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Kate Bush: Releitura Genial da Própria Obra

Resenha - Director's Cut - Kate Bush

Por Roberto Rillo Bíscaro
Postado em 21 de agosto de 2015

Nota: 10 starstarstarstarstarstarstarstarstarstar

A única turnê de Kate Bush durou apenas 6 semanas (recentemente ela lotou um teatro em Londres por semanas, mas não foi turnê). Para promover o álbum de estreia e provar que não era outra marionete no mundo pop, a cantora montou um show visual e tecnologicamente ambiciosos para a época. A 14 de maio de 1979, porém, anunciou que jamais cairia na estrada novamente. Exaustão, medo de voar, aversão à exposição e publicidade excessivas e a morte de um engenheiro de som têm sido argumentos explicativos para essa decisão tão pouco usual no mundo do rock, movido à promoção. Quaisquer que tenham sido as razões, a britânica optou por se trancafiar em estúdios e produzir álbuns e vídeos recebidos de joelhos por críticos e um público fiel. Aparições apenas estritamente necessárias para a promoção de novo material. Apresentações ao vivo em programas de TV ou participações especiais em shows, poucas.

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O espaço de lançamento entre um álbum e outro aumentava. Obcecada por perfeição, Kate gravava e retrabalhava meticulosamente cada trecho das canções. Entre 93 e 2005, a artista ficou em silêncio, concentrando-se em sua vida privada, tendo um filho, Bertie. Personalidade tão reclusa sempre gerou rumores inúmeros como alcoolismo e distúrbios mentais. Dizem até que estudou o modo de comunicação dos golfinhos. Vai saber...

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Em maio de 2011, Kate lançou Director’s Cut, onde regravou algumas canções de The Sensual World (1989) e The Red Shoes (1993). A divulgação da regravação de Deeper Understanding no You Tube, no início de abril, dividira fãs e deixou os mais puristas (e desatualizados) de cabelo em pé: Kate Bush estava usando Auto-Tune! Ora, a canção fala sobre uma pessoa cuja única ligação com o mundo é o computador e o recurso de tratamento vocal aparece após o verso "I press execute". Uma coisa é usar Auto-Tune como Jessie J, outra bem diferente é utilizá-lo quando contribui formalmente com a canção.

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A tônica de Director’s Cut é despir os originais de elementos orquestrais e sintetizadores. A produção mais pesada, característica da década de 80, deu lugar a arranjos orgânicos que permitem maior respiração às melodias. Menos é o novo mais para a Kate Bush madura. Song of Solomon ganhou delicadeza que valoriza a canção e os vocais e permite que as portas do paraíso se abram de verdade quando o Trio Bulgarka faz sua participação arrepiante. Tirado o glacê da produção, Lily continua musculosa e a voz de Bush incandesce na letra que traz uma imagem poderosa: a cantora em meio a um círculo de fogo, protegida pelos arcanjos Gabriel, Miguel, Rafael e Uriel.

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Não se trata de dizer se as canções ficaram melhores ou piores; ficaram diferentes. Moments of Pleasure transformou-se em uma elegia ao som de piano, muito mais lenta do que o original já desacelerado e emoldurado por orquestração luxuosa. A adição de um coral meio em tom natalino deu outro tipo de esplendor à faixa. Modos distintos de experimentar o sublime.

The Sensual World foi rebatizada como Flower of the Mountain porque Bush finalmente conseguiu permissão para utilizar o solilóquio de Molly Bloom, que aparece no final do Ulysses, de James Joyce. Oui, mes amis, Kate Bush é cult(a)! Seu registro vocal mais maduro e quente, combinado com a melodia fluida e algo orientalizada continua despertando desejos de sair deslizando por uma floresta, como no clipe original.

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The Red Shoes e sua letra alertando acerca dos perigos de se obter o que se deseja não perdeu nada de sua telúrica força folk. Pelo contrário. Quando Bush grita "really happening to you" dá uma baita vontade de calçar os mágicos sapatos vermelhos e circundançar celtas fogueiras em noites plenilunares de verão pré-medieval até o calçado gastar.

A mudança mais radical fica por conta de Rubberband Girl. Os elementos de funk eletrificado e os vocais cristalinos do original foram substituídos por um clima de pub londrino esfumaçado da década de 60. Puro Stones e Kinks!

Hora de uma confissão: quando ouvi Director’s Cut pela primeira vez deixei This Woman’s Work para o final. Pulei a faixa. Tinha medo da comparação com o original orquestrado e dramático. O clipe e a canção estão entre meus favoritos de todos os tempos. Ouvi a nova versão à noite, deitado. A orquestração foi substituída pelo que soa como um piano elétrico e a interpretação está mais etérea, como os arranjos. Lembrei-me da morte que ronda o vídeo e acho que entendi a nova roupagem. Tia Kate simplesmente conseguiu compor a trilha sonora para uma daquelas experiências de quase morte! Se o flutuar em paz, em direção a uma luz branca – mencionado por tanta gente – tiver música de fundo, esta foi capturada por Bush. Novamente, outra forma de experienciar o sublime.

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Director’s Cut traz a artista se reinventando sem alarde e até no título provando que quem manda em sua carreira é ela. Exemplo de independência e integridade artísticas.

Tracklist

1. "Flower of the Mountain"
2. "Song of Solomon"
3. "Lily"
4. "Deeper Understanding"
5. "The Red Shoes"
6. "This Woman's Work"
7. "Moments of Pleasure"
8. "Never Be Mine"
9. "Top of the City"
10. "And So Is Love"
11. "Rubberband Girl"

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Sobre Roberto Rillo Bíscaro

Roberto Rillo Bíscaro é professor universitário e edita o Blog do Albino Incoerente desde 2009.
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