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Steve Hackett: Um disco prog de um guitarrista de world music

Resenha - Night Siren - Steve Hackett

Por Tiago Meneses
Postado em 30 de março de 2017

Nota: 10 starstarstarstarstarstarstarstarstarstar

Após tantos anos de carreira, STEVE HACKETT poderia simplesmente descansar e aposentar com a consciência tranquila em relação a sua contribuição musical para os séculos XX e XXI, deixando pra trás um legado musical que começou dentro do rock progressivo com o Genesis e depois seguiu por outros infinitos caminhos sempre trilhados de maneira brilhante. Mas ele está longe de querer fazer isso, muito pelo contrário, continua a ser um dos mais produtivos músicos entre todos os que apareceram para o mundo através dos anos 70. Sendo assim, seis dias antes de completar dois anos desde o lançamento do seu último disco, Wolflight de 2015, o guitarrista reaparece em 2017 e com novidade, The Night Siren.

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Gravado em diferentes países com a colaboração de músicos de todo o mundo e fazendo uso de vários instrumentos nem sempre convencionais em sua música como sitar, tabla e gaita, com certeza é um disco de rock progressivo de um guitarrista de world music. Nota-se bastante influência dos seus últimos trabalhos, assim como o seu amor pela música clássica e pela guitarra flamenca. Um disco que abrange incontáveis atmosferas da música cinematográfica, oriental, baladas entre outras. Outro fator importante é o título do disco que é um uma espécie de aviso dos tempos sombrios para os quais possamos está seguindo na direção se a humanidade escolher seguir no caminho da política nacionalista e da xenofobia. Mas durante o álbum, STEVE HACKETT através de sua música, também mostra alternativas pra passar por esses tempos no qual inclui a prática do companheirismo e compaixão.

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Logo na faixa de abertura é dado o tom do que vai ser todo o álbum. "Behind the Smoke" traz uma mistura de arranjos de corda árabes mesclados com guitarras de metal oriental onde o músico fala sobre refugiados de países destruídos pela guerra, tendo como resultado uma faixa com bastante sentimento. "Martian Sea" sem dúvida alguma vai lembrar a era mais psicodélica dos BEATLES, uso bem acentuado de sitar, ode árabe, ótimos trabalhos de guitarras e flautas sobre um baixo e bateria pesados. É uma faixa romântica que lida com alienação e um relacionamento errado. "Fifty Miles from the North Pole" é uma música que foi composta pelo guitarrista durante uma visita a Islândia, onde ele se encontrava a exatas 50 milhas do círculo polar ártico. Realmente trata-se de uma canção bastante fria, sombria onde o trabalho de guitarra lembra os usados em alguns filmes do James Bond. Possui um ótimo coro e excelentes trombetas suaves.

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"El Niño", peça instrumental com magníficos tambores tribais e temas orquestrais assombrosos, onde com isso, STEVE HACKETT e sua banda conseguem criar uma perfeita representação auditiva deste fenômeno natural muitas vezes catastrófico. "Other Side of the Wall" segue mostrando o quão globalizada que foi a confecção desse trabalho, teve inspiração em uma visita do músico a um jardim de Wimbledon no sul de Londres durante um dia quente de verão, onde STEVE HSCKETT e sua esposa se deparam com uma parede de tijolos e imaginaram a história se desenrolando naquela mesma localização, história sobre um casal impossibilitado de permanecerem juntos. Musicalmente apresenta um clima onírico perfeitamente adornado por camadas de melodias orquestrais e guitarra acústica. Destaque também para os vocais emotivos.

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"Anything but Love" mostra que a ideia de rodar o mundo através de um álbum realmente pode ter como resultado um disco sensacional. Agora com influência espanhola com a guitarra flamenca reminiscente em Gipsy King combinadas em melodias mais pesadas. Também contem uma grande harmônica dando um clima mais "festivo" e de ótimas nuances a música. Em "Inca Terra" como é de se imaginar a aterrissagem foi em terras peruanas. Tem percussão latina, músicas indígenas locais, berimbau brasileiro e ótima orquestra de cordas tudo bem misturando e de resultado que a torna um verdadeiro deleite aos ouvidos. "In Another Life" traz consigo um clima folk e vocais femininos acompanhando STEVE HACKETT tanto no refrão como fazendo coros isolados. Tem em sua segunda metade um crescimento na instrumentação através de forte harmonia e grande solo até terminar de maneira amena.

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"In the Skeleton Gallery" foi o primeiro single do álbum, é uma composição padrão e bela, usando arranjos de cordas do Oriente Médio com letras muito sonhadoras. Possui um interlúdio jazzístico seguido por um riff pesado da guitarra de Steve Hackett. Em "West to East", novamente além da ótima construção musical orquestral e consistente, STEVE HACKETT trabalhou muito bem a parte lírica, sugerindo que a guerra nunca é a resposta e a paz é o que devemos estar procurando, linda canção. O álbum finaliza com "The Gift", onde o guitarrista mostra claramente o motivo de ser um dos mais bem dotados na história do rock quando a abordagem sugerida é a de que na guitarra muitas vezes "menos é mais".

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The Night Siren apresenta STEVE HACKETT tocando fortemente como sempre, junto de músicos que já o acompanham regularmente, além de convidados de várias partes do mundo que se juntaram a ele nessa celebração da diversidade e unidade multicultural. Um álbum sensacional e que há nele uma mensagem para a aceitação de nossas diferenças culturais nestes tempos sombrios com cada música impulsionando o ouvinte a uma viagem musical ao redor do mundo. Visitar vários países sem necessariamente pisar neles e ter como plano de fundo uma trilha sonora esplendorosa. STEVE HACKETT mais uma vez acerta em cheio.

Músicos:

Steve Hackett - guitarra e vocal
Roger King - teclados
Gary O´Toole – bateria
Dick Driver – contrabaixo
Rob Townsend – criação de todos os ventos
Amanda Lehmann – vocais
Nick D´Virgilio - bateria
Benedict Fenner - teclados de apoio
Christine Townsend - violino e viola
Kobi and Mira - vocais
Malik Mansurov - tar
Gulli Breim – bateria e percussão
Troy Donockley – gaita irlandesa
Nad Sylvan – vocal (faixa 7)
Leslie Bennett – teclados (faixa 11)

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Sobre Tiago Meneses

Um amante do rock em todas as suas vertentes, mas que desde que conheceu o disco Selling England by the Pound do Genesis, teve no gênero progressivo uma paixão diferente.
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