Megadeth: capítulo da história do Metal em Recife
Resenha - Megadeth (Clube Português, Recife, 20/04/2010)
Por José Correia
Fonte: JOSCO WEBLOG
Postado em 26 de abril de 2010
A cidade de Recife, capital de Pernambuco, consolidou-se como o principal representante do Nordeste do Brasil para o Heavy Metal. Desde o ano de 2008 que a cidade pulsa o Metal constantemente, onde tivemos, de lá para cá, grandes bandas do cenário mundial se apresentando por aqui. A partir de 2009, com a feliz surpresa de conferir um dos maiores ícones deste gênero, a britânica Iron Maiden, o público headbanger aguarda com grande ansiedade uma atração de grande repercussão a cada novo ano. Ainda em 2009, tivemos a presença dos consagrados Motörhead. Em 2010, a nova "safra" de shows lançou a aposta em uma das bandas que fazem parte da BIG FOUR (as quatro grandes bandas) do Thrash Metal americano: Megadeth. As outras três são Metallica, Slayer e Anthrax. Vale lembrar que neste mesmo ano já tivemos Overkill, outro grande representante do Thrash Metal mundial, e ao final do mês de maio teremos UFO. Este ano está sendo memorável.
Um novo capítulo da história do Heavy Metal foi escrito na "enciclopédia" deste gênero musical. A apresentação da banda Megadeth no Nordeste, que são considerados por muitos como os Deuses do Metal, foi capaz de atrair um público muito maior do que muitas pessoas esperavam. O local do evento, o Clube Português do Recife, ficou menor do que já parece ser para a multidão que compareceu para prestigiar a grande atração da noite. Noite esta que estava muito propícia, apesar do calor interno do recinto.
A noite "pesada" teve seu início com a apresentação da banda Cruor, veterana do Thrash Metal recifense. Wilfred Gadêlha (vocal), Jairo Neto (baixo), Túlio Falcão (guitarra) e Bruno "Bacalhau" Montenegro (bateria) foram os responsáveis pelo aquecimento do público para a atração principal da noite. E eles fizeram um trabalho digno no palco. No repertório, trouxeram músicas do recém-lançado CD DEMO "Unburied" (2010), alguns covers bastante conhecidos, bem como músicas de seu primeiro álbum "Insane Harmony" (1995).
A banda Cruor foi capaz de arrancar um coro da plateia, que gritava seu nome com muito entusiasmo. Eles respondiam no palco com muita energia e o vocalista Wilfred eventualmente dialogava de volta com agradecimentos. Foi um registro excelente de interação com o público.
Embora as músicas autorais da banda não sejam conhecidas por grande parte do público que esteve ali conferindo a apresentação deles, o Cruor levou a galera ao delírio com atuações sensacionais para os covers "Escape To The Void" (Sepultura) e "Postmortem" (Slayer), clássicos bastante conhecidos de todos.
Em nome da banda, Wilfred realizou alguns agradecimentos, onde ele demonstrou o respeito e o reconhecimento para várias pessoas e veículos informativos que manifestam o apoio para o engrandecimento e fortalecimento da cena do Metal na região, citando websites, blogs, jornais e demais envolvidos nesta epopeia. Foi um gesto de muita apreciação, que foi seguido de aplausos por parte do público. Este pequeno ato de gratidão representa muito para aqueles que divulgam a cena.
Cruor - Setlist do show (Tempo: 50 minutos)
01 - Intro
02 - Whitechapel
03 - Septem Sermones Ad Mortuos
04 - Slow Death Machine
05 - Escape To The Void (Sepultura)
06 - Not Today
07 - Tortura
08 - Under The Sun (música nova, lançada neste show)
09 - Postmortem (Slayer)
10 - Seca
11 - One Man's Manifesto
12 - Insane Harmony
Muitas pessoas ainda estavam chegando ao Clube Português do Recife. O som interno ecoava o clássico "Burn" (Deep Purple), cantada por todo o público, que formava um contingente cada vez maior do que aquele que já se fazia presente.
O relógio marcava 22:55h, quase 1 hora de atraso do horário previsto para o início do show, quando as luzes internas se apagaram e, enfim, o momento tão esperado se aproximava.
Alguns detalhes curiosos eram perceptíveis: a presença no palco de um cronômetro digital que marcava o tempo de apresentação do show de modo regressivo (90 minutos); a ausência de caixas de retorno para os músicos; uma nova pintura do camarote do Clube Português do Recife; palco ampliado, de modo que os músicos pudessem se mover livremente; bebidas geladíssimas no camarote especial, onde serviam gratuitamente cerveja Heineken, refrigerante Coca-Cola e água mineral.
Ao som introdutório de "Black Sabbath" (Black Sabbath), um a um, os membros do Megadeth vão surgindo no palco para fazerem história no Nordeste do Brasil. Shawn Drover (bateria) é o primeiro a aparecer, seguido por Chris Broderick (guitarra), David Ellefson (baixo) e, finalmente, Dave Mustaine (guitarra, vocal). Todos foram ovacionados pela multidão.
Eles golpearam com "Skin O' My Teeth" (Countdown To Extinction, 1992). Sem parar, soltam "In My Darkest Hour" (So Far, So Good... So What?, 1988) e, em seguida, "She-Wolf" (Cryptic Writings, 1997). Todas as músicas eram acompanhadas pelo público, aos berros. Esta atitude impressionou o líder da banda, Dave Mustaine.
Uma breve pausa para uma rápida saudação e para acalmar os ânimos da plateia ensandecida. O Metal God Dave Mustaine vai para um lado do palco, vai para o outro lado e pára no centro. Ele reverencia a todos os que estiveram presentes. Em resposta, a plateia respondia gritando o seu nome: Mustaine, Mustaine, Mustaine... O músico aplaude e é aplaudido de volta. Ele solta algumas palavras:
"Boa noite!... Muito bem... Eu quero agradecer a vocês por juntarem-se conosco esta noite. Esta é a primeira vez que tocamos em Recife e, até onde sei, somos os primeiros da BIG FOUR a virem aqui." Mais vibração e mais aplausos.
"Acho que todos vocês sabem o motivo de estarmos aqui... Recife reconhece isto..." Ele solta o riff que dá início a apresentação na íntegra do maior de todos os trabalhos do Megadeth: Rust In Peace (1990). Deste modo, a "destruição" domina o Clube Português do Recife. E o público "insano" colabora para isso.
Embora o Megadeth esteja na América Latina para a turnê do novo álbum, Endgame, Dave Mustaine cumpriu o que havia desejado (ao menos neste show de Recife), mantendo a tour apresentada nos Estados Unidos, intitulada "Rust In Peace 2Oth Anniversary Tour". Esta é a primeira de quatro apresentações em solo brasileiro. As próximas cidades serão Brasília (DF), São Paulo (SP) e Porto Alegre (RS).
Na quarta música do álbum, "Five Magics", o vocalista interrompe a apresentação da banda para saber sobre as condições de alguém que aparentemente estava enfrentando algum tipo de problema, próximo à grade que fica entre o público e o palco, popularmente conhecido como "chiqueirinho". Esta atitude foi recebida com muita admiração por parte do público. Felizmente, estava tudo bem e o show é retomado. Rodas de pogo foram novamente se formando entre o público.
Após a execução do álbum Rust In Peace, o Megadeth atacou com "Trust" (Cryptic Writings, 1997), "Head Crusher" e "The Right To Go Insane" (ambas do novo e aclamado álbum Endgame, 2009) e "Symphony Of Destruction" (Countdown To Extinction, 1992). Nesta última, a banda teve uma grande surpresa ao ver e ouvir o público inteiro entoar o nome Megadeth em conjunto com os riffs desta canção. Foi algo marcante. Foi também nesta ocasião que pudemos sentir alguns abalos no camarote do Clube Português do Recife.
A banda finaliza a apresentação e sai do palco. Um breve retorno era aguardado. Ao voltar, para a surpresa de todos, o baixista David Ellefson vestia uma camisa da Seleção Brasileira de Futebol, mas Dave Mustaine não trajava alguma. Era notável o seu "sofrimento" com o calor da noite recifense.
Ainda havia tempo para mais duas músicas e "Peace Sells... But Who's Buying?" (do álbum homônimo, 1986) fez o público cantar novamente com a banda, que finalizou a apresentação com a reprise de "Holy Wars... The Punishment Due" (Rust In Peace, 1990), desta vez, a partir do solo. Foi neste momento em que o vocalista Dave Mustaine apresentou a banda ao público.
Por fim, ele agradece mais uma vez pela presença de todos, lança o comentário de um breve retorno à cidade e se despede com as palavras "Vocês foram ótimos. Nós fomos Megadeth."
Foi tudo muito rápido. Quem compareceu, não apenas prestigiou como também testemundou a apresentação de mais um ícone do Heavy Metal em solo nordestino. Quem não foi, perdeu. E perdeu feio! Este show ficou marcado pela grande exaltação entre os amantes deste gênero musical. Era possível conferir expressões de grande contentamento do público.
A produção deste evento, que ficou ao encargo das empresas Raio Lazer e Time For Fun, deu um show de qualidade e competência, reforçando a ideia de que o Nordeste está mais do que preparado para receber grandes atrações. Temos também o diferencial da hospitalidade, mas esta é uma característica congênita do povo brasileiro. O proximo "sonho de consumo do headbanger nordestino" é torcer para, assim seja, a vinda da banda mais agurdada da BIG FOUR: Slayer. Já mostramos que merecemos. Iron Maiden e Megadeth que o digam!!!
Megadeth - Setlist do show (Tempo: 90 minutos)
01 - Skin O My Teeth
02 - In My Darkest Hour
03 - She-Wolf
04 - Holy Wars... The Punishment Due
05 - Hangar 18
06 - Take No Prisoners
07 - Five Magics
08 - Poison Was The Cure
09 - Lucretia
10 - Tornado Of Souls
11 - Dawn Patrol
12 - Rust In Peace.... Polaris
13 - Trust
14 - Head Crusher
15 - The Right To Go Insane
16 - Symphony Of Destruction
ENCORE
17 - Peace Sells... But Who's Buying?
18 - Holy Wars... The Punishment Due (Reprise, a partir do solo)
NOTA DO REDATOR
Tivemos algumas complicações (desorganização?) no que diz respeito ao credenciamento para a imprensa (ou parte dela). Houve também uma certa restrição imposta aos fotógrafos, pois a área que é destinada aos mesmos, o "chiqueirinho", estava liberada apenas para sete pessoas, segundo as informações passadas pelo "simpático" responsável pela segurança do show. Mas parte da imprensa não foi informada sobre este fato previamente.
Deixamos aqui, como de costume, os nossos sinceros registros de agradecimentos ao pessoal da Raio Lazer, Aponte Comunicação, Whiplash.net, Rust In Page e por último, mas de igual importância, a banda Cruor.
De igual modo, registro os meus agradecimentos e saudações para um sem-número de pessoas que nos apoiaram para esta iniciativa. É desnecessário mencionar cada uma delas aqui, pois estas pessoas sabem quais elas são. Ainda assim, destaco o apoio incondicional do amigo/irmão Paulo Peterson (Custódia, PE, responsável por minha incursão ao grupo de colaboradores do Whiplash.net) e de outro grande amigo Sergio Maiden (Recife, PE). Deixo também registradas minhas saudações mais que especiais aos amigos Leila Toscano (João Pessoa, PB), Katalynse (Campina Grande, PB), Adriano Dio (Natal, RN) e Marcelo de Carvalho (Fortaleza, CE). Estes outros amigos foram responsáveis por engrandecer o espetáculo, realizando ou apoiando caravanas de outros estados.
Como forma de desabafo, registro aqui também o meu comentário para algumas pessoas que duvidaram de nossos relatos, desde o início da divulgação deste evento (este ano), onde tive a oportunidade de divulgar em primeira mão, juntamente com o meu parceiro de cobertura Rubens Gusman, uma vez que se confirmou a realização do show (havia já um rumor sobre o show da banda desde o ano passado, onde teríamos o Megadeth em março de 2010, mas foi cancelado). Em resumo, tais pessoas julgaram o trabalho do blog como "oportunista" (os reais comentários são impublicáveis). É certo que foi bastante complicado divulgar sobre este show de modo antecipado. Enfim, o show aconteceu e, como disse um grande amigo, "estou de alma lavada".
Cruor - Slow Death Machine (Recife 20/04/2010):
Megadeth - Holy wars (Recife, 20/04/2010):
Megadeth - Skin O' My Teeth (Recife, 20/04/2010):
Megadeth - Holy wars (Recife, 20/04/2010):
Megadeth - Tornado Of Souls (Recife, 20/04/2010):
Megadeth - Headcrusher (Recife, 20/04/2010):
Megadeth - Five Magics (Recife, 20/04/2010):
Outras resenhas de Megadeth (Clube Português, Recife, 20/04/2010)
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