Megadeth: em 1986, Mustaine mostrou do que é capaz
Resenha - Peace Sells... But Who's Buying? - Megadeth
Por Mateus Ribeiro
Postado em 15 de junho de 2019
Nota: 10
A demissão de Dave Mustaine do Metallica talvez seja um dos episódios mais marcantes da historia do thrash metal, uma vez que o cartão vermelho rendeu ao mundo o Megadeth, banda icônica que nasceu graças ao ódio que Mustaine nutria (ou nutre, vai saber) pelos ex companheiros.
Todo o rancor fez com que em 1985 a banda lançasse "Killing Is My Business... And Business Is Good", um disco rápido, pesado, mas com aquela sensação de que faltava alguma coisa. Faltava até 1986, ano que a banda lançou "Peace Sells... but Who's Buying?" , que não é apenas um dos melhores discos da banda, mas também uma das maiores bandeiras do thrash metal.
Além de todas as características do thrash metal apresentadas no álbum, uma em si chamava muito a atenção: a técnica apurada não apenas de Dave Mustaine, mas de seus parceiros David Ellefson (baixo), Chris Poland (guitarra) e Gar Samuelson (bateria). E a qualidade das letras não ficou devendo nada para a parte instrumental, e temas pesados são abordados, como a guerra fria e o ocultismo.
A faixa de abertura, "Wake Up Dead", tem um ritmo empolgante, e é baseada em uma passagem da vida de Dave Mustaine, quando o músico ficava com uma mulher apenas por não ter onde morar, e como era apaixonado por outra, terminou o relacionamento com medo de que fosse morto por sua parceira. A segunda música, "The Conjuring", é extremamente pesada, e fala sobre um ritual de magia oculta. Aliás, depois de se converter ao Cristianismo, Mustaine achou por bem não tocar mais a música ao vivo.
Na sequência, "Peace Sells", um dos maiores sucessos da banda, lembrado pela icônica introdução e pela letra crítica, que fala sobre a Guerra Fria (conceito retratado na capa do disco, aliás). O vídeo acabou se tornando presença constante na MTV, e até mesmo a bandeira brasileira aparece no vídeo. Por fim, "Devil´s Island" encerra a primeira metade do álbum com ótimos riffs, mudanças de andamento e um clima pesado, afinal de contas, a música fala sobre um prisioneiro que seria executado na Ilha do Diabo, uma isolada ilha da Guiana Francesa utilizada pelo governo francês para punir prisioneiros perigosos.
A macabra "Good Mourning/Black Friday" é uma das músicas mais complexas do disco, dividida em duas partes, e tal qual "The Conjuring", fala sobre o ocultismo, mas narrando a rotina de um assassino em série. O tema central continua sendo abordado em "Bad Omen", igualmente sinistra e pesada.
O clima do álbum muda completamente com "I Ain't Superstitious", cover do artista de blues Willie Dixon. O suspense sai de cena para um pouco de "alegria" em meio ao mar de assuntos obscuros tratados nas músicas anteriores.
A última música, "My Last Words", que é uma das melhores músicas do disco, e consegue sintetizar bem a capacidade do grupo em unir velocidade e técnica em níveis extremos. Um belo encerramento para um ótimo trabalho.
O ano de 1986 trouxe ótimos lançamentos para o thrash metal, e "Peace Sells... but Who's Buying?" foi um dos principais, servindo como influência para inúmeras bandas de heavy e thrash metal que viriam anos depois.
Há 33 anos, Dave Mustaine deu o aviso: o Megadeth se tornaria algo muito maior do que a banda de um ex Metallica. Sorte a nossa!
Ano de lançamento: 1986
Formação:
Dave Mustaine: vocal/guitarra
David Ellefson: baixo
Chris Poland: guitarra
Gar Samuelson: bateria
Faixas
1 - "Wake Up Dead"
2 - "The Conjuring"
3 - "Peace Sells"
4 - "Devil´s Island"
5 - "Good Mourning/Black Friday"
6 - "Bad Omen"
7 - "I Ain't Superstitious"
8 - "My Last Words"
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