Opinião: Velhas bandas e novos artistas
Por Lucas Muzio Vieira Cunha
Postado em 01 de agosto de 2020
As bandas de hoje não são as mesmas de ontem e o rock do passado precisa da juventude de hoje.
Começo escrevendo essa frase, pois a gente precisa entender que o tempo é ingrato, ele passa, leva embora tudo e todos, alguns antes e outros depois, mas o que fica? Ficam as múscias, ficam os versos? (Lembrei de Capital Inicial com "Tudo que vai"). A vida é um sopro lindo e difícil, mas sempre curto, sempre queremos mais tempo, para nós e com o que gostamos, a música nos dá sensação de eternidade, parece que os artistas ainda estão lá, que as letras sempre são verdadeiras e que o sentimento cheio de explosões da nossa música favorita sempre volta como se fosse a primeira vez que nos apaixonamos por aquela música e aquela melodia.
Um ano acaba, pessoas foram, outras ficaram, os artistas que envelheceram perderam a voz, perderam a vitalidade e ainda queremos deles o mesmo que tinham com 20 anos ou no mínimo há 20 anos. Não é justo, nem com eles e nem com ninguém, o tempo passou e a vida mudou, por mais que as pessoas se cuidem, a idade chega.
Qual é a solução? Mudar para continuar. As pessoas passam, mas a música fica, hoje vemos crianças gostando de Queen, Scorpions, Rolling stones, Bon Jovi, U2, Doors, Led e tantos outros que fizeram sucesso, mas eles não podem aproveitar o Rock in Rio de 1985, que foi do car****.
Algumas bandas nos deram pistas do que fazer, se você nunca viu um show do Journey com Steve Perry, hoje você pode conferir algo bem parecido com outro cantor, o legal é saber que encontraram Arnel Pineda pela internet, no youtube. Pode não ser exatamente a mesma coisa ouvir um ou outro, mas sabemos que com o tempo o tom dos vocalistas vai abaixando e encontrar as notas mais altas fica cada dia mais difícil, o Who ainda arrebenta, que orgulho poder vê-los aqui no Brasil, mas já não temos a perfeição extrema que se via antes na execução das canções. O Whitesnake ainda levanta a galera e faz os casais se emocionarem, mas o Coverdale já tem muitas dificuldades em cantar alguns sucessos. Talvez Freddie Mercury já não conseguisse cantar seus sucessos, como foi dado a entender em seu filme, Kurt Cobain poderia ter problemas hoje, Layne Staley talvez não desse seus berros sensacionais, assim como Scott e Chester pelo STP ou pelo Linkin Park, falando nisso, André Matos chegou a um fim triste tão cedo, justamente quando sua voz já parecia requerer maiores cuidados.
Há tanto debate sobre se "vale a pena" pagar um alto preço para ver cantores que já não são mais os mesmos ou mesmo uma maldade extrema na internet, com críticas que levam esses cantores a depressão ou até mesmo ao suicídio. A internet é um problema e uma solução. Por que não dar espaço para novos artistas com as mesmas bandas? Fazer como alguns grupos, como o Journey aqui citado, que conseguiu encontrar Pineda do outro lado do mundo e substituir muito bem Steve Perry, nada vai apagar o que os grandes já fizeram, mas eles vão poder descansar em suas casas de luxo e os fãs poderão ter shows incríveis. Será a mesma coisa? Talvez, mas os novos fãs poderão continuar curtindo o bom e já "velho" rock. Os fundadores das bandas e donos das canções ganharão sua grana, os jovens conquistarão seus sonhos de se tornar novos ídolos do rock e nós (o público) poderemos continuar curtindo os clássicos com a energia de sempre.
Nascerão outros Freddies, Chesters ou Andrés? Só saberemos se houver espaço para os novos! Que o bom, velho e novo rock faça parte para sempre das nossas vidas passageiras.
Receba novidades do Whiplash.NetWhatsAppTelegramFacebookInstagramTwitterYouTubeGoogle NewsE-MailApps