Música Macabra: Oito grandes músicas que foram inspiradas em filmes clássicos de terror
Por Iacobus M. Blasco
Postado em 07 de junho de 2021
Se há uma combinação que tem uma verdadeira cumplicidade na história da música desde a segunda metade do século XX, é o Rock and Roll e os temas de filmes de terror.
Diversos músicos e bandas se viciaram na temática do terror e do sobrenatural, chegando ao ponto de formar bandas ou até mesmo subgêneros especificamente para explorar o medo e o horror como temas principais.
Desde então, esses artistas estiveram presentes na cultura pop de uma forma sombria, seja por meio de diversas trilhas sonoras que eram produzidas para os filmes de terror e que traziam todo tipo de letras sobre vários temas macabros; possessões demoníacas, vampiros sedentos por sangue, seitas diabólicas, zumbis putrefatos que se alimentam de carne humana, etc. Mas também por canções que simplesmente foram escritas em homenagem a uma respectiva obra cinematográfica.
Imagina o quão diferente seria a música hoje em dia se uns certos garotos de Birmingham na Inglaterra, Geezer,Bill, Ozzy e Tony, que tinham uma banda desconhecida chamada "Earth", não tivessem entrado num enfadonho cinema que apresentava filmes B durante as tardes frias inglesas, para assistir o clássico do cinema de terror Italiano, produzido pelo diretor Mario Bava - "Black Sabbath" de 1963? Será que existiria o Heavy Metal como o conhecemos hoje?
Então sem mais delongas, aqui estão; Oito grandes músicas de Rock que foram inspiradas em filmes clássicos de terror.
Obs: Trago aqui apenas as músicas baseadas nos filmes, e não as trilhas sonoras que foram feitas para os mesmos.
1. The Wicker Man - Iron Maiden
Filme: The Wicker Man/ O homem de Palha 1973
"Brothers and their fathers joining hands to make a chain. The shadow of the Wicker man is rising up again. [Irmãos e seus pais juntam as mãos e fazem uma corrente.
A sombra do Homem de Vime está se levantando novamente.]"
A música "The Wicker Man" foi co-escrita por Adrian Smith, Bruce Dickinson e Steve Harris da banda de heavy metal, Iron Maiden. A música é baseada no filme homônimo de 1973.
Sobre o filme: O homem de Palha conta a história do policial Neil Howie(Edward Woodward), que chega à ilha de Summerisle na costa escocesa, com a missão de investigar o desaparecimento de uma jovem.
No filme, quanto mais o policial Howie procura pela garota, mais ele se depara com coisas estranhas naquele local. Para piorar, revela-se diante dele uma comunidade pagã liderada pelo Lord Summerisle (Christopher Lee), que prega o amor livre por meio de cerimônias advindas do folclore Celta, que vai contra tudo aquilo em que o religioso e conservador policial acredita.
Esse é um dos grandes filmes dos anos 70 feito pela lendária produtora inglesa de filmes de terror, Hammer Films (que fez fama com seus diversos filmes e várias versões para clássicos como Drácula e Frankenstein).
O ator Christopher Lee (O senhor dos anéis, Star Wars, Drácula 1958) está impecável como o sacerdote misterioso, no papel que ele mesmo dizia ser o melhor de sua carreira. Temos também a presença da belíssima atriz polonesa Ingrid Pitt, que ainda nos trouxe a antológica sequência em que ela faz uma dança completamente nua ao som de tambores frenéticos. Tudo isso para seduzir o "pobre" (ou não tão pobre assim rs) policial.
Um Thriller psicológico e filme obrigatório aos fãs de terror.
2. Dust to Dust - The Misfits
Filme: The Bride of Frankenstein/ A noiva de Frankenstein 1935
"Hate you father for you have sinned
Why did you Lord Let this life begin? … We belong dead. [Te odeio pai por você ter pecado. Por que você, Senhor, deixou essa vida começar? … Nós pertencemos a morte]".
"Dust to Dust" da banda Estadunidense de Horror Punk, Misfits. É uma leitura doentia e reflexiva a partir do ponto de vista do monstro de Frankenstein sobre o seu criador. A canção traz também à tona como poderia ter sido caótico e carregado de ódio o discurso da criatura no final do filme. Claro que as letras da banda Misfits Soam mais eloquentes do que os monossílabos grunhidos que o ator Boris Karloff (monstro), mas a letra faz juz a interpretação de Boris vista na película: "nós pertencemos a morte!".
Sobre o filme: Dr. Frankenstein (Colin Clive) e seu monstro (Boris Karloff) não estavam mortos como inicialmente se acreditava. O pesquisador planeja parar suas demoníacas experiências, mas quando um cientista louco (Ernest Thesiger) sequestra sua esposa (Valerie Hobson), ele concorda em ajudá-lo em criar uma nova criatura, uma mulher (Elsa Lanchester), para ser companheira do monstro.
Se "Frankenstein" de 1931 colocou o ator Boris Karloff que interpretou o monstro no mapa do cinema clássico dos anos 1930, "A noiva de Frankenstein" veio para coroá-lo como um dos grandes atores do cinema de horror de todos os tempos. Boris Karloff tem uma atuação sem dúvidas magistral, fora que o filme dirigido pelo diretor James Whale, pode ser considerado uma obra de arte como um todo.
3. Possessed - The Exorcist
Filme: The Exorcist/ O exorcista 1973
"Possessed by evil hell. Satan's wrath will kill. He will take your soul. Cast you to hell. [Possuído pelo mal do inferno. O ódio de Satã matará. Ele tomará sua alma. Chamando você para o inferno]"
Já adianto aos que são extremamente religiosos e sensíveis de coração, que o álbum "Seven Churches" da banda Californiana Possessed, é um dos álbuns de estréia mais satânicos e assustadores que uma banda poderia lançar (isso até mesmo para uma banda de Death-Metal do calibre do Possessed).
O título do álbum se refere às Sete igrejas da Ásia Menor, mencionadas no Livro das Revelações da Bíblia. Já a faixa "The Exorcist", é um ótimo tributo ao grandioso filme dos anos 1970.
Mesmo a letra de canção composta pelo Vocalista Jeff Becerra, acabar soando muito mais sóbria e rigorosa (satânicamente falando) do que a obra cinematográfica do diretor William Friedkin (acredito que estudantes de ocultismo vão concordar comigo). Ainda assim, a letra da música e os riffs pesados de guitarra, conseguem nos transportar para a pele da protagonista Regan MacNeil (Linda Blair), possuída pelo demônio Babilônico e Assírio, que leva o nome de Pazuzu.
Sobre o filme; A atriz Chris MacNeil (Ellen Burstyn), vai gradativamente tomando consciência de que a sua filha Regan (Linda Blair) de doze anos, está tendo um comportamento completamente assustador. Deste modo, ela pede ajuda do Padre Damien Karras (Jason Miller), que também é um psiquiatra, e este chega a conclusão de que a garota está possuída pelo demônio. Ele solicita então a ajuda de um segundo sacerdote, o Padre Merrin (Max Von Sydow) especialista em exorcismo, para tentar livrar a menina desta terrível possessão.
Não tenho muito a acrescentar a respeito desse filme que é um dos maiores filmes da história do cinema de todos os tempos!
Veja, reveja, seja de dia, seja de noite, ou numa noite fria de sexta-feira.
4. Dimmu Borgir - Hybrid Stigmata - The Apostasy
Filme: Hellraiser , 1987
"Recover from the philanthropic macabre frenzy. The pale dove grins, black at heart ready to flee. Demon to some, angel to others... [Lembre da frenesi macabra filantrópica. A pomba pálida sorri, coração negro pronto a fugir.
Demônio a alguns, anjos a outros...]"
A competente banda norueguesa de black metal sinfônico, Dimmu Borgir, conhecida pelos seus virtuosos arranjos de teclados, agressividade e qualidade inconfundível.
Nos brinda aqui com um hino negro totalmente inspirado no universo do personagem "Pinhead" e seus Cenobitas, universo esse criado pelo genial escritor e diretor inglês Clive Barker.
Os integrantes do Dimmu Borgir aqui prestaram uma "singela" homenagem aos arcanjos de blasfêmia e demônios que se alimentam da dor humana. O verso final, "Demônio para alguns, anjo para outros ..." dá ao slogan do filme um novo peso diabólico e lembra a todos nós que, o mal não está adormecido nunca!
Sobre o filme: Frank (Sean Chapman), um pervertido sexual, compra um cubo mágico e abre a porta de uma dimensão cheia de dor e tortura. Quando sua cunhada e antiga amante Julia (Clare Higgins) se muda para sua casa, ele tenta convencê-la a ajudá-lo a voltar ao mundo dos vivos.
Esse filme estabeleceu o personagem do Pinhead (vivido pelo ator Doug Bradley), como um dos icônicos personagens de horror de todos os tempos ao lado de monstros como Jason e Freddy Krueger.
Violência extrema, Gore, Vísceras aos montes, podreiras em geral, Satanismo, blasfêmias, permeiam a obra como um todo.
5. Orange Goblin - The Fog
Filme: The Fog/ A Bruma assassina 1980
"The mist is arid. and the moon is full
Sea dogs arise at nigh,and the golden cross will fall. [A névoa é árida. E a lua está cheia. Cães do Mar surgem e se aproximam, e a cruz de ouro vai cair]"
Já imaginou como poderia soar uma música inspirada num filme dirigido pelo Diretor John Carpenter, sobre uma obra escrita por Stephen King, e que conta a história de fantasmas náuticos que vem assombrar "ribeirinhos" numa comunidade americana. Imaginou?
A banda inglesa de Stoner Metal, Orange Goblin, teve a inspiração para tal façanha.
Nada seria mais interessante que narrar sobre uma névoa maligna, que chega trazendo uma horda de mortos-vivos leprosos que vem para reivindicar o que é deles por direito. (Poético não!? Rs)
Pra quem tem "medinho" do escuro e não aguenta assistir um bom filme de terror sozinho em casa, talvez encare essa música numa boa. Ela não soa nem tão extrema e nem tão satânica como as outras aqui já citadas. Mas ainda assim é uma música imperdível para quem curte filmes e temáticas de terror.
Sobre o filme: Prestes a comemorar cem anos de fundação, uma comunidade pesqueira é coberta por uma estranha bruma brilhante. A locutora da rádio local percebe o perigo deste nevoeiro e tenta desesperadamente alertar a população.
Como já citado, é um filme dirigido por John Carpenter (O enigma de outro mundo, Halloween, A beira da loucura), de uma obra do escritor Stephen king (Cemitério maldito, It, O iluminado).
Será que é bom!?
6. Witchery - Nosferatu
Filme: Nosferatu, 1922
"Let the sands drink the blood. Fear of the plague makes hostility just. Dance around the golden calf. [Deixe as areias beberem o sangue. O medo da peste torna a hostilidade. Dançar ao redor do bezerro de ouro]".
Se uma coisa é certa, é que a estética do expressionismo alemão triunfou e nos brinda até hoje com inúmeras referências. Seja elas no cinema, na música, nas artes visuais ou nos quadrinhos. (Confiem que o titio Iacobus sabe do que está falando. E asseguro que não se remete somente a pintura "O grito" de Edvard Munch reproduzida incansavelmente na cultura pop, desde o filme "Esqueceram de mim" até episódios de desenhos animados como "Os Simpsons". It's Alive!!!).
A banda suíça de Metal extremo, Witchery, nos transporta para atmosfera do filme sombrio Nosferatu de 1922, carregado de sombras e envolto num clima lúgubre, nos colocando na presença do perverso e assustador conde Orlock (Max Schereck). Um vampiro que mais se assemelha a um espectro demoníaco, com presas iguais a de um rato e que carrega consigo a morte e a loucura.
Sobre o filme: Hutter (Gustav von Wangenheim), agente imobiliário, viaja até os Montes Cárpatos para vender um castelo no Mar Báltico cujo proprietário é o excêntrico conde Graf Orlock (Max Schreck), que na verdade é um milenar vampiro que, buscando poder, se muda para Bremen, Alemanha, espalhando o terror na região. Curiosamente quem pode reverter esta situação é Ellen (Greta Schröder), a esposa de Hutter, pois Orlock está atraído por ela.
Na minha humilde opinião, Nosferatu ao lado do filme " O gabinete do Dr. Caligari", é a síntese do cinema expressionista alemão de todos os tempos. Claramente se percebe que Nosferatu é baseado fielmente na história do conde Drácula, mas trazendo mudanças nos nomes dos personagens, e também nos locais em que se passa a trama. Tudo isso para fugir do pagamento dos direitos autorais, que de qualquer forma viriam a ser reivindicados por uma viúva furiosa (que viria a ser a viúva do escritor que escreveu o romance Drácula, Bram Stoker).
7. Fantomas - Rosemary's Baby
Filme: Rosemary's Baby/ O Bebê de Rosemary 1968
"What, have they done to its eyes?! [ O que fizeram aos seus olhos!?]"
Fantomas é um projeto do ex-vocalista da banda estadunidense Faith no More, Mike Patton.
Eu não sei o que dizer a respeito dessa música, posso dizer apenas que ela é tão PERTURBADORA quanto a trilha sonora original do filme "O bebê de Rosemary" (que confesso que após eu ler o livro e rever o filme, me veio a real inspiração de escrever esse artigo do qual você está lendo meu prestimoso e curioso leitor).
"Rosemary's Baby" é uma letra econômica, mas que chega a sintetizar o total desconforto que venhamos a ter, ao tentar imaginar as feições do filho do diabo gerado no ventre de uma mulher mortal no decorrer desse filme. Essa sem sombra de dúvidas é uma música magnífica!!!
Sobre o filme: Um jovem casal, Rosemary (Mia Farrow) e Guy Woodhouse (John Cassavetes), se muda para um prédio habitado por pessoas estranhas, onde coisas bizarras acontecem. Quando ela engravida, passa a ter estranhas alucinações e vê o seu marido se envolver com os vizinhos, uma seita de bruxas que quer que ela dê luz ao Filho das Trevas.
Esse é um daqueles filmes que carrega uma aura maldita sobre ele. O Bebê de Rosemary Teve a "assessoria" nas filmagens do fundador da igreja satânica moderna, Anton LaVey. O mesmo circulava livremente pelos sets de filmagens durante boa parte das gravações no edifício Dakota. A esposa do diretor Roman Polansky, Sharon Tate, viria a ser assassinada um ano depois, bem no final de sua gestação em uma chacina cometida pelos seguidores de Charles Manson. O Diretor Roman Polansky teve também seu nome envolvido em um escândalo de abuso sexual infantil anos depois ao lançamento do filme.
E aí, tem coragem o suficiente para poder ver esse filme?
8. Ramones - Pet Sematary
Filme: Pet Sematary/ O cemitério maldito 1989
"I don't wanna be buried in a Pet Sematary.I don't want to live my life again.
[Eu não quero ser enterrado num cemitério de animais. Não quero viver minha vida outra vez]"
Tá, tá ok. Eu sei que quebrei a regra que estabeleci no começo que dizia; "Apenas músicas que não são próprias trilhas sonoras dos filmes". Mas não tem como eu deixar essa prima de fora. NÃO TEM!!!
Vou dar apenas três razões pra tentar te convencer disso: 1 - A música é muito fod@! 2 - O filme é muito Fod@! 3 - Ramones é muito Fod@!
Imagina o impacto pro titio aqui quando ainda era um franzino rapazote, tendo a experiência de quase gelar a própria espinha ao ver o clipe dessa música no extinto programa "Clip Trip" no início dos anos 1990 na tv gazeta, e depois incansavelmente na MTV por anos a fio.
Era uma experiência única ver os integrantes da banda tocando os seus instrumentos, em cima de lápides num cemitério, tudo isso enquanto passavam cenas do filme na tela da TV. (Quem viu o clipe e nunca se borrou de medo quando aparecia o personagem da Zelda, ou ao ouvir a risadinha do pequenino Gage no final do clipe, que atire a primeira pedra!).
Sobre o filme: Recentemente os Creeds se mudaram para uma nova casa nos arredores de Chicago. A casa é perfeita, exceto por duas coisas: os grandes caminhões, que vivem fazendo barulho na estrada, e o misterioso cemitério no bosque atrás da sua nova casa. Os vizinhos dos Creeds estão relutantes em falar sobre o cemitério e eles tem um bom motivo para tal comportamento. Gradativamente o casal toma conhecimento da verdade e ficam chocados ao saberem do perigo que seus filhos correm. Quando o gato da família morre atropelado, eles o enterram em um cemitério índio que tem o poder de ressuscitar o que for deixado naquele terreno, mas as consequências são inimagináveis pois dizem que o solo daquela terra é "Podre".
Na minha humilde opinião, essa é a obra mais fiel de um livro do Stephen King para o cinema, e é a melhor!
Tem que ver e rever esse filme diversas vezes, garanto que ele nunca decepciona! Só que de uma coisa nós nunca poderemos esquecer ao rever; "Às vezes, a morte é melhor." *Stephen King.
E aí, gostaram da matéria? A sua música preferida ficou de fora? Compartilhem com os seus amigos e quem sabe eu não venho com uma "Parte 2".
Um abraço a todos vocês crianças.
FONTE: Wikipedia, IMDB, Google,
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