Helloween: Este coelho não saiu fácil mesmo da sua cartola
Resenha - Helloween (Canecão, Rio de Janeiro, 16/09/2003)
Por Rafael Carnovale
Postado em 16 de setembro de 2003
Fotos do show por Henrique Pacheco
Fotos da tarde de autógrafos por Rafael Carnovale
Este coelho não saiu fácil mesmo. Com a saída de Roland Grapow e de Uli Kusch do Helloween, e o anúncio de seus substitutos, Sascha Gerstner e Stephan Swarzmann (no lugar de Mark Cross, indicado inicialmente), o Helloween deu início ao seu re-começo (mais uma vez) com o CD "Rabbit Don’t Come Easy", que se não é a oitava maravilha do mundo, dá continuidade à carreira da banda com dignidade. Deu-se início a uma guerra verbal entre Grapow e Deris/Weikath através da imprensa... mas o tempo acabou dissipando toda essa diarréia verbal e vieram os shows. E o Brasil seria uma das primeiras paradas da "Rabbits on Tour 2003", aonde poderíamos conferir o poder de fogo do novo material e a performance dos novos membros.
Após um bom, porém tumultuado (nos bastidores), show em São Paulo, a banda chegou ao Rio de Janeiro para sua terceira aparição na cidade maravilhosa. O show já começou às 18 horas numa agitada e concorrida tarde de autógrafos na Hard and Heavy do Flamengo. 200 fãs nervosos e ansiosos esperavam pela banda, que veio sem seu vocalista Andi Deris, pois o mesmo alegou que precisava "descansar a voz" no hotel. Os fãs foram ao delírio quando Weike, Markus, Sascha e Stephan adentraram a galeria e a loja, trazendo desde CD’s até guitarras e violões. A banda só dispunha de uma hora para atender os fãs, o que forçou que a tarde corresse com certa pressa, mas no final, todos foram atendidos e os alemães saíram muito satisfeitos deste evento (Markus confidenciaria que nunca tinha visto tamanha euforia em qualquer tarde de autógrafos que eles tenham feito na Europa).
No Canecão a ansiedade aumentava a cada instante. Apesar do público não ser dos maiores (cerca de 1600) pessoas, a empolgação era altíssima. A promessa de um "set" baseado em músicas antigas e clássicos deixava a multidão nervosa. Os shows em POA e São Paulo já tinham mostrado que o "set" seria matador e isso se comprovou quando às 22 horas as cortinas se abriram e a banda entrou com tudo despejando "Starlight" do EP de 1985, com um pano de fundo simples e um bom jogo de luz e fumaça. Apesar de alguns fãs literalmente desconheceram a música, boa parte nem acreditava no que estava ouvindo. "Murderer" veio em seguida com um som embolado e extremamente alto. A acústica da casa não ajudava muito e o som só viria a melhorar bem depois. Andi Deris aproveita para minimizar a confusão que se formara pelo fato de estar ocorrendo no mesmo dia o show do Deep Purple no ATL HALL dizendo que se dependesse deles eles tocariam com prazer com o Purple, e agradeceu, emocionado aos fãs que aplaudiram e gritaram o seu nome, antes de despejar que a próxima música viria do cd "Keeper of the Seven Keys", sendo a música de mesmo nome, o que aumentou a já intensa emoção dos presentes. A despeito da performance de Andi, pode-se afirmar que o mesmo levou com muita garra as vocalizações de Kai Hansen e Michael Kiske, embora a banda tenha diminuído "Keeper" em um tom.
Continuando o massacre sonoro a banda despeja "Future World" (aonde Sascha não fez o longo solo que Kai Hansen criou e Roland Grapow continuou) e "Eagle Fly Free" (aonde Deris forçou bem os agudos no refrão, saindo-se razoavelmente bem). Uma pausa para o descanso veio com "Hey Lord" (aonde os bumbos de Sascha apresentavam uma iluminação vermelha quando eram usados) e a balada "Forever and One", cantada em uníssono pelo público.
Andi aproveita e anuncia que agora iriam tocar uma música do novo cd escrita pelo "homem mais alto da banda (Sascha)" e levam "Open Your Life" que ao vivo ficou muito mais pesada, sendo acompanhada pelo público. Deris emenda com "Are You Ready for Dr. Stein?" e a banda já manda um de seus clássicos, aonde o vocal de Andi falhou algumas vezes, mas deu conta do recado, apesar de ter errado a letra devido a uma crise de riso, provocada por Weike, que começou a saltar feito um maluco na frente de Andi. "If I Could Fly" viria em seguida e esfriaria os ânimos, seguida de um mini-solo de Stephan e "Back Against the Wall", que novamente ficou muito mais pesada que sua versão de estúdio.
Neste momento Deris vira-se para o público e anuncia que era a hora de dividir o público em 2 partes para ver quem cantava mais alto e a banda manda o seu maior sucesso na era Deris, "Power", seguida por uma música de "Master of the Rings" que o público adorou, "Sole Survivor", e emendando com "I Can". O "set" oficial encerraria com outra música de "Master of the Rings", que o público adoraria novamente, "Where the Rain Grows" (aonde Sascha fez os backings de Grapow usando efeitos na voz).
Era uma boa hora para aproveitar e analisar como está este novo Helloween. Markus continua o mesmo agitador de sempre, indo de um lado ao outro do palco, enquanto que Weike ainda é um guitarrista paradão, mesmo que neste show ele tenha se mostrado mais comunicativo e agitador. Sascha ainda parece sentir o peso de ser membro do Helloween, mas tecnicamente é um bom guitarrista. Muitas vezes ele ia solar junto de Weike e vice-versa. Stephan já tem história como baterista e apesar de um ou outro erro (quando Weike olhou para ele esperando o começo da música) ele se mostra um bom substituto. Deris ainda tem um vocal limitado, mas cada vez mais mostra-se muito cuidadoso em encaixar sua voz de modo a não vacilar nas músicas antigas e no seu material. Uma banda que com mais alguns shows vai estar tinindo.
Voltando ao show, Sascha e Stephan voltam para uma mini "jam", aonde Sascha empunha uma guitarra-cítara, logo trocada por uma de 7 cordas para levarem outra música do novo cd, "Sum 4 the World", que com sua levada cadenciada, saiu-se muito bem, embora muitos esperassem "Just a Little Sign", que vinha sendo tocada nesta seqüência. "How Many Tears", como de costume, fecha o show, com um solo bem descontraído de Weikath e Sascha no meio da música, totalizando duas horas de heavy metal.
Tecnicamente o show foi bom, mesmo com a péssima acústica do Canecão e as emboladas que ocorreram direto, além de um chiado irritante que predominou por boa parte do mesmo. O Helloween segue tendo um show bem forte e surpreendeu por trazer um "set" bem trabalhado e diversificado. Se continuar assim, ainda ouviremos "Happy Happy Helloween" por muito tempo. Agora, quem teve a maldita idéia de colocar os dois shows (Helloween e Deep Purple) no mesmo dia?
Agradecimentos:
Hard and Heavy (Alexandre, Paulo e Folena)
Rock Brigade/Laser Company
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