Sarcófago: "I.N.R.I.", o lendário trabalho da banda
Resenha - I.N.R.I. - Sarcófago
Por Luis Augusto Bueno De Amorim
Postado em 02 de março de 2012
Eles blasfemaram, e cuspiram no que lhes parecia incorreto, eles se mantiveram "extremos" até o fim da banda, esses sujeitos foram o Sarcófago.
Após ser chutado do Sepultura, Wagner Moura Lamounier, conhecido como Wagner "Antichrist", ingressou no Sarcófago para fazer história no metal, nacional e mundial. Falavam sobre o demônio como uma forma de provocar os cristãos que tanto os censuravam na época. Falavam palavrões e coisas que ninguém havia ousado dizer antes em uma música.
Em 1987 eles lançaram seu primeiro LP, intitulado "I.N.R.I.". Trazia Blast Beats e guitarras pesadas e sujas, como se vomitassem seu som. Era algo repugnante e chocante.
Na época foi um impacto muito grande causado pela maravilhosa cena thrash/death de Minas, este disco conseguiu elevar esse estilo até um patamar muito maior. Com o Sepultura como estrelas do movimento, o Sarcófago tornou-se lenda no mundo, correndo por fora dos holofotes, e se imortalizando.
A capa por si só já expressava o que viria quando você escutasse o som. Eles tinham as faces pintadas, e usavam balas de fuzil, e cruzes invertidas, além de spikes enormes feitos com pregos. As fotos do encarte foram tiradas em um cemitério.
A banda era querida por ícones do Black Metal, Death Metal, Thrash Metal, eles romperam fronteiras. Dead do Mayhem (R.I.P.) pintou o logo do Sarcófago em seu colete favorito e o usava com muita freqüência, ao passo que ainda hoje, Joel Grind, da excelente banda Toxic Holocaust, adora desfilar com suas camisetas em homenagem à banda brasileira.
O Sarcófago não existiu por muito tempo mas deixou uma legião de fãs. Wagner, e Geraldo foram percebendo algumas verdades inevitáveis quanto ao metal, e foram se decepcionando, até que resolveram parar. Hoje Wagner é professor de ciências contábeis na UFMG, ao passo que Geraldo trabalha no ramo da fiscalização sanitária.
Ainda há um conflito entre Sarcófago e Sepultura até hoje. Basta ver o documentário chamado Ruído das Minas e ver as farpas trocadas entre Bibica e Geraldo.
Formação:
Wagner "Antichrist" Lamounier - vocais
Gerald "Incubus" Minelli - baixo
Zeber "Butcher": guitarra
D.D. Crazy (Eduardo): bateria
"Satanic Lust" - 03:10
"Desecration Of Virgin" - 01:59
"Nightmare" - 05:38
"I.N.R.I." - 02:07
"Christ's" Death - 03:37
"Satanás" - 02:05
"Ready To Fuck" - 03:27
"Deathrash" - 01:36
"The Last Slaughter" - 04:37
Analisando o Clássico!
Imagine um garoto vidrado nas bandas que estiveram por aqui em 85, no Rock in Rio, ouvindo uma obra prima do ódio, protesto, e cólera, jamais vista antes. Era de se estourar os miolos. O disco começa com "Satanic Lust", que traz uma introdução curta de guitarra, porém inesquecível, e possui os blast beats mais malditos que a banda podia oferecer. "Desecration Of Virgin" mostra mais uma vez o quão doentia pode ser a mente dos adolescentes, segue um trecho da letra:
Demons suck you pussy
And fuck 'til the delight
She isn't more virgin
Because was fucked by satan
He put the virgin of for
Fucking your asshole
The orgy haven't stop
Ejaculating on her mouth
Pervertido, insano, simples, clássico. Quando acaba a podridão da faixa dois, temos um hino, "Nightmare", a faixa mais longa do disco e que contém uma introdução marcante, e sim... é uma música com mensagens subliminares, ou nem tanto, pois retrata um ilustre cidadão que todos conhecem de nome.
Quando os trovões se manifestarem é a hora da faixa título, "I.N.R.I."! Doentia? Nem preciso dizer, é uma das mais perfeitas dos caras! Ela manda um recado para Jesus Cristo no ponto de vista da banda. Por letras como essa que muitos tem medo de ouvir essa banda, mas é isso... este disco é Black Metal, e ao mesmo tempo Death Metal, não esperem ouvir louvores.
Uma introdução meio tosca marca o início da música seguinte, e ela é, pelo menos para mim, a melhor do disco. "Christ's Death". Com a melhor das letras, com a melhor organização instrumental, é obscura, mórbida, massacrante! Não posso deixar de citar o final desta bela canção, que é marcante, é infernal, e imortalizado pelo ódio do Wagner.
Deem lugar para uma das figuras mais enigmáticas que rondam a mente humana. "Satanas", Aquele que alguns pensam que conhecem, e outros buscam conhecer. Essa é a nossa 6º faixa com o som agressivo de sempre.
Meus caros, se vocês quiserem mais perversão, essa é uma boa para cantar para suas amantes, "Ready To Fuck", retrata o sentimento voraz que o homem sente diante de uma mulher durante o sexo. Na verdade pelo clima criado parece o ataque de um Incubus mesmo (Rs).
"Deathrash" chega para destruir seu pescoço, com um som cheio de feeling, dando uma ordem para a mutilação começar. "The Last Slaughter" fecha o disco com chave de ouro, por ser ótima no instrumental, e ter uma performance amaldiçoada de Wagner pra variar. O fim da música também é muito interessante!
No relançamento deste disco em CD feito pela lendária Cogumelo Records, foram incluídas as faixas "Black Vomit", e a maravilhosa intro "Recrucify", além de algumas músicas ao vivo.
É um CD que vale muito a pena ter, se você gosta de Black Metal, Death Metal e até Thrash Metal, o Sarcófago tem tudo isso para oferecer, mesmo que este último fique meio enrustido.
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