Ratos de Porão: três bandas e quatro horas de show no Cine Jóia
Resenha - Ratos de Porão (Cine Jóia, São Paulo, 09/03/2014)
Por Monica Prado
Postado em 15 de março de 2014
Tarde de domingão, calor, Cine Jóia, ar condicionado perfeito, cerveja cara (Heineken, dez reais a lata), som excelente, bandas, melhores ainda.
O Espaço contou com uma estrutura de primeira, tanto na parte técnica de som e iluminação, segurança (brigada de incêndio no local), e qualidade do espaço físico (temperatura, visual, higiene). Um bom espaço em São Paulo que, espero, possa abrigar vários shows, para o deleite do público.
Tudo que um bom metaleiro preza, com certeza, é a antifolia. Na ressaca acústica posterior às marchinhas depressivas e ao funk ostentação que somos obrigados a engolir goela abaixo durante o mundo invertido que vivemos no Carnaval, pudemos, finalmente, respirar puro som de qualidade.
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A primeira banda, Leite Paterno, subiu ao palco e mostrou porque é uma das grandes promessas do cenário nacional. Formada em 2012, já lançaram o trabalho intitulado A Máscara do Jorro. Eles se auto definem como uma banda que faz um som barulhento e rock nojentão (sic). Dizem, também, que as letras são escrotas, beirando a ilegalidade. Um dos bons exemplos do que eles querem dizer com isso é o trecho da música "Esculpindo a Própria Lápide" que diz "o whiskey tirou meu emprego, a vodka minha família, com o rum foi a conta do banco, e no gin bati na minha filha", em "Portão Automático (virou Manual)", temos "puta que pariu... descongelou! Vou entrar nessa merda, Rodolfinho rodou. Mulher do caralho, vou te estapear, olha a bosta de filho que você me fez criar." E, em "Pílula do Dia Seguinte" temos "chutei uma criança chamada Marquinhos, mas na minha mente, vi meu ex-marido".
Eu discordo, no bom sentido, que as letras sejam escrotas. Na verdade, elas são fiéis a uma realidade que é, muitas vezes, escrota. Porém, a grande maioria das pessoas finge que não a vê, uma minoria até tem consciência dela, mas poucos conseguem sintetizá-las em frases e transformá-las em música. Mérito dos caras do ‘Leite’. Suas músicas parecem ter sido criadas para chocar, gritar e curtir.
A apresentação do som que mistura heavy, punk rock e hardcore, contou ainda com um super cover do Sepultura, "Inner Self". A casa já contava com uma boa quantidade de gente, que, sem dúvida, curtiu muito o som dos caras. Belo trabalho!
Line up
Saint Raig – vocais;baixo
Felipe Perles – baixo
Guilherme Leite – guitarra
Eduardo Sé – bateria
Set List
Portão Automático (virou Manual)
Pílula do Dia Seguinte
Anda logo com isso, meu chapa, e avise quando terminar
Esculpindo a própria Lápide
Inner Self (Sepultura cover)
Encontro Desastre
Ejaculação Precoce
Surfão de Merda
Mamãe se Chama Jorge
Durante o intervalo, a casa já estava recheada de roqueiros ávidos por mais som. É hora de Dead Fish, banda de Vitória-Espírito Santo que faz um som hardcore desde 1991, e que já alcançou projeção nacional. Nesta noite eles fizeram o primeiro show para comemorar dez anos do álbum "Zero e Um", um trabalho que já é marca registrada do Dead.
O palco parece pequeno para Rodrigo, que não para de pular e se movimentar durante toda a apresentação. Uma vitalidade de tirar o fôlego. Difícil tarefa para os fotógrafos acompanhá-lo. Os fãs cantavam junto a maior parte das músicas, que realmente cativam pelo ritmo, melodia e força. Em "Venceremos" a roda foi formada e ninguém mais se segurou. A banda agradeceu ao público e o convite recebido para fazerem parte de um evento tão especial. Dead Fish é som bom garantido!
Line up
Rodrigo Lima - vocais
Alyand - baixo
Marcos Melloni - bateria
Rick Mastria - guitarra
Set List
A Urgência
Tão Iguais
Zero e Um
Queda Livre
Bem Vindo ao Clube
Senhor, seu troco
Você
Sonhos colonizados
Por não ter o que dizer
Engarrafamento
Desencontros
Re-Aprender a Andar
Siga
Autonomia
Venceremos
Mulheres Negras
Paz Verde
Afasia
Sonho Médio

Bom, agora, a atração principal da noite, João Gordo e sua trupe, o Ratos de Porão. Prestes a lançar o 15° álbum, Século Sinistro, os ‘ratos’, que já contam com 33 anos de existência, se reuniram para reviver um dos álbuns mais importantes do hardcore brasileiro, o Crucificados pelo Sistema.
Em recente entrevista, João lembrou que em 1984, ano de lançamento do álbum, havia uma transição política, o fim do hardcore, a influência do metal, do pós punk. ‘As bandas inglesas européias estavam virando metal. Apareceu Metallica, Venon, Slayer, Exodus e fui influenciado’. Foi quando João quis fazer metal e punk.

Nesta apresentação eles tocaram ‘o limbo do limbo’, como diz João.
Uma coisa é fato, o Ratos ‘é a banda que mais mistura o público, desde skinhead, cabeludo, thrasher metal, black metal, punk’, todo tipo.
João é extremamente carismático, e quando canta, se transforma, mostra toda ira contida nas letras. Isso faz com que o público se identifique imediatamente com a banda. A interação é realmente boa. João aparece com uma camiseta onde está estampada a frase "In nome de loro potere", que quer dizer "Em nome de seu poder", uma expressão da autenticidade da banda, que preza para que possamos manter nossa capacidade de pensar e agir sem a opressão do sistema, sem que sejamos, crucificados.
Quanto ao novo álbum, os caras disseram que é resultado de uma evolução de 30 anos sem parar de tocar, e mistura metal e hardcore. Eles dizem trafegar no âmbito psicológico, pois estão com ódio dos políticos do Brasil. Como são movidos pelo ódio, eles afirmam que o Brasil é uma boa fonte de inspiração para as músicas.

A apresentação foi alucinante do começo ao fim. Os caras pareciam estar se divertindo muito, reunidos após tanto tempo, relembrando sucessos que marcaram história. A euforia se instalou produzindo um êxtase na galera que correspondia à apresentação cantando e dando mosh.
Ao final da apresentação, João disse "Estamos vivos".
Foram quase 4 horas de show, 55 músicas, e o prazer final, sem dúvida, alcançado!
Luis Alberto Braga Rodrigues | Rogerio Antonio dos Anjos | Everton Gracindo | Thiago Feltes Marques | Efrem Maranhao Filho | Geraldo Fonseca | Gustavo Anunciação Lenza | Richard Malheiros | Vinicius Maciel | Adriano Lourenço Barbosa | Airton Lopes | Alexandre Faria Abelleira | Alexandre Sampaio | André Frederico | Ary César Coelho Luz Silva | Assuires Vieira da Silva Junior | Bergrock Ferreira | Bruno Franca Passamani | Caio Livio de Lacerda Augusto | Carlos Alexandre da Silva Neto | Carlos Gomes Cabral | Cesar Tadeu Lopes | Cláudia Falci | Danilo Melo | Dymm Productions and Management | Eudes Limeira | Fabiano Forte Martins Cordeiro | Fabio Henrique Lopes Collet e Silva | Filipe Matzembacher | Flávio dos Santos Cardoso | Frederico Holanda | Gabriel Fenili | George Morcerf | Henrique Haag Ribacki | Jorge Alexandre Nogueira Santos | Jose Patrick de Souza | João Alexandre Dantas | João Orlando Arantes Santana | Leonardo Felipe Amorim | Marcello da Silva Azevedo | Marcelo Franklin da Silva | Marcio Augusto Von Kriiger Santos | Marcos Donizeti Dos Santos | Marcus Vieira | Mauricio Nuno Santos | Maurício Gioachini | Odair de Abreu Lima | Pedro Fortunato | Rafael Wambier Dos Santos | Regina Laura Pinheiro | Ricardo Cunha | Sergio Luis Anaga | Silvia Gomes de Lima | Thiago Cardim | Tiago Andrade | Victor Adriel | Victor Jose Camara | Vinicius Valter de Lemos | Walter Armellei Junior | Williams Ricardo Almeida de Oliveira | Yria Freitas Tandel |
Line up
João Gordo – vocais
Mingau – guitarra
Jabá – baixo
Jão – bateria
Set List
Morrer
Caos
Guerra Desumana
Agressão/Repressão
Obrigando a Obedecer
Asas da Vingança
Que Vergonha
Poluição Atômica
Pobreza
FMI
Só Pensa em Matar
Sistema de Protesto
Não me Importo
Periferia
Crucificados
Corrupção
Parasita
Vida Ruim
Realidades da Guerra
Novo Vietnam
Anos 80
Não Não
Destruição
Fim à Aqueles que querem nos Governar

Fotos: Milena Mori
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