Anderson/Stolt: Retorno aos gloriosos dias do apogeu do Yes
Resenha - Invention Of Knowledge - Anderson/Stolt
Por Roberto Rillo Bíscaro
Postado em 30 de junho de 2016
Nota: 10 ![]()
![]()
![]()
![]()
![]()
![]()
![]()
![]()
![]()
![]()
Roine Stolt é figura-chave do prog sueco desde os anos 70, quando liderava o Kaipa. Em 94, criou o The Flower Kings, em atividade desde então e um dos líderes da cena prog mundial, juntamente com o Spock’s Beard, ex-banda de Neal Morse, que com Stolt é parte do multinacional supergrupo Transatlantic. A comunidade prog não é muito grande. O já 60tão Stolt é da escola sinfônica do prog rock de matriz anos setenta e uma de suas influências confessas e marcantes é o baluarte Yes.
Depois de ser demitido do Yes em 2008, o inglês naturalizado norte-americano Jon Anderson tem tido mais êxito artístico do que a banda que formou em 1968, com o falecido baixista Chris Squire. Sempre envolvido num projeto ou noutro, Anderson formou a APB, Anderson-Ponty Band, cujo álbum resultante, pode não ser obra-prima, mas é bem bom (link para resenha ao fim desta nota). Já o Yes, lançou o competente Fly From Here (2011), mas depois o imperdoavelmente insosso Heaven & Earth, cada um com um vocalista (links para resenhas ao fim desta nota). A despeito de Anderson ter demonstrado desejo de retornar ao Yes, Steve Howe parece estar feliz sem o baixinho, apelidado de Napoleão por seus colegas no auge do sucesso setentista.
Dia 24 de junho, saiu na Europa o álbum Invention Of Knowledge, colaboração entre a voz d’anjo de Anderson e a celestial guitarra de Roine Stolt. O projeto foi batizado progressivamente de Anderson/Stolt e é nocaute nos ex-companheiros do Yes, porque soa digno do período áureo da banda, entre 72-4.
As 9 faixas dividem-se em 3 suítes, respectivamente com 3, 2 e 3 canções cada e uma última faixa independente, a mais comprida música individual do álbum, com mais de 11 minutos. As suítes são de uma homogeneidade brilhante, recheadas de luxuosa orquestração, floreios de teclados e a lírica guitarra de Stolt, que ponteia as canções conduzindo-as por debaixo d’água e ocasionalmente emergindo para brincar na superfície, qual golfinho. Que seu timbre lembre os melhores momentos de Howe e que fãs do Yes reconheçam trechos reminiscentes de Close To The Edge, Relayer ou mesmo do primeiro solo de Anderson não significa que seja cópia, mas que a marca Yes é tão forte que virou traço de DNA. Stolt tem estilo próprio, mas foi influenciado pelo Yes, então, a sonoridade está lá. Ademais, quantos fãs de Jon Anderson não esperam serem transportados para os gloriosos dias do ápice?
De pouco adianta descrever as suítes e dizer que o início de We Are Truth tem clima indiano e que o final de Everybody Heals é jazzístico. O que importa é que Invention Of Knowledge é onda de prog sinfônico com todo o drama do subgênero e por isso colocará fanáticos de joelhos com as mãos para o céu agradecendo Jon e Roine.
A voz de Anderson está um pouco granulada, mas o cara tem 71 anos. Mesmo assim não dá pra reclamar; ele continua aquele anjão que perdoamos mesmo quando canta que "somos gloriosos" ou "vivemos verdadeiramente no paraíso" – ideias questionáveis para onças olímpicas em Manaus ou gays em Orlando. O timbre agudo da voz sobreposto ao agudo da instrumentação apenas soma ao clima Yes dos Primeiros Dias.
O senão fica com o começo da última canção, a independente. Parte de Know... parece demo. Como nossa apreciação das coisas se dá por comparação, a abundância dos arranjos das suítes destoa da escassez do início de Know... Mas, são apenas minutos, depois a canção se encorpa e assume tom sinfônico setentista. Quando ocorre a descarga de teclado analógico e Anderson faz um malabarismo vocal digno do perfeito Close To The Edge, os olhos marejam.
Em menos de 30 dias, o rock progressivo produziu dois grandes álbuns: dia 27 de maio, Folklore, do Big Big Train e 24 de junho, Invention Of Knowledge, de Anderson/Stolt. 2016 tem sido bom e esses dois álbuns já estão na lista de melhores do ano.
Tracklist
1. "Invention" (09:41)
2. "We Are Truth" (06:41)
3. "Knowledge" (06:30)
Knowing
4. "Knowing" (10:31)
5. "Chase and Harmony" (07:17)
Everbody Heals
6. "Everybody Heals" (07:36)
7. "Better by Far" (02:03)
8. "Golden Light" (03:30)
9. "Know…" (11:13)
Receba novidades do Whiplash.NetWhatsAppTelegramFacebookInstagramTwitterYouTubeGoogle NewsE-MailApps



Justin Hawkins (The Darkness) considera história do Iron Maiden mais relevante que a do Oasis
Show do System of a Down em São Paulo entre os maiores momentos do ano para revista inglesa
A banda de rock nacional que nunca foi gigante: "Se foi grande, cadê meu Honda Civic?"
Show do Slipknot no Resurrection Fest 2025 é disponibilizado online
A farsa da falta de público: por que a indústria musical insiste em abandonar o Nordeste
A música "complicada" do Pink Floyd que Nick Mason acha que ninguém dá valor
Novo álbum do Sleep Token é escolhido o pior do ano por tradicional jornal
Sleep Token ganha disco de ouro no Reino Unido com novo álbum
Cinco músicos brasileiros que integram bandas gringas
O vocalista que irritou James Hetfield por cantar bem demais; "ele continua me desafiando"
O músico que atropelou o Aerosmith no palco; "Ele acabou com a gente"
Max Cavalera afirma que Donald Trump o fez reativar o Nailbomb
O vocalista que o Black Sabbath deveria evitar, de acordo com Ozzy Osbourne
Atualização: 32 dos 34 citados em "Nome aos Bois", do Titãs, morreram
O último grito na Fundição Progresso: Planet Hemp e o barulho que vira eternidade

A maior linha de baixo do rock, para Geddy Lee; "tocaria com eles? Nem a pau"
David Gilmour revela quais as quatro bandas de prog rock que ele mais detesta
Rick Wakeman passa por cirurgia para implante de válvula no cérebro
"A maior peça do rock progressivo de todos os tempos", segundo Steve Lukather, do Toto
A música do Yes que Mike Portnoy precisou aprender e foi seu maior desafio


