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Shining: O verdadeiro sentido da escuridão

Por M. Mortifer
Postado em 26 de abril de 2021

Breve histórico biográfico e discográfico

Falar sobre o SHINING é falar sobre Niklas Kvarforth, já que ele é o fundador e mentor da banda. Niklas Kvarforth formou o SHINING em 1996, em Estocolmo e posteriormente assentou as bases da banda em Halmstad, quando tinha apenas doze anos de idade. Em 1998 a banda lançou o EP, "Submit to Selfdestruction", com a seguinte formação: Wraith, (Niklas Kvarforth) na guitarra e baixo, Impaler (Ted Wedebrand), na bateria e Robert (Robert Ayddan), no vocal. Niklas só assumiria o vocal do SHINING (juntamente com Andreas Classen) em 2000, com o lançamento do primeiro álbum da banda, "Within Deep Dark Chambers". Apenas em 2001, com o lançamento do álbum, "Livets ändhållplats", Niklas assume em definitivo o vocal da banda.

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Ao longo de quase vinte e cinco anos de carreira, o SHINING já lançou onze álbuns: "Within Deep Dark Chambers" (2000), "Livets ändhållplats" (2001), "III: Angst - Självdestruktivitetens emissarie" (2002), "IV - The Eerie Cold" (2005), "V - Halmstad (Niklas angående Niklas)" (2007), "VI - Klagopsalmer (2009)", "VII: Född förlorare" (2011), "Redefining Darkness" (2012), "8 ½ - Feberdrömmar i vaket tillstånd" (2013), "IX - Everyone, Everything, Everywhere, Ends" (2015), "X - Varg utan flock" (2018); quatro EPs: "Submit to Selfdestruction" (1998), "Lots of Girls Gonna Get Hurt" (2012), "Five Valid Reasons for Self-Inflicting Harm" (2014), "Fiende" (2017); oito Splits: "Dolorian / Shining" (2003), "The Sinister Alliance" (2007), "Shining / Den Saakaldte" (2008), "Shining / Alfahanne" (2012), "Shining / Monumentum" (2013), "In the Eerie Cold Where All the Witches Dance" (2013), "Shining on the Enslaved" (2015), "Shining / Srd" (2019); e três compilações: "Through Years of Oppression" (2004), "The Darkroom Sessions" (2004), "Oppression MMXVIII" (2018).

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Niklas Kvarforth possui os seguintes projetos paralelos: BLUE DETECTIVE, HØSTSOL, LICE, SKITLIV e, mais recentemente, o SEGER. Foi membro das seguintes bandas: BETHLEHEM (2009-2011), DEN SAAKALDTE (2008-2011), DIABOLICUM (2005-2011), FUNERAL DIRGE (1999), INCINERATE / TYRANT (? – 1996), ONDSKAPT (2005). Além de participar, como convidado, em outras séries de trabalhos de outras bandas e artistas: BEHEMOTH, BENIGHTED DARKEND, GRAVDAL, IN LINGUA MORTUA, KISTVAEN, KOZELJNIK, LIVSNEKAD, MANES, MELTED SPACE, OFERMOD, SEIDE, SIGH, SO MUCH FOR NOTHING, SOULEMISSION, THE SARCOPHAGUS, THE VISION BLEAK, URGEHAL, e, mais recentemente, no projeto solo de CHRIS WICKED.

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Caracterização do estilo do SHINING

O SHINING é considerado, pela maioria, uma das pioneiras bandas de "Suicidal Black Metal", com temas que abordam o suicídio, a depressão, o mal e a misantropia. Contudo, o próprio Niklas Kvarforth disse que cometeu um erro ao denominar o estilo da banda como "Suicidal Black Metal" (Ver o documentário, "Black Metal Santanica em 55:34). É a partir deste ponto que eu pretendo construir a minha análise sobre a banda.

Acompanho o Black Metal há décadas, desde o início dos anos 90, e o SHINING decididamente pode ser classificado como uma banda de Black Metal. Muitos podem alegar que apenas no início o SHINING possuía características do Black Metal, mas que com a mudança rítmica da banda, ao longo dos anos, ela não se enquadraria mais no estilo. De fato, o SHINING possui uma fusão rítmica de vários estilos musicais, que incluem elementos do Blues, Jazz, Industrial, Rap e até mesmo do Pop Rock. Niklas Kvarforth também não usa a imagem tradicional das bandas de Black Metal. Seu visual é uma mistura do estilo Punk com o estilo dos rappers. O SHINING também não versa sobre a temática anticristã/antirreligiosa em suas letras. Todavia, em primeiro lugar, devemos saber que é muito difícil isolarmos características específicas do Black Metal. Em segundo lugar, o Black Metal não se restringe apenas à imagem das bandas, à cadência musical, nem às letras anticristãs/antirreligiosas. O Black Metal transcende essas características. Contudo, uma das características mais importantes do Black Metal é refletir sobre a escuridão, e isso o SHINING faz com maestria. A escuridão que o SHINING evoca em suas letras é a escuridão do próprio ser humano.

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Conforme mencionei, logo no início desse texto, discorrer sobre o SHINING é discorrer sobre Niklas Kvarforth. Como Niklas já disse em várias entrevistas, as músicas do SHINING falam sobre "suas experiências pessoais". Ou seja, as letras do SHINING refletem a dor e a "escuridão" do próprio Niklas Kvarforth. A maioria de suas letras são autobiográficas. Julgo que Niklas Kvarforth é um legítimo poeta (1). Suas letras expressam a dor de uma maneira ímpar, sem ser apelativas. Muitas das letras do SHINING expressam a sua própria dor em lidar com as suas condições mentais, como por exemplo, as letras das canções: "Förtvivlan, Min Arvedel", "Fullständigt Jävla Död Inuti" e, sobretudo, a belíssima letra da canção: "Inga Broar Kvar Att Bränna". Niklas é esquizofrênico, bipolar e sofre de depressão profunda. Suas letras refletem quem ele é, o que ele sente, e como é difícil conviver com essas condições mentais. Em outros termos, ela canta sobre os "seus próprios demônios".

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A "missão" de tornar o Rock perigoso novamente

Outra questão que sempre é mencionada por Niklas Kvarforth em suas entrevistas é sobre a atual postura/atitude do Rock. Niklas não nega a sua admiração por GG Allin, e muitas vezes as suas atitudes são comparadas às dele. Niklas se automutila no palco, bebe e fuma em suas apresentações, distribui lâminas de barbear para os fãs, cospe bebida na audiência, provoca e agride os fãs, jornalistas e, até mesmo, os músicos de palco, põe constantemente as mãos na genitália em suas apresentações, beija e simula sexo oral com músicos convidados e com membros da banda, entre outras coisas. Em suas entrevistas, Niklas faz uma série de provocações aos entrevistadores. Suas atitudes e postura são, na maioria das vezes, intimidadoras. Muitos jornalistas não se sentem confortáveis para entrevistá-lo, com receio de sofrer algum tipo de agressão ou confronto. Suas entrevistas são repletas de declarações polêmicas e muitas vezes contraditórias. Niklas ressalta a sua admiração pelos músicos de Rap, exatamente porque idolatra a atitude e a postura dos rappers. Sempre compara essa atitude e postura com os as dos seus colegas de Black Metal. Ressalta que a música Rap é verdadeira, porque ela fala sobre a sua realidade. Fala sobre a violência, porque vivencia a violência. Niklas julga que é essa atitude e postura que faltam ao atual cenário do Rock, e, em especial, ao próprio Black Metal. Essa era uma das reivindicações de GG Allin: tornar o Rock perigoso novamente. Certamente se GG Allin estivesse vivo nos dias de hoje, ele não conseguiria fazer a mesma música e as mesmas apresentações que fazia nos finais dos anos 80 e inícios dos anos 90.

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O incentivo ao suicídio

Muitos julgam, a partir das entrevistas de Niklas, que o SHINING incentiva/encoraja o suicídio das pessoas. Apesar de Niklas repetir isso em diversas entrevistas, nós temos de saber separar o que é dito para chocar (a aparência) do que é dito, de fato, nas letras de suas músicas (a realidade). Em uma leitura atenta das letras do SHINING, percebemos que não há um estímulo ao suicídio propriamente dito. Sua música fala sobre a dor, a dor de viver. Conviver com essa dor é uma experiência extrema, e que nos leva a dois caminhos, como o próprio Niklas disse: "Ou você sucumbe, ou você se ergue" (Black Metal Satanica, em 58:06). Também não julgo que a música do SHINING provoque o suicídio, como uma espécie de mensagem subliminar que nos afetaria de algum modo. Quem quiser ter uma análise mais séria sobre este aspecto, aconselho que assista ao documentário, "Schnittklang (Can Music Cause Suicidal Impulses?)". Não obstante, eu não acredito que alguém ao ouvir uma música será condicionado a algo. Se alguém comete um suicídio é porque existem vários fatores subjacentes que levaram aquele indivíduo a essa ação, mas não porque uma música seria a causa do suicídio ou induziria alguém a isso.

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Muitos também julgam que Niklas Kvarforth é um hipócrita porque, uma vez que encoraja as pessoas ao suicídio, ele mesmo não o pratica. A partir do que mencionei acima, insisto que essa não é verdadeiramente a intenção/finalidade de suas letras. As letras do SHINING refletem Niklas Kvarforth. Niklas por ser esquizofrênico (2) tende a ser autodestrutivo, depressivo, ter falta de empatia e uma dificuldade de interação com as pessoas (daí a sua misantropia). As suas letras refletem o que ele sente. Niklas Kvarforth se automutila, como uma forma desesperada de obter um alívio para a sua intensa dor psíquica. Na realidade, há uma verdadeira luta para ele conviver com essas condições mentais. A morte é o caminho mais fácil para cessar a dor. Mas se você é alguém que quer vivenciar a dor, a pior forma da escuridão humana, o suicídio seria uma libertação desta dor, e, portanto, uma contradição.

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Depois de longos anos acompanhando o Black Metal e o metal extremo, eu posso afirmar que o SHINING foi uma das bandas que me surpreendeu bastante pela qualidade inegável do seu trabalho, tanto das composições quanto das melodias. A melodia é outro reflexo dos estados emocionais de Niklas. Elas alternam de uma fúria desenfreada para um estado absoluto de tristeza. Niklas Kvarforth é um artista incrível e possui uma voz magnífica. Ele é um excelente intérprete, pois consegue passar toda a carga de suas emoções através de sua música. Entendo que o SHINING para Niklas, se tornou um dispositivo para a uma espécie de resiliência em lidar com as suas condições mentais. Ironicamente, apesar de Niklas em suas entrevistas afirmar que não é intenção do SHINING usar as suas músicas como uma terapia, eu interpreto que, mesmo involuntariamente, Niklas Kvarforth consegue ser um exemplo de superação. Mostrou que a sua a música pode ser algo que possibilita uma perseveração do seu ser. A sua música se tornou a sua forma de resistência, força e persistência em viver.

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FONTE: Metal Archives
https://www.metal-archives.com/bands/shining/2256

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Sobre M. Mortifer

Possui graduação e Mestrado em Filosofia, atualmente cursa Doutorado e ensinanesta área. É eclético com relação à música, ouve de música erudita a Black Metal. Seus gêneros preferidos são os seguintes: Post-Punk, Dark Wave, Gothic Rock, Neo-Folk/Neo-Classical, Doom Metal, Death Metal, Gothic Metal, Folk Metal, Black Metal, Progressive Metal e Alternative Metal.
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