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Resenha - Nothing - Meshuggah

Por Leandro Testa
Postado em 16 de novembro de 2002

Nota: 4 starstarstarstar

Em se tratando de Meshuggah você nunca sabe muito o que esperar. A banda sueca, formada em 1987, já passou por algumas mudanças consideráveis em seu som, de um thrash metal bastante técnico para um technical alterna death metal (he, he) com um vocal mais podrão e agora enraíza sua sonoridade num TRASH cibernético (sem "H", que significa "lixo" em inglês) de péssima qualidade. Não seria justo ficar analisando o seu novo trabalho de acordo com o passado, afinal por um ou outro motivo todos os seus álbuns (somente quatro até agora) demoram quadriênios para serem lançados. Todavia, depois de ouvir "Nothing" fico me indagando o porquê de uma banda tão aclamada, considerada ‘cult’ por muitos, "uma das dez mais importantes de hard e heavy" segundo a revista Rolling Stone, influência de um sem número de músicos, ficar fazendo compassos desnecessários, já que o peso se faz cada vez mais presente, mas a velocidade a ele aliada por vezes apresenta-se escassa.

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Basicamente todo o disco é truncado, e você fica implorando para que a próxima faixa passe daquela margem pré-estabelecida nas anteriores, ou que tenha algumas mudanças de andamento, pois tudo é muito parecido. Se uma das duas ‘metades rítmicas’ estivesse em seqüência você poderia jurar que é tudo a mesma música. Ou melhor, na verdade ele poderia se dividir em três ou quatro delas, pois "Glints Collide", "Rational Gaze", "Perpetual Black Second" e "Straws Pulled at Random", parecidas entre si, apresentam um andamento um pouco mais acelerado, podendo então ser consideradas boas ou dependendo do caso, as menos piores; "Spasm" seria a segunda delas, pois é o baterista Tomas Haake quem faz os vocais, portanto, uma boa tentativa para se diferenciar das demais; num terceiro caso, tudo o que sobra (a segunda metade) é praticamente igual em sua constância "acelera-breca, acelera-breca", à exceção da instrumental "Obsidian" que fecha o CD e infelizmente deixa a pior das más-impressões justamente por ser o ‘finale’ do mesmo. Esta certamente é uma das faixas mais cretinas que eu já ouvi na minha vida, e desemboca numa repetição xarope de 170 segundos (2:50), digamos assim, imprestável. Se me colocassem na frente de dois Discmans com uma arma apontada na cabeça, sendo obrigado a escutá-la e como segunda opção "Vamo Pulá" da dupla Sandy & Júnior, eu escolheria com pesar a segunda alternativa. Não há nothing nela que presta, e aliás o CD inteiro está bem próximo disso, motivo pelo qual ele deve ter sido assim nomeado. Não fosse o baterista manter esse levada meio groove, com algumas passagens tribais, a exemplo da faixa de abertura "Stengah", nem com reza braba daria para suportar toda essa barulheira torturante e inexplicável de "aspirantes a música" como a horrível "Closed Eyes Visual" ou "Nebulous", cujo único trecho audível é o seu finalzinho, numa tentativa de soar como o Sabbath, talvez em homenagem ao seu chefe de Ozzfest, festival itinerante que é um baita meio de promoção para estes suecos.

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Agora imagine o hino mais repetitivo do Pantera, com o batera mandando muito bem, injete um peso extra, mas com o baixo e a guitarra fazendo exatamente a mesma coisa, com essa levada a música inteira. Está aí uma síntese do que seria o novo estilo empregado por eles, mas num contexto em que as guitarras tivessem sumido e você apenas pudesse ouvir o batera e Gustaf Hielm com seu baixo potente se matando para poder cobrir a ausência das dezesseis cordas. "Dezesseis cordas???" Sim. Mårten Hagström e Fredrik Thordendal tocam com uma guitarra especialmente feita com oito cordas, mas aí é que eu novamente fico com esta cara de interrogação: "pra que tudo isso, se um só cara, com seis delas, conseguiria fazer um estrago bem maior com bem menos?" Geralmente toda a banda se empenha para fazer um bom som, e não somente dois integrantes... não é não???

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Então para que ficar ouvindo "Nothing" se até o "Chaosphere", que não é nenhum primor em termos de variações musicais, é infinitamente superior a ele? Por piedade? Não mesmo. Meu boicote está feito, e para mim o verdadeiro Meshuggah é aquele do magistral "Destroy Erase Improve" ou até mesmo do seu primeiro ‘full-lenght’, o não menos conceituado "Contraditions Collapse", numa época em que lembrava um pouco o Metallica antigo e congêneres do furioso Thrash Metal, algo ainda mais evidente no excelente EP de estréia (depois incluso na semi-coletânea "Rare Trax"). Por favor, Nuclear Blast, ouçam o meu apelo: relancem estas obras no mercado brasileiro, para que ninguém fique achando que o Meshuggah é essa coisa sem nexo que me chegou às mãos.

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Para não dizerem que eu estou sendo injusto, aconselho nossos leitores que procurem ouvir alguns de seus trechos para tirarem suas próprias conclusões, pois pode ser tudo uma questão de gosto. De repente, um ‘maluco’ vidrado em Pantera acaba indo com a cara deste novo Meshuggah (ainda que ele seja bem mais caótico) e assim, o que eu posso fazer, é ficar feliz por ele. Mas ratifico: não estou julgando o Meshuggah pelo seu ’background’ e sim pelo "Nothing" em si. O fato é que de nada valeu esmiuçar seus 53 minutos, já que o mínimo ali encontrado foram partes insuficientes para se afirmar que uma determinada música é inteiramente boa... o resto é pífio. Até a faixa-multimídia é podre, e creio que deva existir alguma senha para poder ver o seu conteúdo. Não sei porque perderam dinheiro com aquilo, mas isso não cabe a mim analisar, apesar de que sempre serei da seguinte opinião: "se vai fazer algo, que o faça direito" tanto na parte musical, quanto na visual.

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Não querendo me alongar mais, decidi compor a nota da seguinte forma, dando um ponto para cada um desses dois fatores: 1) saber cantar (Jens Kidman) e pegar nos instrumentos já é um bom começo (por favor, sem malícia...) e isso eles há tempos já provaram que faziam com maestria; 2) em respeito a Nuclear Blast/Century Media, a discografia da banda e pela produção ‘di préza’; soma-se a isso mais dois pontinhos referente a alguns trechos que não daria para citar aqui, mas em se ouvindo, você pensaria: "humm, legal...". Só isso e nada mais...

Site: www.meshuggah.net

Material cedido por:
Nuclear Blast/Century Media Records
www.centurymedia.com.br ou www.nuclearblast.de
Telefone: (0xx11) 3097-8117
Fax: (0xx11) 3816-1195
Email: [email protected]

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