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Viper: O ilustre retorno do filho pródigo registrado em CD

Resenha - To Live Again: Live in São Paulo - Viper

Por Ricardo Pagliaro Thomaz
Postado em 01 de outubro de 2015

Nota: 10 starstarstarstarstarstarstarstarstarstar

Ótimas notícias para quem curte o bom e velho metal brazuca lá dos primórdios! O Viper, este ano, lança em CD o seu show gravado lá em 2012. A apresentação já havia saído em DVD em 2013, mas para comemorar os 30 anos de banda, o Viper resolveu disponibilizar o CD também, e o que é melhor: com o ilustre retorno do filho pródigo! Sim, André Matos (ex-Angra, ex-Shaman) retornou à banda há alguns anos atrás e desde então vem fazendo turnês com sua primeira banda de carreira e cantando os clássicos do grupo, para a alegria de todos.

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O Viper, até mesmo (mas nem sempre) por culpa deles mesmos, veio passando por períodos atribulados durante o passar dos anos. Fizeram dois álbums com um ainda jovem André Matos, lá pelos idos do final dos anos 1980, Soldiers of Sunrise (1987) e o grande clássico do metal brasileiro Theatre of Fate (1989); depois Matos saiu da banda para formar o Angra e o baixista Pit Passarell assumiu os vocais do grupo, o que se mostrou um equívoco dos grandes, especialmente em relação ao material antigo, apesar de terem feito uma coisa boa ou outra no álbum Evolution (1992), já com Passarell cantando.

Fizeram mais dois discos, Coma Rage (1994) e Tem Pra Todo Mundo (1997) e um mini-álbum, Vipera Sapiens (1993) dessa forma, e depois a banda acabou, porque eles foram mudando o seu gênero musical. De uma banda de metal, passaram para uma banda punk e depois para uma banda pop-rock, estilo um Legião Urbana mais capenga, com letras bem bobas. Até fizeram o último disco em português, para completar a massaroca. De 1996 a 2007 ficaram meio desativados, até que resolveram que haviam aprendido a lição de seus fracassos passados e retornado com um novo álbum de heavy metal, All My Life (2007).

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E deixa eu fazer um adendo aqui, pessoal: nada contra o punk e o pop-rock, eu mesmo curto algumas bandas desses gêneros, mas imagina que de repente você visse o Eric Clapton começar a cantar death metal estilo Children of Bodom? Você concorda que tem que começar a questionar as pessoas quando isso acontece, certo? É claro que sim! Além do mais, o disco de pop rock do Viper era vergonhoso, nem dava para defender algo alí. Talvez tivessem feito isso porque eram uma das únicas bandas de rock brasileiras que tinham alguma projeção internacional mais significativa na época além do Sepultura, embora o Angra e o Dr. Sin tivessem começado a dar as caras nos anos 90, e quiseram inovar de alguma forma, mas mesmo assim, não justifica. Eu curto o grupo e considero demais os caras, mas a gente tem que ser mais crítico nessas horas.

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Enfim, o retorno do Viper em 2007 à música pesada e às letras em inglês que os consagrou, agora com o vocalista Ricardo Bocci, rendeu a eles alguma publicidade e visibilidade no exterior, mas o álbum era bem mais ou menos, pelo menos pra mim, eu escutava e falava "meu, esses caras já foram muito melhores lá no início". Não havia no All My Life uma música sequer que eu saía cantarolando, uma melodia que se tornasse memorável, apesar do disco ser bem executado e muito, mas muito melhor do que os dois últimos trabalhos deles.

Mas foi um canal que permitiu ao Viper recuperar o prestígio que havia perdido lá atrás, mexendo com os sentimentos nostálgicos de muitos fãs que sabiam as letras de "Living for the Night" de cor e salteado, mesmo sem dois de seus membros mais importantes, André Matos e o guitarrista Yves Passarell que passou a integrar o Capital Inicial. Enfim, desde esse retorno às raízes, o Viper vem excursionando por aí, porém sem lançar nada de novo. Agora, em 2015, com o retorno de Matos e a inclusão do guitarrista Hugo Mariutti (ex-Shaman, André Matos), a banda resolve lançar este ao vivo com performances avassaladoras e sensacionais das músicas de seus primeiros dois álbuns, que são ainda os mais importantes de sua carreira.

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E o show? Emocionante! Muito bom mesmo, contando com uma banda revigorada e disposta a tocar seu heavy metal sem reservas. Bom também foi não precisar escutar a voz do Pit que somente tocou seu baixo e grunhiu uma frase ou duas, o que significa que finalmente ganhamos registros ao vivo decentes destes clássicos, uma vez que o único ao vivo que a banda lançou em sua carreira foi o show Live: Maniacs in Japan (1993), onde as músicas saem todas atropeladas, com performances medíocres e com o vocal nada expressivo de Passarell.

Destaques aqui mais do que merecidos para "Nightmare", com o coro animadíssimo da plateia, "Soldiers of Sunrise" que ganhou uma versão sublime, a ótima "A Cry from the Edge" que teve até corinho da plateia na introdução, emocionante!

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Também é mais do que digna de menção a performance emocionada e sensacional de "Living for the Night", que quando a gente compara com a péssima versão ao vivo de 1993, dá até um solavanco no coração! A plateia toda animada, cantando em coro a letra da música junto, que show! A banda, inspiradíssima, com Matos arrebentando nos vocais e a banda toda em arranjos fenomenais. Demorou, mas finalmente ganhamos uma versão nota 10 ao vivo da música.

E como se isso já não fosse o bastante para quase fazer o fã derramar lágrimas, logo em seguida a banda toca "Prelude to Oblivion". Acho que a plateia derreteu nessa hora ao ouvir os arranjos clássicos da música! As duas últimas faixas são a versão sublime de "Moonlight", que André fez na época do segundo disco, baseado na música de Beethoven e uma performance com André nos vocais da música "Rebel Maniac", que originalmente era cantada por Pit. O vocalista até considera o material que a banda fez após sua saída, mas creio que o mais longe que a gente pode ir na discografia do Viper para não causar a divisão dos fãs e quebrar o clima é o terceiro disco do grupo.

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Agora, após apresentações fantásticas como essa, que a banda vem promovendo até hoje (tocaram na Virada Cultural deste ano), creio que o melhor passo que a banda possa dar, aproveitando aí a volta de André e a chegada de um super guitarrista como Hugo Mariutti, é nos presentear com um novo álbum, não é mesmo? Eu acredito que sim. Um álbum digno e que dê continuidade ao que a banda estava fazendo nos primeiros dois álbuns. Seria uma forma ótima de mostrarem que realmente voltaram. No mais, eu mais do que recomendo este lançamento e aguardo os próximos passos do Viper.

To Live Again: Live in São Paulo (2015)
(Viper)

Tracklist:
01. Knights of Destruction
02. Nightmares
03. Wings of The Evil
04. H.R.
05. Soldiers of Sunrise
06. To Live Again
07. A Cry From The Edge
08. Living For The Night
09. Prelude To Oblivion
10. Act One
11. Theatre of Fate
12. Moonlight
13. Rebel Maniac

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Selo: Wikimetal Music

Viper é:
André Matos: voz e teclados
Felipe Machado: guitarra
Hugo Mariutti: guitarra
Pit Passarell: baixo
Guilherme Martin: bateria

Discografia anterior:
- All My Life (2007)
- Tem Pra Todo Mundo (1996)
- Coma Rage (1994)
- Maniacs in Japan (1993) - ao vivo
- Vipera Sapiens (1993) - EP
- Evolution (1992)
- Theatre of Fate (1989)
- Soldiers of Sunrise (1987)

Facebook oficial: www.facebook.com/viperbrazil
Wikimetal site: www.wikimetal.com.br

(Para mais informações sobre música, filmes, HQs, livros, games e um monte de tralhas, acesse também meu blog:
acienciadaopiniao.blogspot.com.br)

Nota: 10

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Sobre Ricardo Pagliaro Thomaz

Roqueiro e apreciador da boa música desde os 9 anos de idade, quando mamãe me dizia para "parar de miar que nem gato" quando tentava cantarolar "Sweet Child O'Mine" ou "Paradise City". Primeiro disco de rock que ganhei: RPM - Rádio Pirata ao Vivo, e por mais que isso possa soar galhofa hoje em dia, escolhi o disco justamente por causa da caveira da capa e sim, hoje me envergonho disso! Sou também grande apreciador do hardão dos anos 70 e de rock progressivo, com algumas incursões na música pop de qualidade. Também aprecio o bom metal, embora minhas raízes roqueiras sejam mais calcadas no blues. Considero Freddie Mercury o cantor supremo que habita o cosmos do universo e não acredito que há a mínima possibilidade de alguém superá-lo um dia, pelo menos até o dia em que o Planeta Terra derreter e virar uma massa cinzenta sem vida.
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