Tuatha de Danann: Sejam bem vindos de volta!
Resenha - Dawn of a New Sun - Tuatha de Danann
Por Luis Fernando Ribeiro
Postado em 21 de junho de 2015
A primeira banda de metal a gente nunca esquece. Curiosamente a minha foi o TUATHA DE DANANN, a qual fui apresentado no já longínquo ano de 2002, em uma fita K7 com gravações de 'Finganforn', 'The Dance Of The Little Ones', 'Us', entre outras. Foi amor a primeira vista. O som inusitado, bem elaborado e cheio de novos elementos surpreendeu um cara que só ouvia RAMONES e RAIMUNDOS. Fui atrás de tudo relacionado a banda e consumi com gana os poucos discos lançados até então.
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Em 2004 fui presentado com 'Trova di Danú', melhor disco da banda até então, na minha opinião. No ano de 2009 os vi pela primeira vez ao vivo, no festival catarinense de Heavy Metal 'River Rock' e a paixão pela música dos caras só aumentava. Porém, a partir de 'Trova di Danú' passaram-se 11 anos sem nenhum lançamento com inéditas. A agonia dos fãs podia ser enganada com discos do BRAIA, TRAY OF GIFT e KERNUNNA, mas nada que se aproximasse da genialidade do TUATHA.
Após tanto tempo de espera, tive a felicidade de noticiar aqui no Whiplash.net o lançamento de duas músicas inéditas da banda (Clique aqui) que constariam no novo disco. Estava acompanhado de um amigo ao ouvir pela primeira vez "We're back" e "Dawn of a new sun", e ambos ficamos empolgados com as expectativas do que viria pela frente, os caras estavam de volta e mostrando que a banda ainda têm muito por fazer.
Provindo de Minas Gerais, berço de bandas pioneiras como o SEPULTURA, o TUATHA DE DANANN se destacou por misturar elementos diversos de música folk ao peso do Heavy Metal e se tornar a maior banda brasileira do gênero, chegando a se apresentar no Wacken Open Air, maior festival de Heavy Metal do mundo.
Chegando aos dias atuais, com o CD já em mãos, aprecio cada detalhe, desde a bela capa, aos nomes das músicas e suas letras, mas principalmente as canções, que como sempre surpreendem pela beleza, criatividade, elaboração e por mostrar uma banda renovada, mesmo que mantendo todos os elementos que os consagraram, coisas que poucas bandas conseguem fazer de forma convincente. A formação atual conta com Bruno Maia (Vocais, Guitarra, Flautas, Tin e Low Whistles, Banjo, Bandolim e Bouzouki), Rodrigo Berne (Guitarra, Violões, Vocais), Giovani Gomes (Baixo e Voz), Edgard Brito (Teclados), Alex Navar (Gaita Irlandesa, Tin e Low Whistle) e Rodrigo Abreu (Bateria e Percussão).
A primeira canção anuncia "We're back"! Sim, eles estão de volta. A lindíssima canção é apenas uma mostra do que ouviremos em todo o restante do disco. Belas melodias, refrão marcante, riffs encorpados, solos carregados de feeling, 'cozinha' precisa e variada, coros impecáveis, backing vocals poderosos, elementos folk diversos e tudo mais que se espera de uma música dos 'duendes'. Em suma, uma canção e um disco cheios de nuances e variações que se revelam a cada nova audição. A letra mostra com clareza a sede por criar com que a banda voltou. "We're back - Casting old spells for new favours. A myriad of keys, tunes and chords chasing us. We're Back - winding the road, we are proud and hungry".
"Rhymes against humanity" conta com a célebre participação de Martin Walkyier (ex-Skyclad e Sabbat) nos vocais e é conduzida pela melodia do bandolim (Eu suponho), gaita de fole e pela letra típica das canções da banda, falando sobre as culturas obscuras da mãe natureza. A música apresenta elementos mais modernos do Folk Metal, praticado por bandas como o ELUVEITIE, por exemplo, lembrando canções mais pesadas já lançadas pela banda como 'Vercingetorix' e 'Battle Song'.
"The brave and the herd" é uma canção mais animada, conduzida pelo banjo de Bruno Maia e por instrumentos de sopro diversos. O ritmo cavalgado de guerra da música faz juz a letra sobre bravos heróis que lutam por suas causas e pelo seu povo.
A próxima música, "An Ultimato" poderia entrar facilmente em "Trova di Danú", tamanha sua similaridade com o clima do disco de 2004. O refrão premonitório é carregado de tensão, mas ainda assim pega muito fácil. Tecnicamente é possível notar a grande evolução dos músicos, muito mais maduros e preparados para o que estão fazendo, soando impecáveis em cada detalhe, em cada arranjo e em cada nuance das canções.
A faixa título do disco começa confundindo-se levemente com 'Spellboundance' do 'Trova di Danú', mas logo se desenvolve numa das mais belas canções já criadas pela banda, ficando atrás apenas de "Tan Pinga Ra Tan", na minha opinião. Uma música carregada de sentimentos, leve, limpa e linda, com uma interpretação belíssima de Bruno Maia, um solo emocionante de Rodrigo Berne e elementos progressivos muito bem encaixados. Impossível descrever os sentimentos que a canção emana, uma vez que a cada nova audição ela surpreende com sua beleza. Um verdadeiro presente para qualquer fã da banda.
Após 'Dawn of the new sun' eu já não precisaria de mais nada, mas o disco segue com a empolgante e festiva "Sack of Stories", com ritmo dançante e letra divertida, com refrão para ser cantado em uníssono com os braços erguidos. Típica canção mais animada da banda, agora com destaque para Giovani Gomes e Rodrigo Abreu que ditam o ritmo da festa.
A próxima canção, "Immarama", me fez que pensar que fosse uma regravação de uma música do primeiro álbum, "Inrahma", mas foi apenas uma pequena confusão que fiz com os nomes similares. Trata-se de uma música pesadíssima e carregada de riffs encorpados e pedais duplos. Nessa música aparecem pela primeira vez no disco os guturais presentes em todos os outros álbuns.
"Outcry" é uma canção com elementos de Power Metal, mas com belas melodias de flauta, gaita de fole e demais instrumentos de sopro, os quais não consigo identificar com clareza por falta de conhecimento. Uma boa canção, com boa interpretação da Bruno Maia e bem estruturada e com uma bela letra.
O disco fecha com "The Craic", outra canção bem variada, com bons riffs, belos arranjos de teclado e ritmo empolgante, mantendo o nível alto do álbum do início ao fim.
A qualidade impecável da produção, que não deixa nenhum instrumento "escondido", ficou a cargo do próprio Bruno Maia, no Braia Studios. A mixagem foi feita pelo suiço Tommy Vetterli (Kreator, Eluveitie).
É possível que eu esteja motivado pela emoção e empolgação deste novo disco após tantos anos, mas posso afirmar que, neste momento, "Dawn of the new sun" torna-se disparado meu disco preferido do TUATHA DE DANANN e me deixa com esperanças de ver a banda engrenando de vez, com discos em sequência, maior notoriedade no cenário mundial da música pesada e vivendo o alvorecer de um novo
sol. Sejam bem vindos de volta!
Line-up:
Bruno Maia (Vocais, Guitarra, Flautas, Tin e Low Whistles, Banjo, Bandolim e Bouzouki)
Rodrigo Berne (Guitarra, Violões, Vocais)
Giovani Gomes (Baixo e Vocais)
Edgard Brito (Teclados)
Alex Navar (Gaita de Fole, Tin e Low Whistle)
Rodrigo Abreu (Bateria e Percussão)
Set List:
"We're back"
"Rhymes against humanity"
"The brave and the herd"
"An Ultimato"
"Dawn of the new sun"
"Sack of Stories"
"Immarama"
"Outcry"
"The Craic"
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