Almah: Edu, se foque na música e arrebente, meu velho!
Resenha - Unfold - Almah
Por Thiago El Cid Cardim
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E quando enfim o vocalista abandona o cargo à frente do Angra, mais do que acertadamente, aquela que agora é a sua banda principal apresenta seu disco mais refinado, inteligente e moderno. "Unfold" tem um vocalista vindo da escola do power metal/metal melódico mas é justamente o ápice de seu distanciamento das amarras deste gênero. Se o Almah já tinha se estabelecido como um dos grandes nomes da atual cena do heavy metal nacional, com "Unfold" eles abrem as portas de vez para conquistar também o mercado internacional.
Já na abertura, "In My Sleep", Edu surge cantando mais rasgado, mais agressivo, mas ao mesmo tempo mais confortável, com a voz longe da necessidade de entrar na região dos agudos. E detalhe: a música é absolutamente power metal, inclusive melhor do que o que próprio Edu vinha fazendo com o Angra nos últimos discos.
Aliás, e o elemento étnico de "I Do", que conversa com a música brasileira da mesma forma que a antiga banda do cantor, mas mantendo praticamente intactas as características do Almah, sem soar como uma mera cópia? Mesmo quando o frontman se arrisca num agudo mais intenso, como em "The Hostage", o faz com precisão, com cautela, sem exageros. E acerta na mosca. O grande trunfo de "Unfold", no entanto, está justamente nos momentos em que a banda sai desta zona de conforto do metal melódico. Escute "Beware The Stroke", por exemplo, e perceba uma forção afiada que também sabe fazer, com excelência, um metal tipicamente tradicional, na melhor escola Iron Maiden.
Em "Cannibals In Suits", o Almah entrega um instrumental mais pesado, urgente, agressivo, quase como se estivesse bebendo da fonte do thrash metal. A letra, de cunho mais crítico e ácido, praticamente pede uma entrega mais furiosa. Ah, acha impossível? Pois vamos então para um outro lado, completamente diferente, já que "Wings Of Revolution" é um exercício de música pop brilhante, uma canção limpa e que poderia rivalizar com qualquer Coldplay da vida, talvez até pela chance de se tornar música-tema de um evento como as Olimpíadas, por exemplo (enquanto ouve a faixa, imagine um vídeo com cenas de artistas nas mais diferentes modalidades esportivas, superando seus limites, e você vai entender exatamente o que estou querendo dizer). Este espectro cristalino típico da música pop também fica claro em "Warm Wind", uma balada triste, tocante e bastante corajosa – porque, apesar de ser totalmente radiofônica, é repleta de bom gosto e sofisticação. Merece uma audição detalhada.
Um dos grandes momentos do álbum, no entanto, reside em "You Gotta Stand". Trata-se de uma música tipicamente hard rock, que tem tudo que precisa para não sair mais da cabeça do fã de boa música: uma dupla de guitarras disparando riffs envolventes e grudentos; um tecladinho irresistível que trabalha totalmente a favor do restante da composição, entrando nos momentos certos; e uma interpretação brilhante do vocalista, que vai dos gritos mais violentos a um refrão cavalgado e quase alternativo, que lembra imediatamente algo como o Faith No More. Dá pra imaginar? Então.
É hora do Edu se focar na música. Na sua própria música. É hora de deixar as polêmicas de lado, as discussões, o #mimimi, as fofocas. E pensar, apenas e tão somente, no seu trabalho. Que, aliás, se continuar assim, tem tudo para conquistar o mundo. Vai fundo. E arrebenta, meu velho!
Line-up
Edu Falaschi - Vocal
Marcelo Barbosa - Guitarra
Gustavo Di Padua - Guitarra
Raphael Dafras - Baixo
Marcelo Moreira - Bateria
Tracklist
In My Sleep
Beware The Stroke
The Hostage
Warm Wind
Raise The Sun
Cannibals In Suits
Wings Of Revolution
Believer
I Do
You Gotta Stand
Treasure Of The Gods
Farewell
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