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Ghost: entendendo a banda de acordo com as críticas mais comuns

Por Dan Santos
Postado em 27 de julho de 2014

Com a notícia da passagem do GHOST pelo Brasil em setembro de 2014, reacenderam as discussões acerca do amor e ódio à banda sueca. Esta é uma carta destinada aos famosos "haters", já que, estranhamente, eles adoram entrar em matérias sobre a banda. Ou apenas a simpatizantes que desejam saber mais sobre o sexteto obscuro.

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Somente o KISS obteve sucesso usando máscaras!

O GHOST era uma banda desconhecida, até mesmo em seu país natal, até 2010. Em três anos, eles tocaram no palco principal de um dos maiores festivais de música do planeta. Em menos de três anos, eles estavam abrindo shows de bandas consagradas, como IRON MAIDEN, METALLICA e SLAYER. Em menos de um ano, líderes e músicos consagrados do Rock estavam entrando para a base de fãs da banda. Em três anos, eles passaram a ser uma das bandas mais comentadas na mídia especializada. Com três anos de banda, eles lançaram um disco que, em uma semana após o lançamento, estava no top 30 da BILLBOARD. O merchandising da banda é sucesso de vendas em todas as esferas, seja vestuário, acessórios ou edições especiais dos discos.

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O KISS tem 40 anos, o GHOST tem 4.

O GHOST é puro marketing. O KISS, sim, era uma banda de verdade!

Desculpe, mas o KISS foi a banda que mais apelou para o espetáculo, visual, performance e teatralidade que já pisou nesse planeta. Nunca foi superada até hoje. Sobre marketing, não é necessário falar muito. A empresa de GENE SIMMONS lançou produtos oficiais do KISS até dizer chega. A banda teve seus personagens estampados em HQs, shows de televisão e até em filmes.

Não esqueça, também, que o KISS tem personagens. Aquele ser no palco, com uma estrela na cara, se chama STARCHILD, não PAUL STANLEY.

O GHOST é mais teatro que música!

Existe uma coisa chamada entretenimento. O GHOST é uma banda performática. O "show" tem que andar lado a lado com a música. A banda tem um conceito por trás de tudo aquilo. Cada detalhe visual é justificado pela história conceitual que está por trás. Só que é mais fácil julgar sem conhecer. Entendo quando focam tanto no visual pra criticá-los. É preciso, primeiro, se interessar pela banda e ir atrás do porquê de tudo aquilo. Sem isso, não dá pra fazer uma crítica séria e coerente.

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A proposta do GHOST, quando surgiu, era de ser uma banda performática e conceitual. O GHOST é praticamente uma banda de música misturada a uma peça teatral.

Mas é mais confortável dar uma olhada nas fotos da banda e, dali, tirar toda uma crítica, sem ao menos saber qual a proposta real.

Quem vê apenas umas fotos e uns vídeos não consegue mesmo compreender. Tem que ir a fundo, ler as entrevistas, reservar um bom tempo pra analisar as letras e o conceito dos discos. E só quem faz isso são os fãs. É muito mais fácil somente criticar superficialmente. É mais fácil olhar uma foto dos caras e conceber a crítica do "é muito visual" do que perder dias analisando a fundo a proposta da banda pra descobrir realmente se essa crítica se aplica.

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Eles só falam de satanismo. Isso não é Rock de verdade!

Essa conversa de que "o Rock é protesto, crítica política e social" é muito precipitada. O Rock politizado surgiu no início da década de 70, cerca de 20 anos depois do nascimento do Rock'n Roll, que, inicialmente, nada mais era que uma mistura de ritmos com o intuito de entreter e servir para dança.

O GHOST não é original. Se é pra curtir esse tipo de coisa, prefiro ouvir os originais!

O Ghost não precisa ser original no que faz para ser válido. Eu posso curtir MERCYFUL FATE, VENOM, COVEN e também curtir GHOST. Não há nenhum impedimento.

É muito ingênuo acreditar que eles estão inovando em algo. Mas não existe essa de: "ah, se você quer uma banda que faça tal tipo de som, então não escute a banda B, escute a banda A, pois ela fez isso primeiro".

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Não. Eu posso ouvir a banda A e a banda B simultaneamente. Ou posso ainda ouvir apenas a banda B. Ela pode estar repetindo uma fórmula usada há décadas, mas a sonoridade dela me agrada mais que a sonoridade das bandas que fizeram isso anteriormente. Eu não vou me forçar a ouvir uma banda que não me agrada simplesmente porque ela "fez primeiro".

O GHOST é uma banda modinha feita para adolescentes rebeldes e alienados do Metal!

O GHOST é uma banda formada por músicos experientes da Suécia, que tem uma bagagem musical enorme e, principalmente, diversificada. Os integrantes já fizeram parte de bandas de Hard Rock, Death Metal, Indie, Rock Progressivo e Experimental, por exemplo. As suas influências musicais incluem, obviamente, clássicos do Rock, como BLACK SABBATH e BEATLES. Mas vão além. Eles têm como influência também bandas Pop dos anos 80. Sim, isso mesmo. Ele não tem uma barreira, vista comumente em bandas de Rock pesado. A barreira de beber apenas de uma fonte dentro do estilo. Eles extrapolam isso. E quem pode dizer que eles estão errados ao fazê-lo? É a proposta da banda, eles nunca negaram isso. Curte quem se identificar.

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A proposta sonora do GHOST é fazer um tributo aos anos 70. O Rock deles é claramente feito para remeter ao Rock Clássico daquela época. Inclusive o Ocultismo empregado pela banda remete ao Rock setentista, pioneiro na aplicação desses temas.

E que conceito é esse por trás de tudo?

O GHOST é um livro, onde cada disco é um capítulo e conta uma determinada história. Exatamente como um filme. Uma história sendo contada.

O primeiro disco relata a profecia da vinda do Anticristo à Terra e como a humanidade reage a isso. O disco termina com uma música chamada Genesis, que simboliza o cumprimento da profecia com o nascimento do Anticristo.

O segundo disco começa com uma música chamada Infestissumam, que simboliza uma adoração ao nascimento do Anticristo, que aconteceu no final do disco anterior, e que agora sabemos que se trata do filho de Lúcifer. O resto do disco conta como a humanidade reage à presença do mal. Uma relação de medo, inicialmente, e de amor, logo depois.

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O visual da banda serve como suporte para toda essa história. É um adereço para apresentar o conceito da banda. O GHOST quer ser e nasceu pra ser uma banda performática, de entretenimento, como um filme.

A banda bebe de diversas fontes também fora da música, como cinema e literatura de Terror. As capas dos discos, por exemplo, são reinterpretações de cartazes de filmes clássicos como Salem's Lot, Amadeus e Nosferatu.

Mas é só isso?

Só? Não. Por trás de toda a peça, está impregnada nas letras uma forte crítica aos dogmas e preceitos religiosos. Isso fica claro com a caracterização do vocalista, fazendo uma sátira contrária ao maior ícone da Igreja Católica. Fica evidente também em músicas como Idolatrine, Body and Blood, Secular Haze e em muitas outras.

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Mas eles vendem isso! São uns vendidos!

Claro que vendem. Uma banda é uma empresa e engana-se quem pensa o contrário. Uma banda precisa de dinheiro (e muito dinheiro) pra chegar ao topo. E o topo é o objetivo de toda banda. Toda empresa precisa de marketing para prosperar. Com uma banda não é diferente.

Pff, banda mascarada só presta a banda X!

Uma banda ter obtido sucesso usando deste artifício não impede que outras bandas possam também obtê-lo. Uma coisa não anula a outra. Não existe uma lei que diga que apenas uma banda no mundo obterá sucesso comercial usando máscaras. Todas podem, dependendo de seus esforços. O GHOST está caminhando há apenas quatro anos e já conquistou o que conquistou.

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O que eles tem de especial?

Sabendo quem são por trás das máscaras fica fácil afirmar: diferente da grande maioria dos artistas, eles tem uma humildade verdadeira. São absurdamente educados, cordiais e abstêmios de excentricidades.

E isso não é notado apenas quando se conhece suas identidades. Mesmo mascarados, isso é perceptível. Basta dar uma olhada em entrevistas, bastidores e afins.

Uma história interessante é que, no Rock in Rio, enquanto todas as outras bandas exigiam o que há de mais estranho e extravagante em sua lista de camarim, como mega-jantares, comidas típicas de outros países, comidas excêntricas, massagistas e tanto mais, os caras do GHOST pediram apenas algumas poucas pizzas vegetarianas para toda a equipe. E acharam que estavam exigindo demais.

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Mas se você gosta tanto desses negócios aí, por que não vai ser apreciador de cinema em vez de curtir essa banda?

Eu não preciso ser um apreciador de cinema ou um apreciador de música. Não preciso escolher entre um e outro. Eu posso ser um apreciador de cinema e de música, simultaneamente. E se nasce uma banda com a proposta de unir as duas coisas, naturalmente vou achar isso maravilhoso

O GHOST é uma afronta ao Metal de verdade!

O GHOST resgata as origens do Metal. A sonoridade que deu origem aos primórdios desse Metal moderno. Sonoridade essa que permeou o final dos anos 60 e início dos anos 70. Que serviu de base e influência para o surgimento de bandas como o VENOM, que foram a modificando e, por sua vez, serviram como influência para as novas bandas de Metal pesado.

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Mas antes disso tudo se fazia o Metal embrionário. O GHOST presta reverência a esse som. Essa é a proposta sonora da banda em relação ao Metal, e não ser só mais uma dentre tantas "bandas pesadas" de hoje em dia.

Eles vêm para quebrar esse tabu de que, se uma banda quer abordar o tema do Ocultismo, ela precisa ser uma banda de Metal extremo, como Death ou Black Metal. Vem pra mostrar que isso não é uma regra. Que essas bandas de Metal moderno não são as pioneiras em abordar o Ocultismo em suas músicas. Que muito antes delas, já se fazia isso no Metal Clássico. E é a esse Metal primitivo que o GHOST presta homenagem.

Mas o som é tão fraquinho, tão chato, tão paradão!

Eu tenho certeza absoluta que você não pularia igual um macaco em um show do PINK FLOYD.

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Modinha!

Só o tempo dirá onde o GHOST vai chegar e nós só podemos esperar e apostar. Uns contra, outros a favor.

Paz.

P.S.: Não, cara, o GHOST não é Black Metal.

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