Acabou Chorare: Rock e bossa em um disco para limpar a casa
Resenha - Acabou Chorare - Os Novos Baianos
Por João Pedro Andrade
Postado em 29 de novembro de 2015
Nota: 10 ![]()
![]()
![]()
![]()
![]()
![]()
![]()
![]()
![]()
![]()
Há umas duas semanas estava numa festa com uns amigos bebendo de bem com a vida, quando (para variar) o assunto descambou para... música! Sim, claro! Aquele barulhinho agradável que coloca os nossos sentimentos em high definition! Nessa ocasião, eu aprendi um termo novo muito interessante! "Disco de limpar a casa". E você me pergunta, amigo leitor, o que diabos é isso? Um disco que cheira a Pinho Sol? Não. Um "disco de limpar a casa" é um disco que se pode ouvir da primeira à ultima faixa sem pular nenhuma. Sabe o que eu estou dizendo? Aquela obra prima. Aquele disco que você ouve e sente que todas as músicas poderiam ser singles (aliás, você se questiona se, de fato, não foram).
Hoje nós vamos falar de um disco de limpar a casa, shall we?! Acabou Chorare, dos Novos Baianos.
Para os desavisados, Os Novos Baianos são um dos grupos musicais brasileiros mais importantes da década de 70. Já ouviu falar de Moraes Moreira, Baby do Brasil (ou Consuelo), Pepeu Gomes, Paulinho Boca de Cantor?! Pois é, são Os Novos Baianos.
Acabou Chorare (1972) é o segundo álbum do grupo e tem uma influência forte de João Gilberto e da bossa nova, mas, graças à guitarra hendrixiana de Pepeu, é um disco bastante roqueiro. Dúvida? Ouço o solo de "O Mistério do Planeta", em que a guitarra foi turbinada com capacitores retirados de uma tv que ninguém via. O lado bossa fica por conta da faixa título, com violão baixinho, o estilo copiado de João Gilberto e a relação do homem com a abelhinha que entrou em casa. Curioso é que João foi, reciprocamente, influenciado pela banda no seu disco de 1973, considerado o mais psicodélico de sua carreira. Outro destaque é "Brasil Pandeiro", faixa rejeitada de Carmen Miranda, escrita por Assis Valente, que infelizmente não viveu o suficiente para ouví-la nas vozes dos baianos. Essa evidencia o lado samba do disco. A mistura de cavaquinho, pandeiro e guitarra elétrica já tinha sido feita antes pelos Mutantes em "A Minha Menina", mas ninguém tinha ainda dedicado um disco à isso. "Samba naquela época era coisa só de universitário. Muito ruim, porque universitário não sabe fazer samba mesmo. Aí a gente nasceu anti-samba."
E o significa Acabou Chorare? Frase dita em que língua? Português de Portugal? Não, mas a história por trás é bonitinha! Estava a filha de João Gilberto, Bebel (na época, uma criança naquela fase quando elas são terríveis), brincando, quando se estabacou no chão e começou com aquele berreiro para o desespero do pai João. Acontece que a pequena acompanhava desde cedo o pai pelo mundo, tendo já morado nos EUA e no México, e se confundia entre as três línguas que ouvia. E quando o pai veio ao seu auxílio, exclamou na tentativa de acalmá-lo: "Não machucou, papai. Acabou Chorare." Junte a poética da frase ao momento político da época e estava batizado o disco e resumidos os ideais dos Novos Baianos. Chega de lágrimas, chega de tristeza, chega de repressão.
O disco foi eleito em 2007 pela revista Rolling Stone o maior disco de música brasileira de todos os tempos. E convenhamos que, sem a mistura de rock com música brasileira, o que seria de bandas com Los Hermanos, Mombojó, +2; cantores como CéU, Marcelo Jeneci e Vanessa da Mata. O cenário atual seria diferente.
Fortemente recomendado à pessoas felizes ou que queiram ficar felizes. Disse, certa vez, o argentino Astor Piazzolla, após ver uma apresentação do grupo, que jamais havia, ele, visto um grupo de músicos tão contentes em estarem tocando.
1. Brasil Pandeiro
2. Preta Pretinha
3. Tinindo Trincando
4. Swing De Campo Grande
5. Acabou Chorare
6. Mistério Do Planeta
7. A Menina Dança
8. Besta É Tu
9. Um Bilhete Pra Didi
10. Preta Pretinha
Receba novidades do Whiplash.NetWhatsAppTelegramFacebookInstagramTwitterYouTubeGoogle NewsE-MailApps



Baterista quebra silêncio e explica o que houve com Ready To Be Hated, de Luis Mariutti
O "Big 4" do rock e do heavy metal em 2025, segundo a Loudwire
O lendário guitarrista que é o "Beethoven do rock", segundo Paul Stanley do Kiss
A música que Lars Ulrich disse ter "o riff mais clássico de todos os tempos"
O álbum que define o heavy metal, segundo Andreas Kisser
Dio elege a melhor música de sua banda preferida; "tive que sair da estrada"
A banda que fez George Martin desistir do heavy metal; "um choque de culturas"
A icônica banda que negligenciou o mercado americano; "Éramos muito jovens"
Os shows que podem transformar 2026 em um dos maiores anos da história do rock no Brasil
Os onze maiores álbums conceituais de prog rock da história, conforme a Loudwire
We Are One Tour 2026 anuncia data extra para São Paulo
Os 11 melhores álbuns de metal progressivo de 2025, segundo a Loudwire
As 5 melhores bandas de rock de Brasília de todos os tempos, segundo Sérgio Martins
Como foi lidar com viúvas de Ritchie Blackmore no Deep Purple, segundo Steve Morse
O baterista que parecia inatingível para Neil Peart; "muito além do meu alcance"


"Fuck The System", último disco de inéditas do Exploited relançado no Brasil
Giant - A reafirmação grandiosa de um nome histórico do melodic rock
"Live And Electric", do veterano Diamond Head, é um discaço ao vivo
Slaves of Time - Um estoque de ideias insaturáveis.
Com seu segundo disco, The Damnnation vira nome referência do metal feminino nacional
"Rebirth", o maior sucesso da carreira do Angra, que será homenageado em show de reunião
Metallica: "72 Seasons" é tão empolgante quanto uma partida de beach tennis
Pink Floyd: The Wall, análise e curiosidades sobre o filme


