", foi a primeira música que ficou marcada na minha cabeça de Danzig sem ser "Mother". O back vocal e a força do canto de Glenn formam uma melodia para eletrizar o ouvinte depois da calmaria da faixa anterior.

Em "I’m the One", Glenn Danzig mergulha de cabeça no blues e chama o violão de John Christ e o prato de chimbal de Chuck Biscuits para acompanharem as suas palavras sobre identificação, com toques de romance e o mesmo misticismo que serve de base para o álbum inteiro.

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Se você ficou mais tranquilo na música anterior, "Her Black Wings" volta com toda a força da primeira faixa e ainda traz um pouco mais. O baixo de Eerie Von e a guitarra de John Christ voltam mais fortes na canção, que foi o único single do álbum. "Her Black Wings" reúne todas as características que o grupo tem de melhor: letras sobre amor, o sobrenatural e violência; refrão que gruda como chiclete e te faz balançar a cabeça sem nem mesmo perceber e um instrumental pesado e forte como aço, mas na velocidade perfeita para o ouvinte capturar todos os elementos dos instrumentos.

A sétima faixa do LP, "Devil’s Plaything", apresenta um começo suave que, aos poucos, vai se tornando agressivo, provocador e quente como o inferno. Seguindo o padrão da música anterior, "777" apresenta um início lento com o violão e os pratos de chimbal que preencheram "I’m the One", que aos poucos vai aumentando a intensidade na melodia, liderada pelo vocal potente e grave de Danzig.

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A primeira balada da carreira de Glenn Danzig e nona música do álbum, "Blood and Tears", é a verdadeira calmaria do projeto. A letra se trata de um romance falho de uma moça, mas claramente com a melancolia elevada ao máximo. Uma boa balada para ser a primeira de sua carreira e definitivamente uma das grandes marcas no álbum que indicam que a experimentação de Glenn com outros estilos musicais podem resultar em um grande hit.

"Girl", a décima e penúltima faixa do álbum, traz de volta o instrumental avassalador do grupo, principalmente a bateria de Chuck Biscuits. Apesar da letra sobre atos libidinosos ser cantada com a força exuberante de Danzig, "Girl" é a música menos atrativa do álbum. Uma ótima canção, mas incomparável com as outras.

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O projeto se encerra com "Pain in The World". O instrumental e vocal se juntam perfeitamente para fechar o álbum. O tom taciturno sobre o início da dor no mundo faz parecer com que a dor da protagonista de "Blood and Tears" agora virou algo sobrenatural que aflige o mundo inteiro. A faixa conclui de maneira amedrontadora, maléfica e pesada como aço o que "Long Way Back From Hell" iniciou.

Em conclusão, "Danzig II: Lucifuge" é uma excelente sequência para "Danzig" e definitivamente uma experiência que prova que a criatividade e o talento da banda como um todo ultrapassa a ideia de que "Mother" é a única coisa que eles tinham a oferecer. Baladas, blues, heavy metal, esse álbum tem de tudo que Glenn Danzig se inspirou para se tornar o artista que é. As melodias de Chuck Biscuits, Eerie Von e John Christ, acompanhadas pela produção de Rick Rubin e o vocal espetacular de Glenn Danzig resultaram em um sucesso assombroso, desafiador, energético e musculoso. Se você ainda não ouviu esse clássico, reserve um tempo do seu dia para conhecer. Você não vai se arrepender. 9.5/10

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Faixas:

1. Long Way Back From Hell
2. Snakes of Christ
3. Killer Wolf
4. Tired of Being Alive
5. I’m The One
6. Her Black Wings
7. Devil’s Plaything
8. 777
9. Blood and Tears
10. Girl
11. Pain in The World

Formação:

Glenn Danzig - Vocal
John Christ - Guitarra
Eerie Von - Baixo
Chuck Biscuits - Bateria
Produção - Rick Rubin

Selo: American Recordings

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Sobre Fernando Claure

Jornalista formado em 2023, cresci ouvindo Sabbath e Metallica com o meu irmão mais velho e hoje escuto de tudo e mais um pouco. No momento meu ato favorito é o Nine Inch Nails, mas é capaz que mude daqui a um tempo. Se pudesse pegar três ídolos pessoais, estes seriam Iggy Pop, Glenn Danzig e Trent Reznor.
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