QOTSA: Review de show no Slim's, em San Francisco
Resenha - Queens Of The Stone Age (San Francisco, 16/06/2002)
Por Bruno Romani
Postado em 16 de junho de 2002
Responda rápido: O que seria melhor, arrumar um emprego de verão como baterista do Queens of the Stone Age, ou ter em sua banda como baterista substituto o ex-baterista do Nirvana? Resposta complicada né? Porém foi isso que o Slim’s em San Francisco, California pôde presenciar no último dia 16 de junho. Este é o verdadeiro tipo de show no qual adotar, expor e orguhar-se do chavão "Eu Fui" não é um exagero, afinal foram apenas treze apresentações disputadíssimas em pequenos clubes americanos com Dave Grohl nas baquetas. A partir da metade do mês esta formação do QOTSA será coisa apenas para europeu ver, nos inúmeros festivais disponíveis aos mesmos.
Pouco comunicativa, a banda do malucão Nick Oliveri despejou um verdadeiro repertório digno dos momentos mais gloriosos do grunge. Aos primeiros acordes de "Feel Good Hit of The Summer", o saúdavel refrão "Nicotine Valium Vicadim Marijuana Ecstasy and Alcohol" tomou conta da casa, enquanto Dave Grohl literalmente socava sua bateria. A sequência com "Quick and to the Pointless" foi o ingrediente final do coquetel molotov que veio a explodir no pequeno Slim’s. Para sorte de alguns e azar de outros, as rodas foram altamente reprimidas pela segurança local. Mesmo assim, a agitação das pessoas chega a ser incomparável com a frieza com que o público carioca recebeu esta mesma banda no Rock in Rio.
Na sequência músicas do primeiro disco da banda e mais algumas músicas inéditas foram executadas. Entre as novas canções, que misturam peso e algum swing, estão nomes como "Millionaire", "Song for the Dead", "No One Knows" e "God is Radio". "Song for the Dead" e "Millionaire" compõe a dupla mais pesada deste CD, e as outras duas são as possuídoras das levadas mais swingadas, porém não menos pesadas. Todos os clássicos do primeiro disco também tiveram presença garantida, como "Mexicola" e "Hanging Tree".
Algo curioso foi o fato de um outro vocalista, não identificado pela banda, ter o papel principal das linhas vocais de algumas canções. Contudo a discrição do rapaz era tamanha, que terminado seu número, ele deixava o palco, retornando para o mesmo somente na sua próxima participação, quando lhe incumbia. Outro elemento discretíssimo no canto direito do palco era o guitarrista Troy Van Leeuwen (Perfect Circle), que nem por isso deixou de cumprir sua função perfeitamente. As atenções ficaram divididas mesmo entre Nick Oliveri (que desta vez não fez uso da nudez enquanto tocava), Josh Homme e Dave Grohl (que faz sua primeira turnê como baterista desde os tempos de Nirvana). As tarefas vocais continuam divididas entre as músicas de vocais esganiçados para Oliveri e melódicos para Homme.
Dave Grohl tocou bateria e só. Quem imaginou que ele pudesse contribuir com vocais em alguma música se deu mal. Grohl realmente aceitou o cargo de baterista substituto do QOTSA e pronto. Não quer aparecer mais do que ninguém apesar de saber que está sob foco constante do público por razões óbvias. Ele parecia muito animado, e apesar de não falar com a platéia, arrancou gargalhadas da mesma, e principalmente de seus companheiros de banda, devido ao seu jeito hilário de se comportar. O maior destaque musical dessa volta ao passado de Grohl fica por conta da bateria e "No One Knows", uma canção com um show de viradas do ex-baterista do Nirvana.
O primeiro ato do concerto terminou com "Tension Head", um nome bem apropriado para a aparência física da careca de Nick Oliveri ao berrar "I’m feeling so Sick". Ele literalmente engolia o microfone nesses momentos. A volta para o bis começou avassaladora com a execução da ótima "Regular John". O que parecia que iria ultrapassar os limites de transmissão de energia do público, contudo, foi atrapalhada pela apresentação de mais uma inédita ("Do It Again"), uma música de peso também, mas que não foi suficiente para manter a empolgação das pessoas no mesmo patamar.
Ironicamente, a responsável pela volta da adrenalina da platéia foi mais uma música do inédito CD do QOTSA, chamada "God is Radio". Depois de mais de 8 minutos de barulheira, no qual o guitarrista Josh Homme já havia entrado no campo da improvisação ao invés de tocar a música, o primeiro diálogo entre banda e público veio. Homme respondendo a uma provocação sobre os intermináveis solos, disse, delicadamente, que o cidadão que o havia provocado poderia tocar seu membro fálico, pois este seria tão sensível quanto seus solos. Feito isso, a banda terminou a música e saiu do palco.
As pessoas, porém, ainda sentiam falta de algo. Onde estaria o maior hit da banda, "The Lost Art of Keeping a Secret"? A resposta veio em seguida com Josh Homme falando, " I’ll tell you a secret…Don’t tell anyone…". Esse foi o golpe de misericórdia, e com certeza, só não vibraram aqueles cujos seus físicos já haviam sido consumidos por mais de duas horas de agitação extrema. Terminada essa, os caras sairam do palco e pronto. Nem um discreto "bye bye" foi dito, mas àquela altura ninguém precisava de mais nada, somente de um bom lugar para se esticar e uma cerveja gelada para refrescar a garganta na noite fria e memorável de San Franscisco.
O QOTSA é, sem sombra de dúvida a banda mais grunge da atualidade, e a presença de Dave Grohl amplifica em muito isso. A pergunta, porém, continua no ar: o que é melhor, arrumar um emprego de verão como baterista do QOTSA, ou ter em sua banda como baterista substituto o ex-baterista do Nirvana? O resultado dessa união é interessantíssimo e tem muita energia, como os que estiveram no Slim’s puderam comprovar, porém não espere por muita educação de ambas as partes (QOTSA e Dave Grohl), apenas muito Rock n’ Roll.
SET-LIST
Monster in the Parasol
Feel Good Hit of the Summer
Quick and to the Pointless
You Would Know
Millionaire
Hanging Tree
Song for the Dead
I Think I Lost My Headache
Avon
No One Knows
Gonna Leave You
Walkin’ on the Sidewalks
Ode to Clarissa
Mexicola
Tension Head
Bis
Regular John
Do it Again
God is Radio
Bis
The Lost Art of Keeping a Secret
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