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Genesis: o "Selling England by the Pound"

Resenha - Selling England by the Pound - Genesis

Por Felipe Holanda
Postado em 14 de dezembro de 2014

O álbum foi gravado há mais de 41 anos atrás, por um grupo que se doou ao máximo. Não foi a primeira recordação deles e sim a quinta, mas, sem dúvidas, foi o ápice da banda no mapa fonográfico. Leve ou pesado é muito mais que um simples disco conceitual. Uma aula de música. Nesta matéria, explicarei o porquê de tudo isso citando cada canção.

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Após os quatro primeiros trabalhos, musicalmente, o Genesis ainda buscava uma direção. Apesar do sucesso de "Supper’s Ready", muitos julgavam que a figura de Peter Gabriel estava ofuscando os demais, e foi com o objeto de mudar essa imagem que eles foram aos estúdios. Durante todo o mês de agosto de 1973, após muito trabalho, foram criadas composições que marcaram o rock progressivo. O "Selling England by the pound" colocou a banda no mesmo patamar dos já renomados King Crimson, Yes, Pink Floyd e Emerson, Lake & Palmer.

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Começando, "Dancing With the Moolinght Knight" é o carro-chefe e talvez a melhor composição de todas. O piano de Tony Banks dá a introdução do que há por vir. Difícil pensar em outra faixa tão marcante, logo na abertura de um álbum que fala por si só sua importância na cena do rock. Longa e limpa, porém, sem ser cansativa.

Um instrumental de altíssima qualidade, com um solo espetacular de Steve Hackett, utilizando técnicas como arpejos, tapping e tremolo, além de uma cozinha impecável composta por Phill Collins e Mike Rutherford. Destaque também para a primeira utilização do sintetizador 8 Voice Choir, simulando um coral.

Pensando no que vier é lucro, vem nada mais nada menos que a clássica "I Know What I like (In Your Wardrobe)". Além da voz marcante e nítida de Gabirel, é Collins quem dá as cartas, apresentando uma percussão impecável. Na sequência, um refrão ensurdecedor daqueles que cada acorde entra suavamente nos ouvidos. Muito mais que uma simples faixa e a maior "balada" do disco.

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A música que conta a história de um jardineiro foi a última a ser composta para o LP e é a única canção do grupo a contar com o Sitar, instrumento que foi tocado por Rutherford. O refrão cheio de vocalizações e os sintetizadores já indicavam as mudanças que estariam por ocorrer no Genesis.

"Firth of Firth" não chega antes dos treze primeiros minutos, mas é o ápice. Para quem deseja sentir o som, não existe pedida mais certa. Talvez, a melhor ideologia musical de todo o álbum. Sem falar da letra, capaz de penetrar facilmente em nossas mentes – enquanto Banks dá aula em seu instrumento. Além do timbre e da melodia de guitarra em um solo que pagaria qualquer ingresso.

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A temática fala sobre um rio que deságua no oceano e o clima é fantástico. A mistura de sonoridades é capaz de cativar qualquer um, seja fã do som ou não. Não há como pensar em outra composição para definir tão bem a banda.

O momento em que Peter Gabriel demonstra todo seu potencial na flauta doce, um instrumento que muito faz parte do progressivo, é "More Fool Me". Impossível, também, não destacar a precisão de Collins em seus pratos e a execução do próprio Gabriel nos vocais. Até que um violão acústico surge e dá outra dimensão à música. De um tom para o outro como brincadeira enquanto a canção passa e você nem percebe.

O interessante dessa faixa é que ela é a segunda a ter os vocais de Phill exclusivamente. Ninguém ainda imaginava que dois anos depois, ele se tornaria o mentor e vocalista principal do grupo.

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Chegando no lado dois, o LP não perde seu brio, pelo contrário. De início, é um lado mais longo que o normal, com quase meia hora de duração (vinte oito minutos e quarenta segundos). Abrindo o lado B, "The Battle of Epping Forest" é uma das melhores – se não a melhor – de todo o álbum. A história das gangues rivais disputando território é marcada pelas mudanças tonais na voz de Peter.

No geral, a música tem doze mudanças de tempo ao longo dos quase doze minutos de duração, saindo da marcha de guerra às maiores qualidades musicais do quinteto. A faixa também é marcada pela interpretação única de Gabriel no trecho final da canção, encarnando diversos personagens das gangues.

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Segundo os músicos da própria banda, essa é a canção mais complicada e de difícil interpretação já gravada, seja pela enorme letra (quatorze parágrafos, quase todos com mais de cinco sentenças), quanto pelas quebras de ritmo e mudanças de tom.

"After the Ordeal" é uma linda canção instrumental, na qual Hackett exibe-se em duas partes distintas, a primeira no violão clássico, acompanhado por um virtuoso arranjo de piano, e depois na guitarra, acompanhado pelo órgão, baixo e bateria. O timbre chega a arrancar lágrimas de sua Les Paul, comprovando que ele era capaz de soar tão melodioso quanto qualquer outro da época.

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Em seguida, a segunda faixa mais longa da carreira do grupo, com doze minutos e treze segundos de duração. "The Cinema Show" é dividida em duas partes. Foi inspirada no livro The Waste Land, de Thomas Stearns Eliot, poeta modernista do século 19, e narra a história de Romeo e Julieta (nomes oriundos dos personagens de Shakespeare), com a mulher sendo uma típica dona de casa e o marido um pobre homem apaixonado por sua esposa, destacando a força do amor de duas pessoas apaixonadas.

Por fim, "Aisle of Plenty" retoma os andamentos de "Dancing With the Moonlit Knight", com o 8 Voice Choir soando forte enquanto Gabriel narra seus caminhos por corredores de supermercado. O mais destacável é o sentido de loop que o tema da primeira faixa deixa, com o fim do álbum sendo exatamente o início.

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"Selling England by the Pound" foi o primeiro disco do Genesis a alcançar o Top 5 da parada britânica chegando na terceira posição (septuagésima nos Estados Unidos, aonde conquistou ouro dezesseis anos depois). O grupo fez uma das mais longas turnês de sua carreira, começando no dia 06 de outubro de 1973 na cidade de Manchester, passando por apresentações na Escócia, Canadá e Estados Unidos e finalizando com uma longa excursão pela América do Norte entre os meses de março e maio de 1974, totalizando noventa e oito shows em sete meses (uma média de um show a cada dois dias).

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Sobre Felipe Holanda

Futuro jornalista recifense, baixista e apaixonado por heavy metal.
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