Iron Maiden: Uma análise sobre os últimos anos da Donzela
Por Fabio Reis
Postado em 10 de agosto de 2014
É de conhecimento de todo "Headbanger" que se preze, que o Iron Maiden está entre as maiores, mais populares e bem sucedidas bandas de todos os tempos, influenciando diretamente uma infinidade de grupos no decorrer de sua trajetória. Detentora de clássicos imortais e álbuns maravilhosos, a banda capitaneada por Steve Harris arrebatou uma legião de fãs desde que apareceu ao mundo com o seu poderoso "debut" em 1980.
O ápice da criatividade da "Donzela" e o seu auge em termos de musicalidade e inspiração aconteceu na década de 80, com álbuns incontestáveis que fazem parte da história do Metal. Com a chegada dos 90's e a notória decadência de muitas bandas conceituadas, ainda emplacaram o bom "Fear Of The Dark" (1992) antes da saída do competentíssimo e carismático Bruce Dickinson.
Neste ponto da carreira, o Maiden passou a ter problemas e a colecionar mais erros do que acertos. Nada contra o vocalista Blaze Bayley, muito pelo contrario, acho "The X-Factor" um grande trabalho. O problema é que em meio a tantos nomes que poderiam substituir Bruce Dickinson, Steve Harris optou pelo que menos se assemelhava tecnicamente e que possuía um estilo totalmente diferente, tanto no timbre de voz quanto na presença de palco. A troca de "Frontman" acabou se tornando traumática e gerando insatisfação por parte dos fãs, além de diversas críticas da media.
Enquanto a "Donzela de Ferro" encontrava dificuldades em se manter no topo, seu ex-vocalista Bruce Dickinson se lançava em carreira solo. Após dois álbuns que não acrescentaram muita coisa ao Metal, "Balls To Picasso" e o experimental "Skunkworks", Bruce resolve fazer o que sabe de melhor, convocou seu ex-companheiro de Maiden, Adrian Smith, e juntos ao talentoso Roy Z, lança dois trabalhos irrepreensíveis: "Accident Of Birth" (1997) e "The Chemical Wedding" (1998). Estes dois registros trouxeram grande visibilidade a carreira de Bruce e na mesma velocidade que em que ascendia, o Maiden ia desmoronando com o fiasco de "Virtual XI"(1998).
Como já era imaginado, Blaze foi o "Bode Expiatório" da vez e deixou a banda pela porta dos fundos. Steve Harris, sem pensar muito, resolveu trazer de volta Bruce Dickinson, que se negou a voltar a menos que o convite fosse estendido a Adrian Smith também. Assim sendo, a banda passou a ter a formação dos sonhos de qualquer fã, com três guitarristas e o vocalista que gravou seus maiores clássicos. Tudo eram rosas e "Brave New World" (2000) se mostrou um álbum forte, um digno trabalho do Iron Maiden. Ótimas composições, criatividade em alta e muitos outros sinais de que a banda retornava aos bons tempos. Quem em sã consciência pensaria que um grupo pra lá de tarimbado, com músicos de extrema competência e com compositores natos em seu "Line Up" poderia fazer qualquer coisa que não soasse no mínimo excepcional?
O que acontece é que "Dance Of Death" (2003), "A Matter Of Life And Death" (2006) e "The Final Frontier" (2010) foram trabalhos bem abaixo da média e nos fazem pensar, por que uma banda com tantas virtudes não consegue mais lançar um álbum que seja compatível com sua história? Vários fatores podem ser levados em consideração, mas creio eu, que Steve Harris tem se equivocado em determinadas atitudes.
É de conhecimento geral, que todas as músicas feitas por qualquer membro da banda, deve receber a aprovação de Harris, que as modifica e dá a elas o tratamento que quiser. Um outro ponto que precisa ser levantado é que a inspiração e criatividade de Steve não tem estado em seus melhores momentos há anos. Suas composições tem seguido padrões que não vem agradando a maioria dos fãs, muitas delas são muito longas e soam progressivas demais, as faixas mais diretas estão cada vez mais escassas e o Maiden não emplaca um Hit há anos.
Muitos "monstros" consagrados vem sofrendo com a idade e lançando registros dúbios, o Maiden frequentemente é colocado entre estas bandas mas se pararmos para analisar todos os fatos com cautela, estas comparações me soam injustas. Bandas como Black Sabbath, Judas Priest e Deep Purple podem até lançar álbuns atualmente com certa qualidade mas nitidamente sofrem com a ação implacável do tempo. Fato este que não ocorre com o Iron Maiden, tendo em vista as apresentações ao vivo que continuam impecáveis.
O que fica claro pra mim é que especificamente neste caso, o "fracasso" destes últimos lançamentos são pura e exclusivamente causados por um desvio na sonoridade habitual da banda, somados a "mão de ferro" de Steve Harris e sua atual pouca inspiração .
De todas as bandas já em fim de carreira, e que se encontram em uma fase pouco proveitosa, a que mais tem condições de reverter este quadro é o Maiden. Steve sempre primou por ser um bom líder e saber o que é bom para a banda, vem cometendo alguns deslizes mas tem total ciência de que precisa lançar um trabalho de peso novamente. O mais provável que aconteça, vislumbrando um futuro lançamento, é que assim como fez o Judas Priest, o Maiden também aposte em um álbum mais tradicional.
Existe um grande porém ao pensarmos nesta possibilidade, o Judas sofre demais com o envelhecimento e consequente perda de voz de Rob Halford, sem contar a saída de K. K. Downing que por anos a fio formou uma das maiores duplas de guitarristas do mundo ao lado de Glenn Tipton. No caso do Maiden, não existem baixas e Bruce continua cantando como nunca, um trabalho da "Donzela" que deixe de lado os devaneios progressivos e soe mais tradicional, fatalmente acertaria em cheio no alvo.
Vamos aguardar o próximo álbum, mas sempre se lembrando que não falamos de qualquer banda, falamos de uma lenda, um grupo onde existem 3 compositores natos que sabem tudo de Heavy Metal. Se Steve Harris, Bruce Dickinson e Adrian Smith entrarem em um acordo e resolverem compor um disco a moda antiga, alguém se aventuraria a dizer que seria em vão?
Up The Irons!
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