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Corja: sarcasmo e energia bruta e espontânea

Resenha - Al Qaeda's Greatest Hits - Corja

Por Ben Ami Scopinho
Postado em 22 de setembro de 2007

Nota: 7 starstarstarstarstarstarstar

Primeiramente, e para evitar alguma confusão: de "grandes hits", o Corja traz somente uma coleção de fúria e sarcasmo tipicamente urbanos e que só sobrevive no underground mesmo. A banda surgiu em 1998 na capital goiana tocando rap-core com letras engajadas, mas a sonoridade foi se alterando junto com a formação, passando por uma fase mais rap até um mix de thrash, funk e hard rock setentista. Bom, esta fase de experimentalismo e busca pela sonoridade ideal já passou; o Corja participou da coletânea "Não Nasci Para Ser Herói", lançada pelo selo paulista Agah Records e, enfim, está debutando com "Al Qaeda´s Greatest Hits".

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Como o próprio nome do grupo sugere – e fica ainda mais evidente com o título do disco – a intenção aqui é ser totalmente politizado e com mensagens subversivas, algo que parece estar em extinção, pelo menos com o nível de honestidade que exala do Corja. Muitas das formas tão hipócritas pela qual a sociedade vive com tanto orgulho são escarnecidas sem piedade por Camboja (voz e guitarra), Segundo (voz e baixo) e Daniel (bateria). Os caras enfiam o dedo na ferida e cospem em cima, literalmente.

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Musicalmente a coisa segue na mesma linha... Agora o trio enfia os dedos na tomada e manda ver, destilando a raiva com tudo o que está ao seu redor. Seu estilo é o que se pode chamar de rock underground, crossover barulhento prá cacete. Uma salada de punk, hardcore e metal, tudo naturalmente despejado de forma básica e cantado a duas vozes, rendendo ótimas faixas como "A realidade bate à sua porta", "Revolta", "Fogo na patricinha" (quantas será que eles queimaram?), "Ode ao burguês" (cuja letra foi escrita em 1922 pelo ilustre Mário de Andrade, e que ainda continua tão atual), e por aí vai.

Mas, como foi dito, a energia é bruta e espontânea. E isso muitas vezes acaba por resultar em canções que deveriam ser mais bem trabalhadas, como em "Pagano pau" e "Mas é claro que o sol vai voltar...", onde o vocalista desafina e força tanto que parece que vai ter um ataque (cuidado com o coração, meu filho!), e acaba não agradando mesmo. São estes os pontos que prejudicam o que poderia ser um repertório muito bom.

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Controvérsias por questionarem e incitarem a revolta? Se houver reclamações, podem ter a certeza de que provavelmente o Corja as transformará em música e incluirão em seu próximo CD. E, caro leitor, faça um esforço e adquira seu "Al Qaeda´s Greatest Hits". O pessoal merece por trabalhar de forma tão honesta e tentando evitar as armadilhas da indústria cultural.

E quem sabe assim eles conseguem comprar seus próprios instrumentos para gravar o próximo disco...

Contato:
[email protected]
http://www.myspace.com/corja

Corja – Al Qaeda´s Greatest Hits
(2006 / Two Beers or Not Two Beers)

01. A realidade bate à sua porta
02. Revolta!
03. Fogo na patricinha
04. Haverá paz?
05. Allende Mandar
06. Atos de vandalismo pela cidade
07. Molotov em sua mansão
08. Ode ao burguês
09. Pagano pau
10. Lésbica riot grrl?
11. Melhor pra você?
12. Mas é claro que o sol vai voltar...
13. Carniça de urubu

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Sobre Ben Ami Scopinho

Ben Ami é paulistano, porém reside em Florianópolis (SC) desde o início dos anos 1990, onde passou a trabalhar como técnico gráfico e ilustrador. Desde a década anterior, adolescente ainda, já vinha acompanhando o desenvolvimento do Heavy Metal e Hard Rock, e sua paixão pelos discos permitiu que passasse a colaborar com o Whiplash! a partir de 2004 com resenhas, entrevistas e na coluna "Hard Rock - Aqueles que ficaram para trás".
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