Superdrag
Por Alexandre Luzardo
Postado em 25 de junho de 2006
Originalmente publicada no site Dying Days
Com uma sensibilidade pop notável e uma criatividade invejável, o Superdrag construiu seu nome durante os anos 90. Acabou não tendo muita sorte com as grandes gravadoras, mas ao fazer o caminho de volta às independentes, a banda manteve a credibilidade junto a um público restrito mas devotado, que até hoje cultua o Superdrag como uma das bandas mais talentosas (e incompreendidas) da última década.
Definir o som do Superdrag não é tarefa fácil, com influências tão diversas. Agregando elementos de bandas dos anos 60 como o pop dos Beatles e do Big Star, a psicodelia melódica do Zombies, aliado a guitarreira do My Bloody Valentine e a veia punk do Hüsker Dü, o Superdrag conseguiu uma mistura única e variada, que vai desde as melodias pop irresistíveis, passando por rocks certeiros e baladas introspectivas. Ainda assim, os críticos costumam associar o nome do Superdrag ao power pop, ou mesmo punk pop, e o som da banda não soaria alienígena próximo a nomes como Weezer, Posies, Fountains of Wayne, Teenage Fanclub, Lemonheads, Nada Surf, Mattew Sweet ou até mesmo Foo Fighters.
O Supergrag foi formado pelo vocalista/guitarrista John Davis, o guitarrista Brandon Fisher, o baixista Tom Pappas e o baterista Don Coffey Jr., que já haviam formado outras bandas juntos, como Punch Wagon e 30 Amp Fuse. No início dos anos 90, eles formavam a banda The Used, com Davis na bateria, Pappas no vocal e guitarra, Fisher na guitarra e Chris Hargrove no baixo. Coffey Jr. foi chamado para a tocar bateria no Used quando Davis saiu para uma carreira solo. Davis gravou algumas demos (que eram intituladas Superdrag) tocando todos os instrumentos. As demos tiveram boa circulação e aceitação. Logo, Davis precisaria de outros músicos para shows. A idéia foi então chamar os ex-companheiros do Used para tocar com ele e esse é o começo oficial do Superdrag. Na prática, é quase a mesma banda que já existia, com Davis trocando a bateria pelo vocal e a guitarra, com Tom Pappas assumindo o baixo.
A banda seguiu tocando ao vivo pelos arredores de Knoxville e em 1995 lançou o EP "The Fabulous 8 Track Sounds of Superdrag", pela gravadora independente Darla Records, de propriedade do manager da banda. O EP obteve excelente repercussão com a crítica, o que deu origem a um leilão de grandes gravadoras para assinar com o Superdrag, que optou pela Elektra Records.
O álbum de estréia da banda, "Regretfully Yours", foi lançado em 1996. Obteve boas críticas e ainda trazia um single sério candidato a hit, a grudentíssima "Sucked Out". Em pouco tempo, a banda conseguiu destaque na MTV e nas rádios com "Sucked Out" e o disco atingiu 300mil cópias vendidas. No entanto, o segundo single, "Destination Ursa Major" não repetiu a performance do anterior, freando a trajetória do álbum "Regretfully Yours" no mainstream. O Superdrag embarcou numa extensa turnê, tocando mais de uma centena de shows, que ganhavam popularidade aos poucos, embora as novas músicas apresentadas pela banda durante as apresentações causavam uma certa estranheza. Enquanto o pop fácil de "Regretfully Yours" se tornava a marca da banda (evidenciado pelo ensolarado single "Sucked Out"), as novas canções (boa parte delas baseadas em piano) eram mais sofisticadas e obscuras.
O segundo álbum foi gravado na cidade de Woodstock, NY, com o produtor Jerry Finn (Green Day, Rancid e Blink 182). Lançado em março de 1998, "Head Trip in Every Key" é bem mais ousado que o disco anterior, com trechos orquestrados, instrumentos requintados e tempos variados. Davis incorporou ao som do Superdrag, além do piano, o theremin e a cítara. Em uma das músicas, "Schuck & Jive", que apresenta elementos dissidentes dos Beach Boys, Davis canta sozinho harmonias de cinco vozes.
Embora o disco tenha recebido críticas melhores do que em sua estréia, a gravadora Elektra já não estava entusiasmada com o Superdrag, empenhando praticamente nenhum esforço na promoção do disco. Até mesmo o orçamento para o videoclip de "Do The Vampire" não foi aprovado, com a gravadora optando utilizar a verba para um video de uma banda techno, considerada mais comercial. Sem um single tocando nas rádios e MTV, o disco sumiu das paradas rapidamente, assim como ficou difícil agendar shows.
Assim terminou a trajetória de "Head Trip in Every Key", apenas poucos meses depois de seu lançamento. Ao não repetir o sucesso de seu anterior, "Head Trip in Every Key" rendeu ao Superdrag o peso incômodo de ser considerado uma banda 'one hit wonder' pela mídia.
Desapontado pela falta de apoio da gravadora, o Superdrag coloca no mercado de forma independente a coletânea "Stereo 360 Sound", que reúne as demos dos primórdios de sua carreira, os b-sides dos singles e sobras de estúdio. De certa forma, "Stereo 360 Sound" renovou o ânimo do grupo, que retornou ao estúdio para gravar seu terceiro disco. No entanto, as pressões intermináveis para que a banda gravasse "hits" fez com que o Superdrag rompesse definitivamente com a Elektra. Frustrado com a situação, o baixista John Pappas abandona o Superdrag se dedicar ao Flesh Vehicle, projeto-paralelo que ele já havia montado há algum tempo.
Sem perder tempo, o Superdrag chama o baixista Sam Powers, que tocava na banda Who Hit John, de Nashville, para integrar o grupo. Em 1999, a banda abre o seu próprio estúdio, Knoxvegas, e inicia os trabalhos no seu terceiro álbum. "In The Valley of Dying Stars" é lançado em 2000 pela Arena Rock Recording Company, recém-inaugurada gravadora independente de Nova York.
"In The Valley of Dying Stars" combinava elementos dos dois primeiros álbuns, a energia de Regretfully Yours e os arranjos mais elaborados de "Head Trip in Every Key". O disco passou longe do grande público, mas foi bem recebido pelo circuito alternativo, onde parece ser o destino definitivo do Superdrag.
Em 2002, é lançado "Last Call For Vitriol", também pela Arena Rock, seguido de extensa turnê. Mais um sólido trabalho que consolida a atual posição do Superdrag, onde as trapalhadas de gravadoras grandes ficaram definitivamente para trás.
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