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Resenha - Be - Pain Of Salvation & The Orchestra of Eternity

Por Bruno Coelho
Postado em 09 de agosto de 2005

Nota: 10 starstarstarstarstarstarstarstarstarstar

Com uma carreira musical de mais de 20 anos, Daniel Gildenlöw conseguiu consolidar o nome do Pain Of Salvation (PoS, para os fãs) no Olimpo das mais respeitadas bandas de Progressivo da atualidade. Hoje o PoS é para muitos, inclusive para este resenhista, a melhor banda do estilo ao lado dos grandes Pink Floyd e Yes.

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Com o álbum "Be", Daniel, junto com o irmão Kristoffer (contrabaixo), Johan Langell (bateria), Johan Hallgren (guitarra) e o irrepreensível Fredrik Hermasson (teclados), conseguiram amealhar um imenso número de estupefatos novos admiradores, além de tornar sua base de fãs uma das mais heterogêneas e fiéis de nossos dias. Base esta de força colossal, posto que dela fazem parte músicos de competência indubitável, como Mike Portnoy, Paul Gilbert e Ron Jarzomberk. "Be" é talvez o álbum mais relevante neste terreno desde "Dark Side of The Moon" e é com ele que a banda mostra sua falta de pretensão de ser eternamente classificada como Prog Metal, abraçando elementos da World Music contemporânea, do grandioso Rock Progressivo de décadas atrás e deixando a parte mais pesada de suas influências de molho.

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O conceito do álbum já deve ser conhecido da maioria de vocês, já que tudo foi muito bem divulgado quando do lançamento do mesmo. Talvez hoje, ao deparar-se com o material, um fã não tão apaixonado pergunte-se: "Vale a pena comprar o DVD?" Creio que esta resenha ajude a resolver a dúvida, mas já adianto aos grandes fãs da banda que o valor cobrado pelo DVD é bem menor que a satisfação ao assistí-lo

O DVD baseado neste quinto álbum de estúdio da banda (não contando o acústico "12:5") era um projeto que já vinha sendo anunciado por Daniel antes mesmo da banda entrar em estúdio para gravar "Be". O resultado, como qualquer bom fã da banda poderia prever, é arrebatador. Além de trazer a presença da Orchestra of Eternity e contar com a performance teatral dos músicos – todos com os rostos pintados (inclusive os músicos da orquestra) e com figurino próprio – o DVD possui como atrativo a qualidade gráfica, totalmente fora dos padrões da indústria de vídeo brasileira (o livreto que o acompanha possui 47 páginas). Por este trunfo, devemos os maiores agradecimentos à Hellion, que vem se empenhando em entregar aos fãs tupiniquins versões nacionais tão completas quanto as estrangeiras.

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O material gráfico merece tantas honras nesta resenha por carregar informações riquíssimas, a saber: todas as letras do disco, uma apresentação do conceito do álbum escrita por Daniel, todos os temas estudados para o desenvolvimento da obra, toda a bibliografia utilizada direta e indiretamente e algumas hipóteses e teorias criadas pelo próprio Daniel durante seu processo criativo. O livreto é ricamente ilustrado e é encerrado com o curioso capítulo 5, entitulado: "The Mission", no qual sua única parte, a 5:1, traz o singelo texto: "CHANGE THE WORLD". Prefiro acreditar que Daniel quis dizer que esta é NOSSA missão, de todos os homens, e não apenas a dele. Afinal, isto reforçaria a idéia de alguns internautas que vivem a declarar aos brados que Daniel é um megalomaníaco.

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Além do belíssimo material gráfico, o DVD (que, para quem ainda não sabia, vem acompanhado de um CD ao vivo desta mesma performance, com um tracklist idêntico) possui uma série de extras interessantíssimos, como uma faixa de comentários (commentary track) escondida e que este que vos escreve ainda não teve tempo de descobrir um meio de destravá-la. A faixa de comentários de mais fácil acesso foi gravada por Daniel e Fredrik, misturando momentos cômicos com outros bastante elucidativos – como quando Daniel explica que chama o instrumento de cordas utilizado em "Imago" e "Nauticus II" de mandola e que era fabricado por seu avô paterno. O DVD falha em não apresentar legendas para a faixa de comentários ou para as faixas em si, já que acompanhar as letras presentes no encarte ao mesmo tempo em que se assiste a performance é uma tarefa um tanto quanto complicada. A falha é desculpada, pois acredito que o DVD europeu não possui legendas nem mesmo em língua inglesa e a produção de legendas geraria custos extras, além de um certo atraso no lançamento do material por aqui.

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Para quem já conhece a música contida no DVD, basta deliciar-se com a boa direção do show, que conta com algumas imagens gravadas e projetadas que ajudam a reforçar o conceito de "Be". Este recurso me lembrou bastante o que o Dream Theater fez com seu "Live Scenes From New York", sendo que o resultado atingido em "Be" supera bastante o daquele show da banda de Portnoy e Petrucci gravado em Nova York cinco anos atrás. Bonitos também são o palco e a iluminação do show. O palco, construído em níveis e banhado constantemente por uma luz azul intensa, possui uma piscina, um espelho d’água de 16 metros quadrados onde Daniel se banha em alguns momentos do show e de onde sai para a parte final, iniciada em "Iter Impius", ao encarnar pela segunda vez o canalha Mr. Money, personagem do álbum.

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A execução das músicas é perfeita, sendo os nove componentes da Orchestra of Eternity órgãos integrados perfeitamente a todas as faixas, diferenciando este trabalho ao de um "S&M", do Metallica, por exemplo. Aqui, em vez de a música ter sido escrita muito antes de alguma orquestra ser convidada a acompanhá-la, foi escrita junto com todo o álbum, tornando-a, como já frisei, parte essencial da música. Isto é também deixado claro por Daniel na commentary track.

Antes de terminar esta resenha, reitero o que disse na abertura, afirmando que "Be" possui a força de um "Dark side Of The Moon" (e pouco importa a opinião daqueles que consideram o "Umma Gumma" ainda mais relevante) e o PoS a maior promessa do Rock Progressivo desde o Pink Floyd. Haja vaias e assobios, mas o tempo, e só o tempo, irá se encarregar de afirmar tal compêndio com veemência ou escárnio. Que venham mais DVDs do PoS e que venham mais lançamentos que respeitem tanto o público brasileiro quanto este.

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Considerações finais:

1 – Daniel Gildenlöw canta sim tudo que canta em estúdio. A performance dele ao vivo é assombrosa e quase sem par, encaixando-se no seleto grupo dos grandes intérpretes tanto ao vivo quanto em estúdio.

2 – Johan Langell tocou dentro de um "aquário" o show inteiro. Já que sua bateria estava sendo gravada ele foi posto em uma caixa de vidro para que os microfones que captavam o som de seu equipamento não captasse também o som dos outros.

3 – Algumas letras foram alteradas um pouco, como uma passagem de "Iter Impius", mas muito pouco é diferente do CD. Vantagem ou não, o fato nos leva a imaginar se não teria sido interessante que algumas faixas tivessem uma roupagem nova, assim como feito em "Ashes" no acústico "12:5".

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4 – Muito interessante o fato de que os outros músicos da banda, quando não se faz necessário o uso de seus instrumentos em determinada faixa, passam a executar partes de percussão em várias passagens, o que abrilhanta a performance de palco vista no DVD e demonstra a versatilidade de cada componente.

5 – O uso de vários samples não comprometeu o resultado final. Os samples foram basicamente utilizados para reproduzir vozes que aparecem no CD em faixas como "Message To God".

No mais, só posso desejar um bom divertimento a qualquer um que venha a adquirir o DVD. Desejo ainda que o show marcado para setembro do corrente ano, ao lado do Evergrey, seja do agrado de todos...

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Sobre Bruno Coelho

Bruno Coelho é Arquiteto, escritor, poeta, produtor de eventos, pai, tradutor, intérprete e professor de inglês. Morou em cinco capitais brasileiras e hoje dedica-se ao árduo labor de organizar eventos na capital maranhense de São Luís. Fã do Dream Theater, Tool, Symphony X, Pain of Salvation e Evergrey, encontra espaço pra novas bandas e vertentes sempre.
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