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Mark Lanegan

Postado em 06 de abril de 2006

Biografia originalmente publicada no site Dying Days

Por Alexandre Luzardo

Mark Lanegan, o vocalista do Screaming Trees, tem uma longa história na música de Seattle ao lado de sua banda. E a trajetória do Screaming Trees, principalmente durante a década de 80 é recheada de conflitos internos, brigas e algumas paradas, onde durante uma delas, em 1989, o tímido e quieto vocalista Mark Lanegan resolveu fazer um álbum solo.

Naquela época, os Screaming Trees eram heróis locais, além de já ter obtido um certo reconhecimento na cena underground do rock americano, tendo gravado 3 álbuns na influente gravadora SST. Era um momento de transição na carreira da banda, onde eles tinham acabado de gravar um EP pela SubPop, oportunamente chamado de Change Has Come, e estavam acertando os detalhes para assinar contrato com uma grande gravadora.

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Mark, aproveitando o tempo de inatividade de sua banda, reúne alguns amigos para tocar músicas com uma sonoridade diferente do Trees. A idéia inicial era fazer um EP de blues, Mark contou com o baterista do Trees na época, Mark Pickerel e os então desconhecidos Kurt Cobain e Krist Novoselic, do tempo em que ainda assinavam Kurdt e Chris, respectivamente. Eles ensaiaram três covers para o álbum, odiaram duas e o material foi descartado (a outra música seria Where Did You Sleep Last Night). Lanegan então resolve compor material inédito para o álbum e acaba escrevendo 20 músicas em um mês.

A gravadora SubPop fica sabendo do projeto e acaba abraçando a idéia, resolvendo lançar o álbum. Para as gravações em estúdio, Mark conta com a produção do já experiente Jack Endino e do guitarrista Mike Johnson (Dinosaur Jr.) que dá uma bela contribuição nos arranjos. O disco todo é gravado em apenas três dias e o resultado é The Winding Sheet, seu primeiro álbum solo.

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O álbum obteve uma boa aceitação, sobretudo entre a crítica local e chamou a atenção exatamente pela diferença na comparação com o som do Trees. Os detaques são Ugly Sunday, Woe e Where Did You Sleep Last Night e a sonoridade do disco realmente lembra a atmosfera do blues, apesar de não conter nenhum arranjo convencional de blues ou meros clichês. Apenas duas músicas usam guitarras mais pesadas, graças a participação de Kurt Cobain nas faixas Down In The Dark e na própria Where Did You Sleep Last Night, enquanto que no resto do álbum é usado um arranjo mais atmosférico e acústico com guitarras ocasionais.

No entanto, The Winding Sheet foi encarado apenas como um projeto paralelo, e assim, a partir de 1990 foram intensas as atividades do Screaming Trees. Ainda naquele ano é lançado o álbum Uncle Anesthesia, com produção de Chris Cornell. Em 1992, foi lançado Sweet Oblivion que teve uma boa vendagem, puxado pelo "quase-hit" Nearly Lost You, e banda partiu para uma longa turnê.

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O Trees chegou a gravar um novo álbum com o produtor Don Fleming, o mesmo de Sweet Oblivion, mas a própria banda descartou o material e decidiu dar mais uma parada.

Mark Lanegan finalmente pôde se dedicar ao segundo trabalho solo. Ele já vinha compondo músicas para seu um novo disco desde 1992 e o plano era de gravar o álbum todo em uma semana, ainda em 1992, mas o projeto foi atrasado, primeiro pelos problemas financeiros da SubPop. Em seguida, as constantes turnês e compromissos com o Screaming Trees adiaram o projeto até agosto de 1993, quando reunido novamente com Mike Johnson, e contando com a ajuda de vários outros músicos, foi gravado o álbum Whiskey for the Holy Ghost, que acabou lançado em janeiro de 1994.

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Este segundo álbum teve uma produção bem mais cuidada que o anterior, até porque o tempo foi maior para que as músicas e arranjos fossem melhor trabalhados. Além de Mike Johnson, o principal colaborador de Mark, entre os convidados de peso estavam J.Mascis (vocalista do Dinosaur Jr., que tocou bateria em uma faixa), Dan Peters (Mudhoney), Tad Doyle (TAD) e Mark Pickerel (ex-Screaming Trees), todos bateristas. A produção ficou a cargo de Jack Endino e Terry Date além dos próprios Mark Lanegan e Mike Johnson. A crítica americana consagrou o álbum que também foi muito bem recebido na Inglaterra e as vendas, para os padrões da SubPop, entusiasmaram. Os principais destaques do disco são a belíssima The River Rise, Borracho, El Sol e House A Home (que foi lançada em single e teve videoclip lançado).

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Em seguida, Mark participa do álbum Above, do Mad Season, do qual faz parte o baterista do Screaming Trees, Barrett Martin. Ele canta em duas músicas, fazendo um dueto com Layne Staley, em Long Gone Day e I'm Above.

Dois anos depois, o Screaming Trees retoma sua carreira com o lançamento do álbum Dust seguido de uma intensa turnê, que incluiu uma participação no festival Lolapalooza ao lado de Soundgarden e Metallica.

Em 1997, os problemas de Mark com drogas pesadas praticamente o derrubaram, levando o Screaming Trees a ficar mais um tempo parado. Mark teve que passar por momentos turbulentos com problemas com a lei e clínicas de reabilitação, dramas infelizmente vividos por muitos de seus colegas nessa década, como Layne Staley, Scott Weiland, Mike McCready além do exemplo mais famoso, o seu amigo Kurt Cobain.

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Em 1998, um limpo e recuperado Mark Lanegan recebe um telefonema de Mike Johnson convidando para que voltassem a trabalhar juntos. Em apenas três semanas eles finalizam o terceiro álbum de Mark, Scraps At Midnight. Ao mesmo tempo em que compunham, Mark e Mike gravavam e finalizavam, as letras eram escritas por Mark momentos antes de gravá-las, ou direto no microfone, como ele costumava fazer nos primeiros álbuns dos Screaming Trees.

O disco foi gravado no Rancho de La Luna, um sítio isolado no interior da California. Na mesma oportunidade Mike também grava seu terceiro álbum solo e Mark apronta músicas para seus futuros lançamentos, um álbum de covers e um novo disco de músicas inéditas, possivelmente um álbum duplo.

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Scraps At Midnight foi lançado em julho de 1998 e pela primeira vez em sua carreira solo, Mark Lanegan saiu em turnê para divulgar o disco, contanto com uma banda de peso, onde contava mais uma vez com Mike Johnson e o grande baixista Ben Shepard, ex-Soundgarden. O som de Scraps mostra uma mistura de folk e blues com arranjos um pouco mais descuidados que no álbum anterior, soando mais "ao vivo". As melhores músicas são Stay, Last One In The World, Wheels e Praying Ground.

Durante esse período, foi noticiado que Lanegan seria o vocalista para o segundo álbum do Mad Season, renomeado como Disinformation, mas o projeto foi abandonado depois da morte do baixista John Baker Saunders. Mark também teria ensaiado músicas para um futuro projeto juntamente com os integrantes do Tuatara, banda experimental de jazz/rock, formada pelo guitarrista Peter Buck (R.E.M.) e o baterista Barrett Martin (Screaming Trees, Mad Season).

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Em 1999, é lançado o álbum de covers I'll Take Care of You, cuja sonoridade se aproxima a do álbum anterior, Scraps At Midnight. Arranjos despretensiosos e espontâneos com algumas músicas baseadas apenas em violão e voz. Os destaques do álbum são Carry Home (do Gun Club), Shiloh Town e Consider Me (de Eddie Floyd). Desta vez, não houve turnê nem shows de divulgação.

Ainda em 1999, o Screaming Trees se reúne para iniciar a pré-produção para o novo álbum, é gravada uma demo com quatro músicas novas. Em fevereiro de 2000 a banda faz dois shows no Viper Room em Los Angeles, com o intuito de assinar com alguma gravadora, o que acaba não acontecendo. Em junho, durante a inauguração do EMP, o museu do rock em Seattle, o Screaming Trees faz o derradeiro show de sua carreira.

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Após o fim do Screaming Trees, Mark Lanegan volta a se concentrar em sua carreira solo, a idéia inicial de lançar um álbum duplo é descartada e em 2001 é lançado Field Songs, com a participação de Ben Shepherd, Mike Johnson entre outros. De novo, Lanegan resolve não fazer shows, optando por participar como vocalista convidado na turnê do Queens of the Stone Age. Ainda em 2001, Mark participa do novo álbum do QOTSA e trabalha junto com Greg Dulli (ex-vocalista do Afghan Whigs) em um novo projeto, ainda sem previsão de lançamento.

A participação no Queens acabou florescendo e Lanegan tornou-se integrante fixo da banda, que lançou o elogiadíssimo álbum "Songs For The Deaf" em 2002. Depois de um ano e meio de shows com o Queens, Lanegan voltaria a pensar em sua carreira solo apenas em 2003. Nesse meio tempo, o Queens se tornou uma das bandas mais importantes da atualidade, teoricamente aumentando a visibilidade do trabalho solo de Mark Lanegan.

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Em 2003, durante os intervalos da concorrida agenda do Queens, Lanegan grava as músicas de seu sexto álbum solo, intitulado "Bubblegum", inicialmente previsto para ser lançado em setembro. A "comunidade" do Queens of the Stone Age participou em peso do disco: os integrantes Josh Homme e Nick Oliveri, Chris Goss (produtor de vários discos do Queens e integrante do Master of Reality); além de nomes conhecidos como PJ Harvey, Greg Dulli (Afghan Whigs, Twilight Singers) e Alain Johannes (Eleven). Trata-se da primeira vez que Lanegan grava um disco sem a participação de Mike Johnson, parceiro de longa data.

No entanto, depois de uma seqüência de adiamentos, "Bubblegum" acabou ficando apenas para 2004, sendo substituído pelo EP "Here Comes That Weird Chill", lançado em novembro.

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Ainda que "Here Comes That Weird Chill" mantenha o clima sombrio dos trabalhos anteriores, é um disco bem diferente, com uma sonoridade mais pesada e suja, com muitas distorções e efeitos, servindo como indicativo de uma nova direção em sua carreira. A mudança passa também pelo nome, a partir de "Here Comes That Weird Chill" Lanegan passa a assinar seus discos como Mark Lanegan Band.

No fim de 2003, Lanegan embarca em turnê de uma dezena de shows na Europa e Estados Unidos. Entre os integrantes da Mark Lanegan Band estavam o guitarrista Troy Van Leeuwen (Queens of the Stone Age, A Perfect Circle), Greg Dulli tocando teclados (!) e Brett Netson (do Caustic Resin, onde toca ao lado de Mike Johnson). O ponto alto da turnê foi em Seattle, onde Lanegan chamou ao palco Ben Shepherd (Soundgarden), Mike Johnson e Van Conner (Screaming Trees) e Dulli para tocar os clássicos "River Rise" e "Dollar Bill", do Screaming Trees.

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