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Scorpions: Uma carreira de verdadeiros clássicos e hinos do Rock

Resenha - Return to Forever - Scorpions

Por Ricardo Pagliaro Thomaz
Postado em 08 de outubro de 2015

Nota: 8 starstarstarstarstarstarstarstar

Dois álbuns atrás, a banda alemã Scorpions anunciava a sua aposentadoria do mundo da música após o lançamento do disco Sting in the Tail (2010), causando muita comoção entre os fãs e admiradores. Após a Farewell Tour, no entanto, eis que eles aparecem com um novo álbum, Comeblack (2011), revisitando o seu próprio passado e regravando suas próprias músicas, assim como músicas de outros artistas que eles admiram. Achamos que este seria então o "bonus track" da carreira da banda. Agora, em 2015, somos agraciados com um novo álbum com a proposta de novamente, o Scorpions revisitar o seu passado, mas de uma forma diferente.

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É bom que se diga que a banda está cumprindo com a palavra de não produzir mais material novo em escala para os fãs; contudo, eles começaram a escarafunchar seus arquivos e acharam por lá, ideias inacabadas de músicas em estado bastante rudimentar de composição e instrumentação, da época de seus discos dos anos 80, mais exatamente os álbuns lançados de 1982 a 1990, que corresponde ao período que se inicia no disco Blackout (1982) e termina no disco Crazy World (1990); eram ideias que a banda acabou abandonando no meio do seu caminho. Havia também músicas que fizeram para trabalhos mais recentes, então eles resolvem pegar as fitas demo e revitalizar estas ideias para uma nova audiência.

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O trabalho consistiu em desde terminar as músicas que estavam inacabadas até verificar as músicas que eles tinham começado a gravar mas não terminaram, abandonando a ideia que tinham à época para o disco que iam lançar. Essas músicas então foram terminadas e finalmente inclusas neste álbum novo, Return to Forever. O guitarrista Matthias Jabs disse que a ideia era conservar o máximo possível do que haviam feito nos anos 80 com essas músicas e apenas acrescentar as partes líricas e de instrumentação que estavam faltando, para poderem conservar ao máximo o feeling dessas ideias antigas como foram concebidas à época; por fim, remixá-las com produção atual para parecerem mais com gravações modernas, mas sem tirar esse feeling antigo delas.

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O resultado? Muito legal. Claro, não são clássicos instantâneos, tem coisas aqui que você entende porque largaram à época, mas tem coisas que você fica tentando imaginar porque não entraram nos discos. Há as músicas novas, como "Going Out With A Bang" e "We Built this House", e quando eu digo novas, eu quero dizer inteiramente novas, feitas especialmente para este disco, em que a banda recupera aquele estilão anos 80 que tinham e ao mesmo refletem, nas letras, o caminho árduo que fizeram desde o começo até aqui. Agora, peguem a agitadíssima "Rock My Car", por exemplo... onde estava ela nos anos 80? Parece algo saído de Savage Amusement (1988)! Eu lembro que na época do disco a banda ainda era cheia desses refrõezinhos pegajosos e instantâneos, coisa linda de se ouvir!

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Outras coisas como a belíssima balada "House of Cards", a rápida "Rock 'N' Roll Band" e as totalmente oitentistas "Catch Your Luck And Play" e "Rollin' Home" são dignas de menção como potenciais clássicos que foram desperdiçados na época do auge da banda. Essas músicas possuem o DNA de sua época, isso é inquestionável, especialmente as duas últimas, eu posso até vê-las em comerciais de TV se bobear.

Outras dignas de menção são a bela "Eye of the Storm", escrita originalmente para o disco Humanity: Hour I (2007) e "Gypsy Life", escrita para o Acoustica (2001) e que fecha a versão normal do disco. Há extras também, se você for atrás da versão Limited Deluxe do álbum, terá porradas como a ótima "Dancing With The Moonlight" e a balada "Who We Are". Para finalizar, há "Delirious", que só está disponível pelo iTunes.

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Vamos rapidamente falar daquelas que eu achei mesmo que são sobras e que não fariam diferença se ganhassem a luz do dia ou não. "All for One" é uma delas. Acho que por ser mais pessoal eles resolveram colocar aqui, mas sinceramente, não senti a batida do Scorpions aqui. "Hard Rockin' The Place" também parece muito com uma sobra, assim como "The Scratch". São coisas que até tem um apelo maior hoje em um cenário musical que só valoriza lixos, mas não creio que na época iriam ser bem aceitas, se comparadas com todo o excelente trabalho que realizaram na época.

Mas eu consigo enxergar, mesmo com essas aparentes sobras, onde quiseram chegar com essas músicas. De forma geral, o novo disco se sai muito bem, nos presenteando com mais algumas "bonus tracks" da carreira da banda. E se este for o último disco mesmo do Scorpions, então já solto uma salva de aplausos aqui para Klaus Meine, Matthias Jabs, Rudolf Schenker e todos os integrantes que já fizeram parte do grupo, por uma carreira de verdadeiros clássicos e hinos do Rock que nos deixaram, eu tenho certeza que o Scorpions pode sair de cena tranquilo, sabendo que realmente construíram um legado aqui com seu Hard Rock sem igual. Valeu, Scorpions!

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Mas é claro... eu sempre mantenho a esperança que ainda vão voltar com mais alguma coisa. Para quem disse que já terminou a carreira, até que estão saindo bastante da aposentadoria, não é verdade? Então, eu permaneço atento, pelo menos por algum tempo. Mas, se não voltarem... VALEU! Pela música e pelas memórias.

Return to Forever (2015)
(Scorpions)

Tracklist:
01. Going Out with a Bang
02. We Built This House
03. Rock My Car
04. House of Cards
05. All for One
06. Rock 'n' Roll Band
07. Catch Your Luck and Play
08. Rollin' Home
09. Hard Rockin' the Place
10. Eye of the Storm
11. The Scratch
12. Gypsy Life
Faixas da versão Limited Deluxe Edition:
13. The World We Used to Know
14. Dancing with the Moonlight
15. When the Truth Is a Lie
16. Who We Are
Faixa da versão do iTunes:
17. Delirious
Material extra da versão do iTunes:
- We Built This House (Lyrics Video)
- Return to Forever: a entrevista
- Return to Forever - Generic Interview (English)

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Selos: Sony Music Germany / New Door/UME (EUA)

Scorpions é:
Klaus Meine: voz
Matthias Jabs: guitarra, back vocal
Rudolf Schenker: guitarra rítmica, back vocal
Paweł Mąciwoda: baixo, back vocal
James Kottak: bateria, back vocal

Discografia anterior:
- Comeblack (2011)
- Sting in the Tail (2010)
- Humanity: Hour I (2007)
- Unbreakable (2004)
- Eye II Eye (1999)
- Pure Instinct (1996)
- Face the Heat (1993)
- Crazy World (1990)
- Savage Amusement (1988)
- Love at First Sting (1984)
- Blackout (1982)
- Animal Magnetism (1980)
- Lovedrive (1979)
- Taken by Force (1977)
- Virgin Killer (1976)
- In Trance (1975)
- Fly to the Rainbow (1974)
- Lonesome Crow (1972)

Site oficial: www.the-scorpions.com

(Para mais informações sobre música, filmes, HQs, livros, games e um monte de tralhas, acesse também meu blog:
http://www.acienciadaopiniao.blogspot.com.br)

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Sobre Ricardo Pagliaro Thomaz

Roqueiro e apreciador da boa música desde os 9 anos de idade, quando mamãe me dizia para "parar de miar que nem gato" quando tentava cantarolar "Sweet Child O'Mine" ou "Paradise City". Primeiro disco de rock que ganhei: RPM - Rádio Pirata ao Vivo, e por mais que isso possa soar galhofa hoje em dia, escolhi o disco justamente por causa da caveira da capa e sim, hoje me envergonho disso! Sou também grande apreciador do hardão dos anos 70 e de rock progressivo, com algumas incursões na música pop de qualidade. Também aprecio o bom metal, embora minhas raízes roqueiras sejam mais calcadas no blues. Considero Freddie Mercury o cantor supremo que habita o cosmos do universo e não acredito que há a mínima possibilidade de alguém superá-lo um dia, pelo menos até o dia em que o Planeta Terra derreter e virar uma massa cinzenta sem vida.
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