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Supertramp

Por Walter Russo
Postado em 06 de abril de 2006

SUPERTRAMP = SUPERMENDIGO !!!!

É, mas na verdade o nome de batismo dessa banda inglesa em nada tem a ver com o talento de seus membros e a qualidade de suas músicas... e que músicas !!!

Tudo começou em 1969. Rick Davies (22/07/1944) era então um talentoso tecladista/vocalista em busca de outros músicos para formar uma banda. Ele contava com o estímulo de um mecenas (mecenas é aquele cidadão que dá ajuda financeira para artistas) que havia conhecido enquanto tocava em outras bandas: "Rick's Blues", "The Lonely Ones" e "The Joint".

Nessa época de procura por músicos, Rick acabou conhecendo Roger Hodgson (21/03/1950). Os dois juntos começam a compor material enquanto traçavam os planos para formar o que seria a primeira versão do Supertramp (que na época ainda se chamava "Daddy" !)

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A primeira formação foi encabeçada por Rick (vocal/teclados/gaita), Roger (vocal/baixo), Richard Palmer (guitarra/vocal) e Robert Millar (bateria).

Robert Millar foi quem sugeriu a troca do nome da banda de "Daddy" para "Supertramp". Nessa época ele estava lendo o livro "The Autobiography of a Supertramp" de R. H. Davies.

Com essa formação gravaram em 1970 o primeiro disco da banda, intitulado simplesmente "Supertramp". Com um estilo muito diferente do som que os tornaria mundialmente famosos, o álbum acabou fracassando...

Apesar do mau começo, Rick e Roger decidiram continuar... Em 1971 chamaram novos músicos: Frank Farrel (baixo), Kevin Currie (bateria) e Dave Winthrop (flauta, sax). Com essa formação (onde Roger assumiu a guitarra) eles gravam "Indelibly Stamped". Mesmo com um som muito mais "pop" do que o que havia marcado o primeiro álbum, e com canções muito mais interessantes, esse segundo disco também acabou tendo uma vendagem muito abaixo da esperada...

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Vendo o resultado do segundo disco, a banda decidiu dar um tempo. Rick e Roger dispensaram os outros músicos e passaram o ano de 1972 compondo novo material e imaginando qual estratégia teriam que assumir para conseguir o sonhado sucesso.

Em 1973, os dois talentosos parceiros partem em nova busca por músicos. Nesse período conhecem o baixista escocês Dougie Thomson (24/03/1951), o baterista americano Bob Siebenberg (31/10/1949) e o saxofonista inglês John Anthony Helliwell (15/02/1945).

Os cinco (que se tornaram a formação mais tradicional do Supertramp) se trancam por quase um ano em uma casa alugada pela gravadora A&M Records e lá começam a compor e arranjar as músicas que dariam origem ao disco mais elogiado de toda a sua carreira.

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Isso mesmo, em 1974 eles lançam "Crime of the Century". O álbum contém grandes sucessos da banda ! Hits como "Dreamer" e "Bloody Well Right", clássicos como "Hide in your Shell" e "Rudy" e obras-de-arte como "School" e "Crime of the Century".

O disco alcançou o sucesso junto à crítica e um ótimo desempenho em vendas (6 milhões de cópias). Mas até então o Supertramp era apenas mais uma banda talentosa...

Em 1975 eles lançam "Crisis ? What Crisis ?" ainda no vácuo do sucesso do disco anterior. Músicas como "Ain't Nobody But Me" e "Lady" atingem ótimas posições nas paradas, e o Supertramp lota shows pela Europa e Canadá. Apesar de o disco ter sido lançado com um certo sucesso nos Estados Unidos, eles ainda não conseguiam lá o mesmo desempenho que tinham no mercado europeu. O álbum atinge a marca de 4 milhões de cópias vendidas e vem fixar mais ainda o nome da banda no cenário musical.

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Ainda em 1975 a banda decide se mudar definitivamente para os EUA e passam a morar na California. Passam o ano de 1975 e parte de 1976 cumprindo a agenda dos shows e compondo material para um novo álbum...

Em março de 1977 lançam "Even in the Quietest Moments" que para muitos é considerado o disco mais "trabalhado" da banda. Contem o grande hit "Give a Little Bit" (que acaba sendo incluída numa cena antológica do filme "Superman"), a romântica "Downstream" e verdadeiros hinos como "From Now On" e "Fool's Overture".

Com as vendagens atingindo números que a banda nem poderia sonhar anos antes (por volta de 6 milhões de cópias até hoje), com a crítica tecendo elogios por todo o mundo, com shows lotados na Europa, Canadá, Estados Unidos, Austrália e Japão, só faltava um último desafio: conquistar definitivamente (apesar de já terem até discos de platina) o milionário mercado americano...

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E o que parecia impossível aconteceu. Em março de 1979, após longas discussões sobre a melhor estratégia para atingir em cheio o público norte americano, a banda lança o maior sucesso de sua carreira e um dos discos mais vendidos da história da música pop.

Inicialmente batizado de "Hello Stranger" (com o intuito de mostrar as diferenças musicais e de personalidade entre Rick e Roger) , sabiamente o título foi logo mudado (dias antes do lançamento) para "Breakfast in America". As vendagens atingiram a incrível marca de 18 milhões de cópias em poucos meses, muitas vezes maior que os discos anteriores da banda. Dados atualizados em 2002, somando todas os "formatos" (LPs, cassetes e CDs) vendidos, contabilizam cerca de 22 milhões de discos !!! "Breakfast in America" foi o álbum mais vendido do ano de 1979 em todo o mundo, ficou por 10 semanas em primeiro lugar na parada da revista "Billboard", 22 semanas no "Top Five" dos discos mais vendidos nos EUA, 48 semanas (isso mesmo !) no "Top Forty", seus hits "The Logical Song", "Goodbye Stranger", "Breakfast in America" e "Take the Long Way Home" estiveram entre as músicas mais executadas nas rádios do planeta naquele ano.

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O assédio da imprensa e dos fãs os tornou verdadeiros "popstars", status que a banda realmente nunca desejou. Desde seu primeiro disco, o Supertramp fez questão de manter o rosto de seus integrantes em um relativo anonimato (é considerada uma banda "faceless"). Jamais apareceram em capas de discos, evitavam entrevistas para emissoras de TV, enfim, queriam manter suas vidas pessoais desconectadas do "showbizz".

Existem até passagens curiosas relativas a essa aversão à fama. Em vários shows (inclusive nas mega tournées de 1980 e 1983), era muito comum alguns integrantes da banda passearem livremente pela platéia sem serem reconhecidos. John Helliwell conta que num certo show, cerca de 1 hora antes do seu início, estava andando próximo ao palco quando um rapaz perguntou: "Será que esses caras são tão bons ao vivo quanto no estúdio ?". John (o membro mais brincalhão da banda) respondeu: "Sei lá ! Na verdade nem gosto muito deles !"...

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Graças ao sucesso alcançado com "Breakfast in America" e shows lotados em todos os países, o Supertramp decide colocar em prática um velho e sonhado projeto: a gravação de um "Live Album". Muitos críticos diziam que seria impossível a banda conseguir numa gravação ao vivo a mesma qualidade e perfeição que eram sua marca registrada no estúdio. Alguns diziam até que o Supertramp era uma banda apenas para estúdio !

Pensando em acabar com essa falsa imagem, eles decidem começar a gravar alguns shows realizados no Canadá e na Europa. Contratam um estúdio móvel de 48 canais, o "Mobile 1 Remote" (o que havia de mais avançado na época !) e os serviços de um jovem porém talentoso Engenheiro de Som (Peter Henderson) e acabam escolhendo os shows realizados no "Paris Pavillon" em 29 e 30 de novembro de 1979 para serem gravados.

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O disco, que seria triplo, teria 23 músicas e seria o registro completo de um típico concerto daquela tour. Mas, infelizmente, tanto a gravadora como a própria banda acabaram decidindo abortar o projeto de um álbum triplo... A gravadora acreditava que o disco teria um custo muito alto, o que diminuiria suas vendas... Já a banda preferiu cortar algumas músicas, por considerar que o registro ao vivo não havia ficado muito bom...

Após a difícil tarefa de escolher apenas 16 músicas ( "Goodbye Stranger", "Give a Little Bit", "Oh Darling", "Child of Vision", "Even in the Quietest Moments", "Downstream" e "Another Man's Woman" acabaram ficando de fora), foi lançado em 1980 o álbum ao vivo simplesmente intitulado "Paris".

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Novamente o sucesso os alcança com vendagens de 5 milhões de cópias (fato muito raro para um álbum duplo!). A crítica, que anteriormente duvidava da possibilidade de uma gravação ao vivo de grande qualidade, se rende completamente ao produto final. "Paris" é considerado um marco da indústria fonográfica. A partir da sua gravação, muitos artistas e bandas começaram a utilizar os serviços de Peter Henderson...

Mas as coisas começavam a ficar insustentáveis para a dupla Rick Davies e Roger Hodgson. Os dois, apesar de serem os únicos membros remanescentes da formação original e de efetivamente possuírem o dom de compor canções fantásticas, nunca tiveram muitas "afinidades" fora do campo musical. Embora tivessem um enorme respeito mútuo, Rick e Roger tinham personalidades completamente opostas. Rick gostava de grandes produções, com uma certa neurose pela qualidade dos arranjos das gravações. Já Roger preferia um som mais simples, se tornando cada mais avesso aos grandes "esquemas" da gravadora. Além disso Roger deixava cada vez mais claro que o Supertramp não o entusiasmava mais, e que os planos para uma carreira solo estavam cada vez mais fortes. Essas diferenças ficaram muito nítidas durante as gravações do "Breakfast in America". Basta ouvir "Child of Vision" (composta por Roger) e "Casual Conversations" (Rick) para perceber como no fundo eles comentam suas diferenças.

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Por conta de todas essas incompatibilidades, Roger ameaça deixar a banda logo após o término da tour de 1979. Porém, após longas negociações envolvendo os membros da banda, a gravadora e uma "conversa particular entre Rick e Roger" que durou horas (e cujo conteúdo nunca foi revelado), Roger Hodgson anuncia que permaneceria no Supertramp para a gravação de apenas mais um disco. Seriam suas "famosas últimas palavras"...

Após darem um tempo durante 1980 e 1981, em 1982 a banda volta aos estúdios para lançar o último álbum com a formação mais tradicional que teve.

O disco foi totalmente gravado nos estúdios pessoais de Rick Davies (Backyard Studio) e Roger Hodgson (Unicorn Studios).

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Com o sugestivo nome "...Famous Last Words..." a banda deu a entender que realmente algo estava terminando.

Como todo lançamento do Supertramp, a expectativa era muito grande. Logo de cara a banda conseguiu colocar um single no topo das paradas: "It's Raining Again" (uma das músicas mais comerciais de sua carreira). Na seqüência outro single atinge ótimas posições: "My Kind of Lady" (uma linda canção romântica no estilo "anos 50") .

Pela primeira vez a banda produz vídeo clipes, percebendo que a nova realidade da MTV estava muito presente.

O álbum não atingiu a vendagem obtida pelo anterior, mas chegou a cerca de 6 milhões de cópias (o que os fez ganhar mais alguns discos de platina).

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Seguindo-se ao lançamento, a banda inicia a maior tour de toda a sua carreira...

Num primeiro momento até Rick, John, Dougie e Bob acreditavam que Roger poderia voltar atrás na sua decisão de deixar a banda após o final da tournée.

Então começou o que seria a maior tour de todos os tempos da banda. Após os 25 primeiros shows realizados na Europa, a banda ainda se apresentou em 28 locais entre Canadá e Estados Unidos. Com apenas 53 shows realizados a banda atingiu a incrível marca de 1,5 milhão de pessoas, uma média de 28.000 pagantes por apresentação (sendo a maior platéia em Paris - 82.000 pessoas). Até então apenas os Rolling Stones haviam atingido uma marca superior.

Foi, nessa época, que a princesa Diana declarou que o Supertramp era sua banda predileta...

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O que era previsível ocorreu: Roger deixou o Supertramp para uma controvertida carreira solo. Lançou "In the Eye of the Storm" em 1984, "Hai Hai" em 1987, "Rites of Passage" em 1997 e o fantástico "Open The Door" (maio de 2000). Leia mais sobre a carreira solo do Roger em sua biografia !

Bem, continuemos com o Supertramp.

Em 1985, Rick, John, Dougie e Bob lançaram "Brother Where You Bound"...

Um lançamento um tanto estranho, aconteceu a bordo do "Orient Express", com direito a show com piano de cauda e tudo mais !!! (um antigo sonho de Rick Davies, um fanático por trens). A banda fretou parte do famoso trem e convidou 50 jornalistas de vários países para uma viagem de 22 horas entre Paris e Veneza.

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Realmente a banda começou uma nova fase na sua história, tendendo para uma linha mais do Rhythm & Blues. O álbum tem uma única música com apelo pop (a dançante "Cannonball") e as outras tendendo a um trabalho mais intimista e em alguns casos mais "pesado". Para tanto, Rick Davies convidou o guitarrista David Gilmour do Pink Floyd, banda esta que vivia uma crise interna com a briga de Roger Waters e os outros membros.

Chegou-se a dizer na época que Gilmour seria o novo guitarrista do Supertramp, mas ele apenas havia sido convidado para tocar na música título. Essa música tinha 16 minutos e em cima dela foi feito um curta-metragem de 18 minutos (lançado em VHS e LD).

"Cannonball" e "Better Days" tiveram vídeo clipes gravados, sendo que o de "Better Days" foi premiado como um dos melhores clipes de 1985 pela MTV Americana.

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O disco em si não chegou à vendagem dos anteriores, mas mesmo assim atingiu 2,5 milhões de cópias.

A banda aguardou alguns meses para sair em tour, e o fez em locais menores dos que estavam acostumados a tocar. Outro detalhe: a banda não tocou, durante os shows, nenhuma música cantada por Roger. Eles desejavam firmar sua imagem independentemente da ausência de Roger Hodgson...

Em 1986, foi lançada a coletânea "The Autobiography of Supertramp" (nos EUA o álbum recebe o nome de "Classics Volume 9"). Apesar de conter 14 grandes sucessos, foi muito criticada pelos fãs graças aos cortes em 3 músicas. Não recomendo a compra deste álbum...

Em 1987 a banda lança "Free as a Bird".

Um disco extremamente melódico, recheado de metais, e com um apelo muito mais para o "pop".

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Os dois maiores destaques do álbum são a romântica "Free as a Bird" e a dançante "I'm Beggin' You".

Curiosamente uma versão "house" de "I'm Beggin' You", produzida por um DJ americano, ficou em primeiro lugar nas paradas "dance" dos USA. Ao saber desse feito, Rick Davies comenta: "Sempre fomos ecléticos, mas isso também é demais !!!"

Seguindo o lançamento do álbum, o Supertramp sai em tour. Pela primeira vez (apesar de quase terem vindo em 83 e serem sondados para o Rock in Rio de 85), a banda decide tocar no Brasil.

Mas eles jamais poderiam imaginar o que os aguardava...

Além dos 4 membros tradicionais (Rick, John, Bob e Dougie), a banda contava para essa tour com 4 outros membros convidados: Marty Walsh (guitarra), Mark Hart (voz, teclados e guitarra), Brad Cole (teclados e sax) e Steve Reid (percurssão).

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A banda chegou ao Brasil em 7/1/88 para duas apresentações. Os dois shows encerrariam as versões do Hollywood Rock (festival com duração de 8 dias e que também contou com a participação de Duran Duran, Simple Minds, Simply Red, UB-40 e Pretenders) no Rio de Janeiro (9/1) e em São Paulo (16/1).

Os ingressos para ambas as apresentações estavam esgotados há semanas (60.000 no RJ e mais de 100.000 em SP), e o Supertramp teve a maior platéia de sua carreira em São Paulo.

A banda caiu de amores pelo Brasil. Na semana entre as apresentações no Rio e em São Paulo, aproveitaram para conhecer um pouco mais do país e para gravar alguns especiais para a televisão.

Os shows foram realmente magníficos ! Mas as coisas não começaram muito bem no Rio. O show que devia começar as 22:00, só pode ser iniciado após a meia-noite. Simplesmente a cidade do Rio estava vivendo uma tradicional chuva de verão naquela tarde/noite de 9 de janeiro de 1988. Os shows de Lulu Santos e Marina (artistas que abriram os shows do Supertramp) foram extremamente comprometidos pelo temporal que caía na Praça da Apoteose. A equipe técnica do Supertramp chegou a cogitar o cancelamento da apresentação mas, como por milagre, exatamente à meia-noite, a chuva parou e eles puderam iniciar o show. Mesmo assim, parte dos instrumentos (amplificadores/retornos) estavam danificados pela chuva !

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Apesar de todos os problemas, e com um início cheio de ruídos, a apresentação no Rio foi vencendo as dificuldades e se tornando "apoteótica".

Já em São Paulo, as coisas foram mais tranqüilas. Rick confessou no dia seguinte ao show que entrou no palco bastante nervoso. Apesar de sua tradicional tranqüilidade no palco, Rick sentiu a responsabilidade de estar tocando para mais de 100 mil pessoas. Mesmo para o líder e fundador de uma das maiores bandas da história do rock, a tarefa não era nada fácil !!!

Mas tudo correu na mais perfeita ordem. A platéia parecia estar extasiada com o que via e, principalmente, com o que ouvia ! Os anos de espera foram recompensados com um show muito especial. John, o tradicional "frontman" da banda, em tom emocionado, agradeceu o carinho e a paciência pela longa espera e chegou a dizer durante o show: "Vocês são a maior e melhor platéia que tivemos até hoje !"...

Dando continuidade a tour, o Supertramp seguiu para o Canadá e para a Europa (pela primeira vez desde 1975 eles não incluíram os Estados Unidos na agenda de shows).

Quase no final da jornada de shows, Rick decidiu aproveitar algumas gravações que vinham fazendo durante os shows e lançar um disco ao vivo. Na verdade, essas gravações seriam apenas para o seu arquivo pessoal, porém a gravadora, descontente com as vendas do "Free as a Bird" (cerca de 1 milhão de cópias), decidiu lançar o disco oficialmente. "Live'88" foi lançado no final de 1988 e não tinha grandes pretensões de vendas (atingiu apenas 500 mil cópias !). Era um disco mais voltado para os antigos fãs, com uma qualidade de gravação muito inferior ao "Paris", uma vez que foi gravado direto da mesa de som com um gravador de apenas 2 canais (para a gravação do "Paris" foi utilizado um estúdio móvel de 48 canais)...

Em 1990 a banda lança uma nova coletânea: "The Very Best of Supertramp" (uma versão melhorada da anterior "The Autobiography of Supertramp" - sem cortes e com uma música a mais !). Foi um estrondoso sucesso, chegando a marca de 8 milhões de discos vendidos !

Juntamente com a nova coletânea, lançaram o vídeo "The Story So Far...". Ele contém uma retrospectiva da história da banda com entrevistas, cenas antigas de apresentações nos anos 70, e parte dos shows realizados em Toronto e em Munique no ano de 1983 durante a tour do "...Famous Last Words...". É um vídeo fantástico !!!

Devido ao sucesso de venda do CD "The Very Best of Supertramp" e devido também às reclamações dos fãs quanto ao fato de muitas músicas terem ficado de fora, a banda lança em 1992 "The Very Best of Supertramp 2". Somando-se a venda dos dois "Very Best", atingiu-se a marca de 10 milhões de cópias. Um número que a banda não acreditava mais poder alcançar...

Animados com as vendas das coletâneas, Rick e Roger decidem em 1993 tentar uma reunião... Eles foram convidados a tocar em uma homenagem a Jerry Moss (executivo da A&M Records) e, junto com John Helliwell, apresentaram "The Logical Song" e "Goodbye Stranger".

Essa reaproximação fez com que Rick e Roger voltassem a entrar juntos em um estúdio. Rick apresentou algumas músicas novas para Roger, dentre elas "You Win, I Lose" e "And the Light"; mas após infindáveis negociações Roger desistiu da idéia.

Rick, consciente de que não poderia contar com Roger para um novo disco, guarda os planos do novo projeto na gaveta...

Em 1996, Rick chama John, Bob, Mark Hart (agora já considerado um membro fixo da banda), Cliff Hugo (baixo), Lee Thornburg (trompete, trombone), Carl Verheyen (guitarra) e Tom Walsh (percurssão) para a gravação de um novo album.

Após um casamento de mais de 20 anos, o Supertramp troca a A&M Records, que havia sido vendida para a UNIVERSAL, pela EMI. "Some Things Never Change" foi lançado em abril de 1997. Precedido pelos singles "You Win, I Lose" e "Listen to me Please", o novo disco despertou a curiosidade de muitos fãs que aguardavam um novo trabalho há 10 anos.

Mas certamente o disco não decepcionou... Ao contrário, o álbum reuniu o melhor da banda em toda a sua história e vendeu cerca de 2 milhões de cópias !

Seguindo o lançamento do novo disco, a banda saiu em tour (com a mesma formação utilizada em estúdio no último disco, apenas com a substituição de Tom Walsh por Jesse Siebenberg - filho de Bob). Inicialmente os planos eram para cerca de 70 shows, mas à medida que os mesmos foram ocorrendo (quase sempre tendo os ingressos esgotados com semanas de antecedência !) a banda sentiu necessidade de agendar novas datas. No total foram 102 concertos da "It's About Time Tour" incluindo Europa, Estados Unidos e Canadá (apesar de Rick Davies ter me dito pessoalmente que o Brasil seria incluído, isso acabou não acontecendo por problema de falta de datas).

Um dos momentos mais significativos dessa tour foi o convite que o Supertramp recebeu para encerrar a Super Rock Night do Festival de Jazz de Montreux... Nada mal, principalmente sabendo-se que quem abriu o show foi Emerson, Lake & Palmer.

O que se pode perceber durante esse "retorno" (e eu tive a oportunidade de estar em 2 shows) é que os músicos estão mais afiados do que nunca !

John Helliwell continua um fantástico saxofonista e aquele tradicional mestre de cerimônias... sempre brincando com a platéia !

Bob Siebenberg e sua bateria característica...

Rick Davies... bem, não precisamos dizer nada... Rick Davies será sempre Rick Davies...

Agora era só aguardar o novo disco... dessa vez não precisaríamos aguardar mais 10 anos!

Pois é, e ele enfim chegou em 1999: "It Was the Best of Times". Mais um magnífico registro ao vivo. Disponível nas versões em Cd simples e duplo, traz respectivamente 13 e 21 músicas extraídas da mais recente tournée do Supertramp.

"It Was The Best of Times", terceiro registro ao vivo na carreira da banda, foi gravado durante a apresentação realizada no 'Royal Albert Hall' de Londres em setembro de 1997 na elogiada e premiada (receberam a 'Pollstar's 1997 Performance Artist Comeback of the Year Award') tournée 'It's About Time Tour'. Gravado com as mais novas tecnologias em registros ao vivo, incluindo-se aí um moderníssimo estúdio móvel de 48 canais, "It Was The Best Of Times", mais uma vez honra a tradição de qualidade nas gravações do Supertramp. As vendas foram muito boas (500 mil cópias), considerando-se que o disco era duplo e que os programas de troca de músicas via Internet nos dias de hoje dificultam bastante a situação das gravadoras.

Sobre o novo disco, a banda comenta:

Rick Davies: "Para um músico, nada é mais importante do que tocar para uma platéia. Se você comparar algumas das músicas do disco ao vivo com as versões de estúdio, você notará que o nível de energia é muito maior. Eu não poderia ter ficado mais satisfeito com o resultado final".

John Helliwell: "As músicas ganham um sabor especial ao vivo. Tocar para o público é a química perfeita para um músico".

Mark Hart: "As músicas sempre melhoram de qualidade depois que você as toca centenas de vezes. Essa é grande razão de se gravar um disco ao vivo".

Em 2001, os fans são surpreendidos com a chegada às lojas de um "novo" disco ao vivo, "Is Everybody Listening?", anunciado como um registro de um concerto em Cleveland de 1976. A gravadora, uma tal de BURNING AIRLINES, alegava na contra-capa ter obtido uma licença especial da UNIVERSAL para lançar esse material... Após permanecer por vários meses disponível nas lojas na Europa, os discos começaram a ser retirados das estantes (e das lojas virtuais também !)... A suposta gravadora nunca obteve a licença alegada e não pagava os direitos autorais... O show também não havia sido gravado em 1976. Era na verdade uma apresentação do Supertramp de 1975 em Londres... Esse disco havia sido "comercializado" como pirata nos anos 70 com o título "DREAMERS"... O disco tem uma qualidade de gravação bastante boa e registra uma fase muito interessante da banda... Porém, por conta de todos esses problemas, atualmente o álbum virou quase que um "artigo de colecionador"...

Passados três anos desde o último lançamento (oficial, é claro!), um novo álbum de estúdio é anunciado... Em abril de 2002 é lançado, simultaneamente na Europa e no Brasil, "Slow Motion".

Álbum com canções bem ao novo estilo do Rick, "Slow Motion" traz uma surpresa... o lançamento da música "Goldrush" que estava "esperando" para ser lançada desde o início dos anos 70...

Escolhida como single, a faixa-título "Slow Motion" começa inicialmente e timidamente a tocar nas rádios. Dias após o lançamento o Supertramp anuncia o início de uma nova WORLD TOUR com o sugestivo nome "One More For The Road Tour", que em português poderia ser traduzido como "A Saideira"...

Apesar do pouco sucesso nas rádios do novo trabalho, a tour e o álbum foram muito bem recebidos pelo público. Estima-se, extra-oficialmente, que "Slow Motion" tenha chegado a 1,5 milhão de cópias vendidas. Com shows lotados desde a primeira apresentação na Espanha (em abril) até a última em Los Angeles (setembro), o Supertramp novamente mostrou toda a sua competência nessa mais recente tour...

A formação da banda tanto no disco como na tour é a mesma que havia tocado nos shows de 1997, com exceção de Lee Thornburg que, por compromissos pessoais, não seguiu nas apresentações ao vivo...

Tive a oportunidade de estar em 11 concertos da temporada de 2002, e o que posso dizer é que foi a melhor de todas as tours que tive a chance de assistir... Como grandes destaques do show, além do ótimo material do mais recente álbum, eu colocaria as novas versões de "Asylum" (com um final magnífico) e a surpresa de ver Jesse Siebenberg cantando, e com extrema competência, "Give a Little Bit".

Presenciei também dois momentos muito emocionantes para os fans da banda...

- Em 28/04, durante a apresentação em Barcelona, John anuncia que seu filho mais velho - Charles - havia ligado minutos antes para anunciar que ele havia se tornado um avô... Delírio na platéia... É claro que John não perde a oportunidade de brincar com a situação e simula andar com uma bengala no palco...

- Meses depois, em 17/07, novamente uma surpresa para todos... Na parte final de "Goodbye Stranger", John chama ao palco seu filho mais novo - William, de apenas 15 anos - para tocar trompete...

Desde o término da última tour, em setembro de 2002, o Supertramp não anuncia nada de novo. Especulações dizem que um novo álbum seria lançado entre o final de 2006 e o início de 2007... Mas nada confirmado...

Bem, agora é só esperar pelo novo disco de estúdio... Por enquanto, vamos curtindo e comemorando os 36 anos do Supertramp e seus mais de 70 milhões de álbuns vendidos...

Realmente, quando Rick compôs "Goodbye Stranger" em 1979, ele tinha toda razão quando escreveu:

"And I will go on shining
Shining like brand new
I'll never look behind me
My troubles will be few"

-----
DISCOGRAFIA E DISCOS VENDIDOS

Supertramp(1970): 1.500.000
Indelibly Stamped(1971): 1.000.000
Crime of the Century(1974): 6.000.000
Crisis ? What Crisis ?(1975): 4.000.000
Even In The Quietest Moments(1977): 6.000.000
Breakfast in America(1979): 22.000.000
Paris(1980): 5.000.000
Famous Last Words(1982): 6.000.000
Die Songs Einer Supergruppe(1983): 1.000.000
Brother Where You Bound(1985): 2.500.000
The Autobiography of Supertramp(1986): 2.000.000
Free as a Bird(1987): 1.000.000
Live'88(1988): 500.000
The Very Best of Supertramp 1(1990): 8.000.000
The Very Best of Supertramp 2(1992): 2.000.000
Some Things Never Change(1997): 2.000.000
It Was the Best of Times(1999): 500.000
Slow Motion(2002): cerca de 1.500.000

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