DragonForce: banda conquista a "irreverência madura"
Resenha - Extreme Power Metal - DragonForce
Por Victor de Andrade Lopes
Postado em 02 de outubro de 2019
Nota: 9
Existem muitos nomes no rock e no heavy metal que fazem música "séria", mas demonstram um comportamento absolutamente descontraído e descompromissado nas redes sociais, em entrevistas e mesmo nos shows. Nesta década, é isso que o quarteto inglês de power metal DragonForce virou: uma banda bem-humorada com discos relativamente sérios.
Mas em 2019, em seu oitavo lançamento de estúdio, o grupo decidiu despirocar de vez. Chutar o balde. Ligar o foda-se. E a mensagem já fica clara logo no título: Extreme Power Metal, o rótulo por vezes atribuído ao som deles, que basicamente consiste num power metal mais alucinado que o usual.
A característica mais importante do disco é ser uma perfeita união da maturidade que a banda demonstrava em seus três trabalhos anteriores com a irreverência de seus lançamentos iniciais, quando seu som chegava a ser caricato de tão artificial e forçado.
Esse casamento está por toda parte, inclusive na estética, profundamente influenciada por games dos anos 1980, como podemos ver na capa e nos clipes de "Highway to Oblivion" e "Heart Demolition". Alguns membros são gamers assumidos e parte da produção do álbum foi transmitida ao vivo pelo guitarrista Herman Li em seu canal no Twitch, evidenciando o quanto a fusão midiática faz sentido para eles.
Mas há outras peças mais "sérias". O pitoresco título "Cosmic Power of the Infinite Shred Machine" esconde um dos pontos altos do disco (inclusive por parte de Coen) e que é sucedido por "The Last Dragonborn" e "Heart Demolition", outros destaques - a primeira por sua roupagem nipônica e a segunda por sua letra sóbria e determinada, que entra em choque com o cômico vídeo.
E espere só até ver o clipe de "Razorblade Meltdown", em que versões animadas dos membros literalmente se matam por uma mulher em meio a um sem-número de referências a piadas internas da banda, a maioria das quais eu confesso não ter sido capaz de pegar.
A segunda metade da obra vai intercalando momentos não tão impressionantes quando os iniciais até chegar na dupla final, formada pela curiosa "Remembrance Day", com inéditas gaitas de foles; o improvável cover de "My Heart Will Go On", de Celine Dion; e a faixa bônus "Behind the Mirror of Death", salpicada de Thrash por ter sido composta pelo baixista Frédéric Leclercq.
E falando no talentoso músico francês, Extreme Power Metal marca sua última contribuição para o DragonForce. Pouco antes do lançamento do disco, ele anunciou sua saída do então quinteto, e mais tarde explicou que havia sido convidado para integrar a lenda teutônica Kreator, que pode acomodar de maneira mais apropriada as suas fortes tendências Thrash.
E esta não é a única mudança na formação que ronda o álbum: em 2018, sem alarde e sem despedida oficial, o tecladista Vadim Pruzhanov também foi embora. Eu cantei a bola de que ele faria falta. Contudo, para minha grata surpresa, as teclas são muito competentemente comandadas de forma provisória por Coen Janssen, do Epica.
Ressalto, todavia, que os teclados têm importância grande demais neste grupo para ficarem relegados a um músico de apoio (embora ele tenha até ajudado a compor "The Last Dragonborn"). Então, que achem logo um substituto à altura de Vadim e voltem a ser o sexteto que precisam ser.
Extreme Power Metal, com sua fusão de bom humor e música sóbria, é o álbum definitivo do DragonForce, no sentido literal da palavra, ou seja, é o álbum que melhor define o que a banda é. E é também o lançamento que servirá de parâmetro para trabalhos futuros.
Abaixo, o clipe de "Heart Demolition":
1. "Highway to Oblivion"
2. "Cosmic Power of the Infinite Shred Machine"
3. "The Last Dragonborn"
4. "Heart Demolition"
5. "Troopers of the Stars"
6. "Razorblade Meltdown"
7. "Strangers"
8. "In a Skyforged Dream"
9. "Remembrance Day"
10. "My Heart Will Go On"
11. "Behind the Mirror of Death" (faixa bônus da edição japonesa)
Fonte: Sinfonia de Ideias
http://bit.ly/extremepowermetal
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