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Lacuna Coil: O disco que mais me causou surpresa em 2016

Resenha - Lacuna Coil - Delirium

Por Marcio Machado
Postado em 21 de dezembro de 2016

Nota: 8 starstarstarstarstarstarstarstar

O Lacuna Coil se estabeleceu como um dos maiores nomes do gótico há vários anos, seus lançamentos sempre rendem boas audições, dentro da fórmula já proposta há anos. Este ano, eis que a banda no entrega Delirium, e que choque ao botar a bagaça para rodar. Após perdas na formação, com o disco praticamente todo sendo gravado pelo guitarrista Marco Zelati, exceto sua bateria que ficou a cargo de Ryan Blake Folden.

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Levando ao pé da letra o título do álbum, realmente as coisas parecem uma insanidade gravada num asilo de loucos. The House of Shame já chego com os dois pés na cara do ouvinte, que fica em dúvida se realmente está ouvindo um disco do Lacuna Coil, tamanho peso e agressividade de seu instrumental, invocando a já citada, pela própria Cristina Scabbia, influência de bandas pesadas, como o Korn, nota-se a semelhança no som do baixo, e que guitarra é essa?! E o choque não para aí, quando a voz de Andrea Ferro da as caras, num quase gutural, a coisa aperta tirando a banda da zona de conforto do gothic metal, e eleva à outro patamar, mas sem deixar a essência de lado, pois quando a musa Scabbia aparece com sua voz, potente e extremamente afinada, voltamos a estar em casa e sentir o conforto de sua voz causa. Ótima entrada.

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As coisas continuam no bate cabeça, com Andrea chamando à plenos pulmões em Broken Things, faixa que mantém o mesmo clima pesado de antes, e com um refrão onde Cristina mostra que o tempo só lhe faz bem, e destaque mais uma vez para a guitarra a todo momento chamando para o pula pula. Em seguida, já chegamos a faixa título, Delirium, invoca em seus primeiros momentos o Lacuna dos discos anteriores, e se mantém assim por um tempo, até a ponte pós segundo refrão, onde vemos uma bateria seca, com passagens de pedal duplo rápidas e uma subida de voz da Sra. Jim Root que bota muito marmanjo de queixo caído e babando, ótima.

Depois de alguns breves barulhinhos eletrônicos, voltam às guitarras secas, com uma cozinha a lá Sepultura em Bloom, Tears, Dustin, trazendo novamente Andrea num vocal, agora sim gutural, com fúria e pegada, sendo a faixa quase toda cantada por ele, e quando da espaço a dama, que refrão é esse?! De doer na alma de como tão belo foi composto, com direito a uma breve passagem que lembra bastante o já citado Korn, entra fácil na candidata a melhor.

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Downfall é uma balada gótica de melhor qualidade, dando um tempo na quebradeira e com Cristina cantando de forma belíssima e gostosa de se ouvir, e incrível como a banda passeia em diversas formas diferentes pelo disco sem perder um pingo da qualidade imposta aqui. Take Me Home começa ao som de algumas crianças cantando algo que se assemelha ao mantra que é exaltado quando Freddy Kruger está prestes a aparecer, para então dar espaço a um instrumental cadenciado, lembrando de longe os momentos mais harmônicos do Slipknot, boa faixa, mas meio esquecivel no meio das demais.

Com vocais bem divididos dessa vez, You Love Me Cause I Hate You traz mais um momento de calmaria, pelo menos em sua parte instrumental, pois Andrea ainda continua com seus berros, até um dueto no pós refrão que casa tão lindamente que brotam até lágrimas dos olhos do ouvinte tamanha harmonia ouvida. Uma boa faixa para de fechar o olho e só curtir o alto nível de qualidade. Ghost in the Mist invoca um Rob Zombie em seus primeiros segundos, para então uma bateria surgir e dar o tom de bate cabeça de volta, com Cristina levando todos com sua voz e Andrea soando mais a sua forma habitual, mas por poucos momentos, pois logo o clima bate cabeça reaparece e mais pescoços doloridos surgiram, a sensação de manicômio volta aqui.

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My Demons abre com a voz calma de Cristina, somente para nos preparar a porrada sonora vindoura. E mais uma vez somos agraciados por um refrão espetacular, que nos ganha fácil fácil e faz querer que a faixa rode mais e mais outra vez, e que solo lindo, simples, mas tão belo. E dale mais Cristina esmagando tudo com sua voz na mais bela forma. Outra candidata a possível melhor por aqui.

Claustrophobia lembra vagamente a faixa título em seu começo, mas logo as coisas mudam, e outra faixa espetacular da as caras, com refrão cantado por Andrea dessa vez,e mais um solo grudento e belo, vai ter inspiração assim lá longe. E vale por novamente como a presença do baixo faz real diferença no peso das canções, as vezes somos induzidos ao bate cabeça só pelo seu som.

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Ultima Radio por alguns momentos em todo seu peso, nos faz achar que estamos ouvindo uma música do Korn, e destaque novamente para as passagens em pedal duplo, rápidas e bem encaixadas, sem exageros, e bora pesar mais e mais, tá pouco ainda, nem vou falar de novo do solo e da ligação com a voz, pois é chover no molhado aqui. Live to Hell é mais um momentos de calmaria, onde muito se lembra o Evanescence, numa linha bastante melódica e de atmosfera carregada, mais uma bela faixa, a de cabeceira do disco, cantada somente por Cristina.

Breakdown nos encaminha para o final do disco, e de ótima forma, em ritmo de Soilwork, mais uma de trabalho impecável, cristalina em cada elemento encontrado ali, e vale ressaltar, que bela produção, pois mesmo sendo algo agressivo, a qualidade é absurda. Finalmente a faixa derradeira aparece, e da mesma forma de sua abertura, Bleed the Pain nos joga de cara no chão com tanto peso e melodia em seu refrão. Não havia melhor forma de encerrar a porrada, que trabalho foi feito aqui, e que belo a vontade de arriscar, de inovar, de mexer em fórmula certa. O disco que mais me causou surpresa em 2016. Ah se mais bandas tivesse a cara e coragem de jogar nessas condições...

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Sobre Marcio Machado

Estudante de história, apaixonado por cinema e o bom rock, fã de Korn, Dream Theater e Alice in Chains. Metido a escritor e crítico.
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