Psicologia Metal: por trás do preconceito (New Metal)
Por Felipe Prado
Postado em 07 de setembro de 2011
Que gêneros como o New Metal/Nu Metal, o Metalcore e o Screamo (torcendo o nariz para este último) sofrem com a acusação de "não serem metal de verdade" todo mundo sabe, mas tal argumento tem fundamento? Em termos de sonoridade é inegável que exista peso e agressividade, mas afinal de contas, o que constitui o metal? Talvez a resposta esteja além do som, mas também na CULTURA heavy metal.
Apesar do título quero deixar bem claro que não sou psicólogo ou algo do tipo, mas acredito haver um conceito básico por trás destes conflitos facilmente compreensível para aqueles que se dispuserem a refletir sobre o assunto. Comecemos por: O que é o Heavy Metal, culturalmente dizendo?
O Heavy Metal sempre foi uma demonstração de PODER, pegou todo o questionamento social do Rock and Roll dos anos 60 e o levou a outro nível, foi além da rebeldia adolescente e se tornou a grande pedra no sapato da sociedade conservadora. Não eram só questões como "Devo fazer sexo antes do casamento?" ou "Por que devo ser submissa ao meu marido?", o heavy metal questionou a sociedade política e religiosamente, em outras palavras tudo aquilo que era tido como valor moral universal. Não eram só adolescentes frustrados com os pais, era um movimento que queria mudar o mundo e a maneira como se portava.
Toda essa demonstração de poder se impregnou nas bandas e aos adeptos do movimento, da sonoridade pesada ao visual extravagante, tudo queria dizer "eu posso". Queriam mudar as regras e conseguiram. Logo todo o senso de inovação acabou com as décadas e o rock virou uma figura caricata de si mesma. A imagem que antes significava rebeldia passou a ser simplesmente estética, tudo se transformou em modismo e o mundo se cansou. Eis que então o bom e velho heavy metal se recriou e se tornou o lar de uma nova classe, a classe dos oprimidos e excluídos, surgiu daí o Grunge (calma, ainda vou chegar no New Metal).
O Grunge não era uma demonstração de poder, mas sim uma demonstração de importância dos "diferentes", da sonoridade crua ao visual desleixado, queriam dizer ao mundo que também existiam e nem tudo era brilho (glam, ou farofa se preferir). Essa nova faceta do heavy metal como lar dos excluídos deu origem mais tarde a uma grande tribo adolescente que escolheu o Metal como forma de expressão, surgiu aí o New Metal (finalmente).
O New Metal/Nu Metal utilizava do peso do Heavy Metal unido a outras tendências musicais da época como o rap e o funk, assim como o visual que misturava cabelos longos a bonés, piercings, tênis largos e roupas folgadas, além das famosas trancinhas... Logo se tornou uma febre e virou a onda musical do momento, mas afinal de contas é metal ou não?
Deixando um pouco de lado a sonoridade, analisemos a questão social da coisa. O Heavy Metal a princípio era um movimento de mudança, que não se preocupava se era aceito ou não, apontava os erros do mundo na sua cara e lutava até o fim pela sua ideologia, enfim, era um movimento que agia em prol da liberdade comum e não apenas individual. Já o New Metal agia de maneira oposta, era só um bando de adolescentes querendo se sentir alguém, e que se dane o bem comum. Não dá pra se esperar tamanho senso social de um bando jovens imaturos que só querem quebrar as regras.
A força motriz do Heavy Metal enquanto manifestação cultural sempre foi o questionamento de tudo, no New Metal esta força estava lá, no entanto chegava-se as respostas erradas. Os excluídos tinham um lar, mas ainda eram tratados como tolos, porque apesar de tudo, não havia uma ideia sendo apresentada ali, apenas a rebeldia.
Em relação ao som a resposta é simples, não se pode considerar como sendo 100% Metal aquilo que não segue os padrões básicos do heavy metal, o mesmo conceito se aplica a qualquer coisa. A sonoridade das bandas é puramente focada no peso, o que muitas vezes é apenas barulho, não há sequer solos de guitarra (o que é mais metal do que um solo de guitarra?). Usar rap e batidas eletrônicas é outro fator questionável.
A questão não é se é ruim ou não, se vale a pena ouvir ou não, mas sim se é METAL ou não, e eu diria que está no meio a meio. Assim como seus criadores adolescentes que são "meias pessoas" em termos de maturidade e sua ideologia meio completa que questiona o mundo mas no final é egoísta e não traz algo realmente revolucionário, isso se demonstra no som tornando-o meio metal, meio outras coisas. Talvez Half Metal fosse um nome apropriado.
Embora incompleto em termos de Metal, é um gênero que merece respeito pelo fato de ter sido criado com base em um sentimento real, embora conceitualmente fraco. Se gosta do que está ouvindo, continue ouvindo, se não gosta passe batido, mas não o desconsidere por completo.
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