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Resenha - Phil Collins (Maracanã, Rio de Janeiro, 22/02/2018)

Por Gabriel von Borell
Postado em 25 de fevereiro de 2018

Fotos: Daiana Carvalho

Mais de 40 anos depois de sua passagem pelo Brasil com a banda de rock progressivo Genesis, em que tocava bateria, Phil Collins retornou ao país pela primeira vez em carreira solo para apresentar ao público sua turnê atual "Not Dead Yet", que chega por aqui junto com o lançamento de sua autobiografia, intitulada em português como "Ainda Estou Vivo". E pensar que Phil havia anunciado aposentadoria dos palcos e dos estúdios em 2010. Mas, que bom que tudo pode mudar.

Como sua vinda era bastante aguardada por décadas e décadas pelos fãs brasileiros, cerca de 42 mil pessoas compareceram na noite desta última quinta-feira (22) ao Maracanã para prestigiar o músico de 67 anos. A abertura do show ficou por conta da veterana banda The Pretenders, liderada pela vocalista e guitarrista Chrissie Hynde, acompanhada pelo baterista Martin Chambers, além de um baixista e guitarrista de apoio.

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A clássica banda de punk rock do Reino Unido subiu ao palco às 1958, dois minutos antes do horário marcado para a apresentação, e animou a plateia, que ainda chegava aos poucos, por uma hora com hits da sua carreira de quase 40 anos.

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Dentre as canções que contagiaram o público estavam os hits "Back on the Chain Gang", "I'll Stand By You", "Don't Get me Wrong", "Talk of the Town", "Middle of the Road" e "Brass in Pocket", fora algumas faixas de seu mais recente disco "Alone", lançado em 2016. Em boa forma e com a voz impecável, Chrissie conquistou o público e entregou um belo espetáculo para os presentes.

Já com o Maracaná bem cheio, o telão no fundo do palco se acendeu às 21h23, mostrando imagens de Phil Collins. Os fãs, de faixa etárias variadas, desde jovens adultos a idosos (até mesmo algumas crianças circulavam pelo local), ficaram em polvorosa com a proximidade do início do show. Phil então surgiu em cena alguns minutos depois, para delírio da plateia. Por causa de seu problema de locomoção, o cantor entrou no palco com uma bengala para ajudá-lo a caminhar.

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Para quem não sabe do estado de saúde de Collins, ele tem enfrentado dificuldades motoras devido a uma lesão em uma vértebra do pescoço durante sua última turnê com o Genesis, realizada entre 2006 e 2007. Tanto que Phil perdeu a sensibilidade nas mãos e não consegue mais tocar piano ou bateria, seu instrumento de origem. Sendo assim, o autor da trilha sonora da animação de "Tarzan" (1999) apresentou o show inteiro sentado em uma cadeira localizada no centro do palco.

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Mas este foi apenas um detalhe, pois, mesmo sem ficar de pé, Phil Collins interagiu com o público, gesticulou bastante e brincou com seus backing vocals. Aliás, com 14 músicos ao seu redor no palco, sendo um deles o seu filho Nicholas, de apenas 16 anos e que assumiu as baquetas na atual turnê. Outros nomes de destaque entre os músicos que acompanhavam Collins eram o guitarrista Daryl Stuermer o baixista Leland Sklar e o trompetista Harry Kim.

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Bem humorado, o cantor sentou na cadeira e disse que não arriscaria muitas palavras em português ao longo da apresentação. "Obrigado, boa noite. Esse é todo o português que eu sei", revelou, fazendo a plateia rir. Para emocionar o público logo de cara, Phil cantou "Against All Odd (Take a Look at Me Now)", música composta para a trilha do filme "Paixões Violentas" (1985), de Taylor Hackford. Na sequência, veio o sucesso "Another Day in Paradise", presente no álbum "...But Seriously", de 1989.

A saúde de Phil Collins pode não estar tão bem, mas a voz do cantor parece não ter sofrido com o passar dos anos. Deixando claro o quanto estava feliz em retornar ao Brasil após tanto tempo, o músico cantou "I Missed Again", de seu álbum de estreia "Face Value", lançado em 1981. Sob fortes aplausos, Collins seguiu com a apresentação cantando "Hang in Long Enough". Antes de "Wake Up Call", Phill revelou que a próxima canção faz parte de um de seus mais recente CDs, "Testify" (2002). A recepção dos fãs foi morna, mas a temperatura do show rapidamente subiu com os covers de Genesis, "Throwing It All Away" e "Follow You, Follow Me".

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Após "Only You Know and I Know", Phil Collins apresentou sua competente e virtuosa banda, continuando a apresen tação com "Separate Lives", cover de Stephen Bishop. O ponto alto da noite veio logo em seguida com "Something Happened on the Way to Heaven", "In the Air Tonight", que causou uma verdadeira comoção no público, e "You Can't Hurry Love", cover de The Supremes.

Mais para frente, o pai de Lily Collins cantou o ótimo cover de Genesis "Invisible Touch" e "Easy Lover", versão da música de Phillip Bailey. e o trompetista Harry Kim. Para encerrar a apresentação antes do bis, às 23h, Phil escolheu a animada "Sussudio", do disco "No Jacket Required", de 1985. Melhor escolha não poderia ter sido feita. Enquanto os fãs dançavam empolgados, o cantor e sua banda se dirigiram ao backstage, Alguns minutos depois, todos voltaram ao palco para uma última canção.

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A faixa escolhida foi a catártica "Take Me Home", que fechou o show em grande estilo, com os versos da música sendo cantados repetidas vezes a plenos pulmões pelo público. Muitos sentiram falta de "One More Night", mas, para uma apresentação que tinha a previsão de acontecer debaixo de muita chuva, não ter caído um pingo de água em 1h40 de show era um motivo extra de comemoração. Ainda bem que "I Wish It Would Rain Down" não entrou no repertório, vai que.

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Sobre Gabriel von Borell

Gabriel von Borell, nascido em 30/03/85, jornalista. Não vive sem música e também não se apega a rótulos musicais. Acredita que todo preconceito é burro, inclusive o musical. Escuta de tudo um pouco, considerando que um jornalista deve estar aberto pra conhecer e comentar sobre qualquer músico ou banda. Pode ser encontrado no Twitter em @gabrielborell.
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