Lester Bangs: a faísca do barril de querosene
Por Pedro Sorrentino
Postado em 08 de abril de 2007
O crítico viciado, polêmico, sintético ecoa na alma roqueira...
Nascido em 1948, na Califórnia, Lester não só revolucionou a semiótica do rock como transpôs barreiras literárias e jornalísticas com a sua crítica cultural. Greil Marcus – outro gigante do jornalismo cultural-, afirmou sobre o único livro de Lester lançado em português (Reações Psicóticas – Ed. Conrad): "Talvez o que esse livro exija do leitor seja a disposição em aceitar que o maior escritor norte-americano tenha escrito apenas análises de discos".
Lester é bipolar, assim como seus textos. Não que ele sofra do distúrbio psicológico, porém seus escritos mantêm uma dualidade emocionante à medida que as páginas são viradas. Em um momento surge à paixão beat (por rockers, mulheres ou canções); depois vem o desprezo pela Indústria Cultural e todo o culto as celebridades, o jornalismo rosamente inútil e frívolo.
Foi o percussor de termos hoje banais, como punk rock e heavy metal. Mudou a face do jornalismo cutural. Foi imortalizado (e adulterado) no filme Quase Famosos (2000), de Cameron Crowe. Adulterado, pois após sua morte por overdose de medicamentos em 82, Bangs virou cult, contudo sabe-se que ele não desejava isso. Faria como Machado de Assis em Brás Cubas: dedicaria sua obra "ao verme que primeiro roeu as frias carnes do meu cadáver". Não seria o herói/mentor do jovem jornalista William Miller (Patrick Fugit), como o filme belamente retratou.
Seus textos são hilariamente recheados de profundos conhecimentos sobre alucinógenos. No texto Vamos Agora Louvar os Famosos Duendes da Morte – ou Como Enfiei o Pé Na Jaca com Lou Reed e Fiquei Acordado, ele escreveu "Quem mais conseguiria dar a volta por cima sedado numa gigantesca cápsula de secobarbital?" Que diabos é secobarbital? Para isso há uma nota do editor explicando: "Um tipo de barbitúrico, substância de ação fortemente calmante".
Por fim, ler Lester é como ouvir pela primeira vez uma banda ótima, com lugar garantido na história. Seu texto é romanticamente bruto e intenso como Iggy Pop ao vivo. Mas devemos também tomar cuidado com o homem que direcionava suas críticas pela qualidade do buffet das assessorias de imprensa, e vivia bêbado ouvindo Black Sabbath e Xingando o Doors.
Receba novidades do Whiplash.NetWhatsAppTelegramFacebookInstagramTwitterYouTubeGoogle NewsE-MailApps



Baterista quebra silêncio e explica o que houve com Ready To Be Hated, de Luis Mariutti
O "Big 4" do rock e do heavy metal em 2025, segundo a Loudwire
O álbum que define o heavy metal, segundo Andreas Kisser
A música que Lars Ulrich disse ter "o riff mais clássico de todos os tempos"
We Are One Tour 2026 anuncia data extra para São Paulo
O lendário guitarrista que é o "Beethoven do rock", segundo Paul Stanley do Kiss
A icônica banda que negligenciou o mercado americano; "Éramos muito jovens"
Dio elege a melhor música de sua banda preferida; "tive que sair da estrada"
A banda que fez George Martin desistir do heavy metal; "um choque de culturas"
As 5 melhores bandas de rock de Brasília de todos os tempos, segundo Sérgio Martins
Os 11 melhores álbuns de metal progressivo de 2025, segundo a Loudwire
Como foi lidar com viúvas de Ritchie Blackmore no Deep Purple, segundo Steve Morse
Os onze maiores álbums conceituais de prog rock da história, conforme a Loudwire
O primeiro supergrupo de rock da história, segundo jornalista Sérgio Martins
Para criticar Ace Frehley, Gene Simmons mente que ninguém morre devido a quedas


Alcest - Discografia comentada
Eles abriram caminho para bandas como o Guns N' Roses, mas muita gente nunca ouviu falar deles
Guns N' Roses: como foram gravados os "ruídos sexuais" de "Rocket Queen"
Bandas de Heavy Metal esquecidas (ou desconhecidas) do público brasileiro


