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Lamb Of God: Um dos melhores trabalhos da banda

Resenha - VII: Sturm und Drang - Lamb of God

Por João Paulo Linhares Gonçalves
Postado em 23 de setembro de 2015

Vinte e quatro de maio de 2010. Parecia ter sido apenas mais um show da turnê europeia promovendo o álbum "Wrath", mas acabou marcando a vida do vocalista Randy Blythe e do Lamb Of God. Pouco mais de dois anos depois, em junho de 2012, quando a banda retornava à República Tcheca para mais um show, de outra turnê, do álbum "Resolution", uma surpresa desagradável aconteceu: Randy foi preso ao desembarcar no aeroporto, acusado da morte de um fã que teria sido empurrado do palco pelo vocalista. Após um mês e alguns dias na prisão, Randy foi lberado sob fiança e prometeu retornar para o julgamento. Retornou, sendo absolvido em março de 2013. Toda essa "aventura" custou muita grana para a banda, que teve que pagar a defesa do vocalista (chegaram a declarar que esgotaram suas reservas financeiras). A banda encerrou seu ciclo de turnês e Randy resolveu tirar um longo tempo de férias, para refletir sobre todos esses acontecimentos - acabou escrevendo um livro.

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No final de 2014, o Lamb Of God retornou à atividade, tocando alguns poucos shows e entrando em estúdio para gravar mais um disco. Escolheu trabalhar com o mesmo produtor dos dois últimos álbuns, Josh Wilbur. A banda acabou seu relacionamento com a gravadora Roadrunner e escolheu distribuir o disco internacionalmente pela gravadora Nuclear Blast (nos EUA, continuaram com a Epic). E nem parece o sétimo álbum de estúdio deles, tamanha a intensidade e determinação das composições, muito bem trabalhadas e azeitadas. Tecnicamente impecável, com um trabalho de guitarras impressionante, cortesia da dupla Mark Morton / Willie Adler. Um dos melhores trabalhos da banda, chegando muito perto de seus melhores lançamentos.

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Logo na abertura, com "Still Echoes", você ganha uma amostra da intensidade do álbum em uma canção poderosa (uma das melhores de todo o disco), com Chris Adler mostrando porque Dave Mustaine o contratou para o Megadeth. Destaque também para a letra falando da prisão onde Randy ficou - um local que foi utilizado pelos nazistas para matar milhares, com uma guilhotina. "Erase This" vem a seguir com um riff cortante e a técnica e entrosamento impecáveis da banda são evidentes. Já "512" tem um começo mais cadenciado, vocal falado, voltando rapidamente aos gritos de Blythe, com a melodia do refrão bem marcante e um solo excelente. Mais uma letra inspirada no tempo do vocalista na prisão - 512 era o número de sua cela. "Embers" não traz só o vocal sereno de Chino Moreno, mas pitadas de influência sonora dos Deftones vem junto. "Footprints" é um daqueles petardos supersônicos que te fazem sair batendo cabeça como um louco, impressionante a intensidade desta canção, com certeza é outro destaque do álbum.

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"Overlord" traz um vocal limpo e tranquilo de Randy (lembrando Phil Anselmo no Pantera em alguns momentos), uma canção lenta que pesa bastante no refrão e acelera do meio para o final, levando a locomotiva de volta a sua velocidade habitual - tem tudo para se tornar um futuro clássico da banda, como "Cemetery Gates" se tornou para o Pantera e "Fade To Black" para o Metallica. A faixa "Anthropoid" traz de volta a banda em sua pegada ultra acelerada, com letra falando sobre o açougueiro de Praga, Reinhard Heydrich (aqui mais uma letra inspirada no tempo de prisão, desta vez explorando a história da cidade; Heydrich executou diversos opositores ao regime nazista em Praga, usando a guilhotina citada acima, que ficava na prisão onde Randy ficou). E a pegada consegue acelerar para uma ordem de grandeza acima, ainda com extrema qualidade, na excelente "Engage The Fear Machine". "Delusion Pandemic" dá uma derrapada no começo, mas depois se recupera e mantém a qualidade. Pra encerrar, "Torches" mantém a pegada forte, sem deixar a peteca cair nem um segundo sequer.

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Para quem comprar a edição brasileira do álbum (a Nuclear Blast tem lançado muitos de seus títulos no Brasil, com um novo acordo de distribuição com a Voice Music), temos duas faixas bônus: "Wine & Piss" começa lenta, vocal falado, e o bicho pega no refrão, outra boa faixa. "Nightmare Seeker (The Little Red House)" é mais intensa ainda, tornando a versão nacional uma boa opção para os fãs.

Um álbum intenso, composições fortes, tecnicamente perfeito, reiterando que o Lamb Of God quer disputar o espaço que as grandes bandas das antigas estão deixando em aberto ao se aposentarem. O álbum repetiu o desempenho dos anteriores, chegando ao Top 5 da parada norte-americana (terceiro lugar, mesma posição que "Resolution" alcançou). É cedo para afirmar que este será um dos melhores lançamentos do ano, pois muita coisa boa está para ser lançada. Entretanto, a briga vai ser boa, e Randy Blythe e companhia já tiveram uma largada e tanto. Quem terá força para alcançá-los? Acompanhe os posts futuros do blog pra conferir!

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Relação das músicas:
1 - "Still Echoes"
2 - "Erase This"
3 - "512"
4 - "Embers" (participação de Chino Moreno, do Deftones)
5 - "Footprints"
6 - "Overlord"
7 - "Anthropoid"
8 - "Engage The Fear Machine"
9 - "Delusion Pandemic"
10 - "Torches" (participação de Greg Puciato, do Dillinger Escape Plan)
Faixas bônus:
11 - "Wine & Piss"
12 - "Nightmare Seeker (The Little Red House)"

Nota: 8,5

Alguns vídeos:

"Still Echoes":

"512":

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"Overlord":

"Erase This":

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"Embers":

Confira esta e outras resenhas no blog Ripando a História do Rock - http://ripandohistoriarock.blogspot.com.br/. Um abraço rock and roll e até a próxima!!

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Sobre João Paulo Linhares Gonçalves

Roqueiro convicto, de carteirinha, desde os treze anos de idade. Já tive diversas bandas preferidas: de Iron Maiden, Metallica e Black Sabbath a The Who, Pink Floyd e Rolling Stones. O heavy metal sempre me atraiu muito, mas o rock praticado nos anos 60 e 70 é fascinante e estou sempre escutando. De vez em quando, dou chance ao punk, rock alternativo, blues, até ao jazz e MPB, pra variar.
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