P.O.D.: A banda de sempre, só que mais madura
Resenha - Awakening - P.O.D. - Resenha e interpretação
Por João Victor Martins Ruyz
Postado em 27 de setembro de 2015
Nota: 10
A banda de sempre, só que mais madura; um álbum conceitual; uma produção impecável - atenta aos mínimos detalhes - e instrumentos perfeitamente em sintonia: Os quatro rapazes de "Snuff The Punk" mostram, mais uma vez, que o tempo lhes é um excelente aliado e, depois de mais de 20 anos de carreira, apresentam seu melhor trabalho.
Logo na primeira música, temos uma longa introdução que nos remete aos tempos atuais. Há dos mais diversos tipos de sons mesclados. Desde pregações religiosas, discursos na mídia e conflitos sociais. Todos com um toque apocalíptico. Uma representação do que se tem hoje no mundo.
Um pesado riff de guitarra acompanha a intro por quase dois minutos, para enfim a canção ter início. Nos deparamos primeiramente com o refrão (um dos melhores do CD), que carrega um som ao fundo que lembra uma brisa/um nevoeiro. Como se o personagem da capa do álbum fosse o personagem que canta a música – e cantasse-a no exato cenário da arte mostrada.
"Estou acordado ou isto é apenas um sonho?", é a pergunta feita nesse momento.
Ao redor desta neblina onde se encontra existem os barulhos do "mundo" (a introdução da música) mas, enquanto se questiona sobre si mesmo, não os ouve.
No fim da canção toca-se um alarme. Podemos entender isto como "é chegada a hora de despertar".
This Goes Out To You, desde seu lançamento semanas antes do álbum, além da qualidade, mostrou-se com um potencial absurdo para os shows. Bem provável que tenha um peso semelhante ao que Murdered Love teve na turnê passada. Ao vivo soará como Alive ou Youth Of The Nation. Se lançada anos antes, os fãs diriam ser um dos grandes clássicos da banda. Provavelmente não dirão hoje, mas ela é.
"Ao longo desses anos você foi minha inspiração".
Essa é a única música de The Awakening que fala diretamente sobre fé – o faz em forma de gratidão.
"Você é minha fundação. Minha grande relevação. Uma nova revelação...". Em seguida, Sonny Sandoval abre mão de definir a si mesmo, para oferecer a canção à sua fonte de fé: "E eu... eu... eu... Ei! Você! Esta canção vai para você!" (seria algo como: "não importa quem sou, esta canção que fiz vai para você!").
No fim da música, o personagem está terminando de escrever uma carta, falando sobre saudade e medo de não conseguir seguir em frente (dá-se a entender que o cantado em This Goes Out To You aconteceu em seu passado – no presente, ele deixou de seguir aquele caminho). Depois, recebe uma ligação misteriosa...
Rise of NWO começa com o que seria o caos. A Nova Ordem Mundial (New World Order).
Controle de população, magia negra, profecias, e política em geral, são alguns dos temas que aparecem ao decorrer da letra, além de sons de tiros (violência).
Apresenta um dos riffs - e melodia - mais agressivos do álbum. A vibe apocalíptica ressurge intensamente aqui.
"Você está pronto para o surgimento... de uma nova ordem mundial?"
Em Criminal Conversations, Maria Brink, de In This Moment, faz um belo dueto nos vocais. "Conversas criminosas" diz respeito a falta de compromisso e refúgios. A música começa com uma ligação adúltera: O personagem liga para sua amante, perguntando se esta foi a responsável por uma ligação que ele recebeu antes (a ligação do fim de This Goes Out To You). Durante a conversa, ele a ouve dizendo ao marido que ama-o. O personagem então se depara com o fato de que seu amor está com o coração de uma mulher "inalcançável". Ele reconhece o erro e tenta desligar o telefone, mas ela lhe assegura que o fará se sentir melhor... então o riff inicial aparece.
"Sei que seu coração não tem lar em ninguém, então vamos nos aproveitar..."
A música se trata a partir da visão do amante, que "vive uma mentira". Em um mundo que se encontra em tamanha turbulência, aceitar o amor de quem não retribui-o de fato, seria algum tipo de solução. O que restou.
Somebody Is trying to kill me: O diálogo inicial ocorre sobre um som que lembra o coral de uma igreja. "Se eu soubesse que você queria me encontrar aqui, eu nunca teria vindo" diz um personagem, a um segundo. Logo em seguida ele já surta, crendo que alguém quer lhe matar. "Estou te dizendo, cara, alguém está tentando me matar!"
A música fala sobre paranoia. Enxergar perigo onde não há. O vocal de Sonny continua em excelente forma. O instrumental dela é bem acentuado e cria um clima bem peculiar.
Uma metáfora para o personagem que percebe estar querendo - no sentido figurado - se matar.
"Alguém está tentando me matar ou isto é coisa da minha cabeça?"
Mas ao mesmo tempo, reluta em libertar-se de si mesmo: "I don’t wanna die, I don’t wanna die..."
Get Down não só mantém a agressividade da anterior mas a multiplica, e é a música de mais peso no álbum.
"E o mundo todo está assistindo, o que você vai fazer agora. O mundo todo está ouvindo. Abaixe-se! Ninguém se mexe! Isto é uma guerra e te digo que é melhor se afastar."
"Todo mundo rindo. O que você dirá agora?"
A vida do personagem chegando a um ponto em que cada vez mais se torna difícil ter liberdade.
Speed Demon faz jus ao título e é totalmente acelerada. Em certa hora, lembra algo de Rev Theory.
Começa com um assalto de carro (uma tentativa extremista de alcançar a tal liberdade perdida em "Get Down"). Uma decisão feita simplesmente por necessidade, sem consenso entre ser algo "certo" ou "errado".
"Saia do meu caminho, pois você se movimenta muito devagar."
"Estou no limite... Não se preocupe, esta é minha vida, vida rápido, morra jovem...não me preocupo sobre isso... estou no limite, indo direto para a morte..."
No fim ele bate o carro e acaba indo para a cadeia.
Want it All é quase um "jazz-new metal". Excelente balada. Mantém a marca POD, mas se difere de tudo que já criaram até então. Começa com ele indo embora da prisão - supõe-se que após cumprir a pena.
"Por que eu quero isso tudo?"
O personagem finalmente começa a se questionar sobre o que anda fazendo. Mesmo que tenha precisado quase morrer para isso (fato que simboliza o começo de um renascimento).
"FAÇA O QUE VOCÊ QUISER."
"SE ENTREGUE."
Revolución lembra um pouco a Without Jah Nothing: Um rock explosivo que subitamente se torna um reggae.
No meio daquele mundo em conflito apresentado, o personagem declara uma revolução para consigo mesmo.
The Awakening começa com Deus perdoando o pecador das outras canções:
Uma criança chora e diz que o faz porque não consegue encontrar o pai. É, na verdade, uma conversa interior travada pelo personagem que já conhecemos: Ele pergunta para si mesmo, o motivo de sua tristeza. Seu lado inocente/criança/puro, finalmente admite que "perdeu o pai e queria encontrá-lo". Neste momento esse pai aparece, "filho, eu estava te procurando".
Temos então uma introdução de fundo.
"Veja só, o filho pródigo voltou", alguém zomba. "Você é a última pessoa que eu pensaria encontrar aqui", continua. "Bem, acho que você veio para se despedir, estou certo? Certeza que você está chateado por eu não estar morto ainda. Você veio aqui para dizer o quanto me odeia e como não me suporta? Entendi... arruinei sua vida, não é mesmo? Fale, garoto! Não tem nada para dizer?"
Então o personagem responde: "Você sabe o quão difícil foi para mim vir aqui hoje? Levando em conta toda a dor pela qual você me fez passar... apenas vim aqui dizer: eu te perdoo."
Podemos entender esse diálogo como sendo do personagem para consigo mesmo ou, digamos, seu passado.
[an error occurred while processing this directive]Antes do rompimento para seguir em frente, o passado tentou fazer o personagem manter um sentimento de ódio. Tentou provocá-lo de todas as maneiras, mas ele não caiu na "armadilha" e conseguiu liberar-se o perdão. Assim, pôde seguir em frente.
"Usarei este momento... deixarei estes sentimentos para trás... meus olhos estão abertos"
A melhor música do CD. Parece um hino. Começa com uma introdução que figuraria em algum top 10 de melhores intros da carreira da banda. Uma sutileza incrível que por fim dá lugar ao riff marcante de Marco Curiel.
"Meus olhos estão abertos... posse sentir a mudança".
O personagem acordou não quando se deu conta de estar "acordado", mas quando deixou o que costumava ser para trás. E mudou, quando se perdoou.
A pergunta "estou acordado?" deu lugar para "o grande despertar".
"Segure minhas mãos e toque a face de Deus..."
Obs: Texto feito por um cara nada cristão.
Tracklist:
1."Am I Awake"
2."This Goes Out to You"
3."Rise of NWO"
4."Criminal Conversations" (featuring Maria Brink of In This Moment)
5."Somebody's Trying to Kill Me"
6."Get Down"
7."Speed Demon"
8."Want It All"
9."Revolución" (featuring Lou Koller of Sick of it All)
10."The Awakening"
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