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G3 em São Paulo: Guitarras, guitarras e mais guitarras no Credicard Ha

Resenha - G3 (Credicard Hall, São Paulo, 27/10/2006)

Por Carlos Eduardo Corrales
Fonte: Delfos
Postado em 29 de outubro de 2006

Eu sempre pensei que o G3 fosse uma união de guitarristas composta pelo Joe Satriani, pelo Steve Vai e por um terceiro que varia conforme o ano. Os que deram mais repercussão quando passaram pelo ilustre posto de terceiro, foram Eric Johnson (o terceiro original), Malmsteen, e John Petrucci. Pois para provar que eu estava errado, dessa vez o "segundo" caiu fora e dois "terceiros" entraram no lugar. O G3 que tocou no Brasil neste final de semana era composto por Joe Satriani, Eric Johnson e John Petrucci.

Fotos do show abaixo disponíveis no site Delfos

Resenha do show do G3 2004 - Joe Satriani, Steve Vai e Robert Fripp.

G3 - Mais Novidades

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Matéria escrita para o site DELFOS – www.delfos.jor.br

Depois do ótimo show anterior, eu decidi gastar algum dinheiro comprando material dos caras, e arranjei o DVD com o Malmsteen e o com Eric Johnson. Dentre os quatro guitarristas presentes nos dois discos, aquele cujo som mais me agradou foi Johnson e, por isso, estava bem ansioso para conferir o show do cara.

Infelizmente, graças ao caótico trânsito de São Paulo em uma noite de sexta-feira (lembrando que o Credicard Hall fica em uma das piores localizações da cidade, completamente fora de mão e inacessível para quem não tem carro), cheguei ao local às 22:04, sendo que o show estava marcado para as 22:00. Pois é, delfonauta, esses quatro minutos de atraso fizeram com que eu perdesse o início do show de Johnson e, como só poderíamos fotografar uma música de cada um, isso foi bem chato, embora a falha tenha sido minha, não da produção que, aliás, fez muito bem em começar pontualmente. Entrei correndo no lugar em direção ao chiqueirinho e ainda consegui tirar umas duas fotos do cara. Enfim, isso não foi um grande problema, pois depois também teríamos a jam e, portanto, mais uma chance de fotografá-lo.

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Aliás, falando de fotos, a minha companheira de shows e de tantos momentos especiais, minha linda e adorável câmera fotográfica, deu problema. Para poder fotografar os shows que se aproximam (G3, Edguy, Angra, etc), peguei a câmera do Cyrino emprestada que é, obviamente, bem mais simples que a minha (afinal, o cara não tira seu sustento de fotos, ao contrário deste que vos fala). E o pior, com um cartão de memória bem pequeno, que obriga quem a estiver usando a fazer cada foto contar. Dados os desafios, acho até que me saí bem. O que você acha? ;-)

Bom, voltando ao show, assim que tive chance de olhar para a banda que acompanhava Eric, fiquei um tanto decepcionado ao constatar que o baterista não era o sósia do Chico César que toca no DVD. Poxa, e eu lá doido para ouvir "Mama África".

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Brincadeiras à parte, o som do cara é realmente um espetáculo. Um Blues com clima de Rock (ou seria um Rock com clima de Blues) cheio de melodias agradáveis e com uma guitarra maravilhosa que está ali para contribuir para a música e não o contrário.

Infelizmente, o que sobra no som do cara falta no show. Como quem já assistiu ao DVD sabe, Eric passa o tempo todo olhando para a sua guitarra e quase não se mexe no palco. Ao contrário de Robert Fripp escondido atrás dos amplificadores, contudo, essa atitude não passa arrogância ou estrelismo. Parece apenas que o cara é excessivamente tímido.

Dos três shows individuais, Eric Johnson foi o único que tocou algumas músicas cantadas e foi também o que eu mais gostei. Algumas músicas: "Summer Jam", "Morning Sun", "Cliffs" e as mais aplaudidas, "Manhattan" (fenomenal) e "SRV" (homenagem ao Steve Ray Vaughan). Foram 45 minutos de um dos melhores shows do ano. Pena que foi tão curto.

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Vinte minutos de intervalo depois e John Petrucci sobe ao palco. Com o Dream Theater no currículo, o cara aparentemente era o mais esperado da noite. Ou pelo menos isso foi o que pareceu, dada a reação da platéia quando ele entrou, ao som de "Jaws of Life", música bem pesada e que destoou bastante do tínhamos ouvido até então. Aliás, isso é positivo, já que o G3 desse ano trouxe três ótimos guitarristas de estilos completamente diferentes.

Após a abertura, John agradece, dizendo que é sempre bom voltar ao Brasil e comenta que todas as músicas que ele iria tocar são do disco "Suspended Animation". Petrucci também não tem muita presença de palco. Assim como Johnson, fica a maior parte do tempo parado e olhando para a guitarra, mas seu "background" metálico aparece em alguns momentos, quando pede para a platéia acompanhar com palmas e coisas do tipo. Por outro lado, o baterista Mike Portnoy (também do Dream Theater) tem uma presença de palco animal e chama até mais atenção que o colega. Em determinado momento, o cara jogou uma de suas baquetas para o roadie, que a jogou de volta. A idéia era que Mike a pegasse e continuasse tocando, mas só conseguiu fazer isso depois de umas cinco tentativas. Foi bem engraçado. No baixo, estava o também famosão Dave LaRue.

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Infelizmente, esse "background" metálico também aparece no público. Por um lado, foi o show onde a galera ficou mais animada, batendo palmas, gritando e coisas do tipo. Isso é legal. Mas tem também o lado negro, que são os animais que ficam subindo nos ombros das outras pessoas, com o maior desrespeito para com aqueles que estão atrás. E o pior é que a impressão que tenho é que eles não fazem isso nem para enxergar melhor, mas para chamar a atenção do artista, já que eles ficam sempre acenando e coisas do tipo. E me parece que os artistas fazem questão de nem olhar para essas pessoas. Devem pensar coisas como "olha a selvageria desses brasileiros. Não têm o menor respeito por quem está atrás deles e também quer assistir ao show. Isso não aconteceria lá na Europa, onde as pessoas são civilizadas e se respeitam". Claro que ninguém vai admitir isso em uma entrevista, mas eu seria capaz de apostar que é o que a maioria pensa.

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Particularmente, achei esse o show mais frio da noite. As músicas, na verdade, são muito legais, mas para mim foi um pouco enjoativo. Eu prestava atenção nos solos e pensava "Belo solo. Bonito, gostoso de se ouvir, boa melodia" e coisas assim. Mas a questão é que não paravam. Praticamente 90% do show de Petrucci foi composto de solos de guitarra. Foi o contrário do Eric Johnson: aqui as músicas serviam para os solos. No geral, o instrumental ficava se repetindo enquanto John solava em cima. Parecia aqueles exercícios de guitarra quando o cara coloca uma base no teclado e a acompanha, sabe?

Mas se para mim, esse show foi meio chato, para o público presente parece ter sido o grande momento da noite. Além da já citada "Jaws of Life", o setlist incluiu também "Glasgow Kiss", "Lost Without You", "Curve", "Wishful Thinking" e "Damage Control".

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Mais 20 minutos de intervalo e, exatamente às 00:12h, as luzes se apagam e o show de Satriani começa, com a balada "Flying in a Blue Dream", uma escolha estranha para abrir um show, eu diria. No baixo estava novamente Dave LaRue.

Depois do peso de Petrucci, o show de Joe também trouxe uma mudança de estilo bem-vinda. A música dele tem um jeitão bem alto astral e gostoso de se ouvir. Sem falar que o cara parece um alien.

Sem o Steve Vai no "bill", Satriani se torna aquele que chega mais próximo de ser um showman. Toca com a boca, fala bastante com a platéia, anda para lá e para cá e não pára de fazer caras e bocas semelhantes às de quem está gozando (aliás, alguém sabe explicar por que guitarristas virtuosos sempre fazem isso quando tocam?).

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O melhor momento do show foi "Crowd Chant", música que eu não conhecia e que é deveras divertida, cheia de deixas para a galera acompanhar. Claro que a mais esperada foi a alto astral "Summer Song", talvez o Rock instrumental mais famoso que existe.

O restante do setlist foi composto por "The Extremist", "Redshift", "Cool #9", "Satch Boogie", "Super Colossal", "Just Like Lightnin’" e "Always", durante a qual Petrucci e Johnson voltaram ao palco e o momento mais esperado do show, a jam dos três guitarristas começava.

Após "Always", as músicas que faziam parte da jam propriamente dita foram "Voodoo Child", "Red House" (ambas com vocais de Johnson) e "Rockin’ in the Free World" (com vocais de Satriani) e, infelizmente, foi uma jam bem irregular. Digo isso porque todas as três foram estendidas para aumentar o espaço da guitarra. Isso não é necessariamente um problema, quando é feito direito, mas na maior parte do tempo, a música parava quase completamente enquanto os três ficavam fazendo barulhinhos em seus instrumentos, mais ou menos como costumam ser os solos individuais dos shows de Metal – que, não por acaso, são também as partes mais chatas deles.

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Esse tipo de coisa pode ser legal para guitarristas ou pessoas que gostam de malabarismos, mas para quem estava lá pela música, fica bem chato. Isso foi bem visível durante "Rockin’ in the Free World", quando todos pularam e cantaram, mas na parte da paradinha, era comum vermos bocejos na platéia e pessoas sentando e deitando na pista. Quando ela volta a ser legal, todo mundo acorda e volta a cantar. Será que os músicos não percebem esse tipo de reação?

Enfim, depois dessa música, lá pelas duas da matina, os três se despedem do público e saem do palco, depois de quatro horas de show (menos 40 minutos de intervalo).

Um show do G3 definitivamente não é para qualquer um. Você tem que ser ou um grande amante da guitarra ou de músicas instrumentais. Particularmente, gosto dos dois, desde que sejam colocados a serviço da boa música. Na maior parte do show, isso foi bem sucedido e foi uma noite bem agradável, com algumas partes mais frias.

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Na minha opinião, as habilidades de showman de Steve Vai fizeram falta. Mas Johnson e Petrucci são muito mais capazes de fazer um bom show do que Robert Fripp e fiquei bem feliz por ter tido a oportunidade de ter assistido ao guitarrista que mais curto dos que passaram pelo G3. Quem sabe da próxima vez eles mantêm os solos da jam dentro da música, e não fora dela?

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Sobre Carlos Eduardo Corrales

Carlos Eduardo Corrales é jornalista e fotógrafo há oito anos. É editor-chefe do Delfos - www.delfos.jor.br - o maior site nerd de jornalismo parcial reflexivo humorístico do mundo. Sua principal característica é não levar nada a sério, até mesmo quando fala sério. A única exceção, claro, são os ensinamentos do Deus Metal. Com esse ele não brinca, pois não quer que o Vento Preto venha tirar satisfação.
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