Tom amoroso predomina em novo CD de Rita Lee
Fonte: Folha Online
Postado em 29 de outubro de 2003
PEDRO ALEXANDRE SANCHES
da Folha de S.Paulo
Com 56 anos de vida e 37 de profissão no rock'n'roll, Rita Lee está romântica. O tom amoroso predomina em "Balacobaco", álbum que marca sua reestréia na gravadora em que fez mais sucesso, a Som Livre, da Rede Globo.
Respondendo a perguntas da Folha por e-mail, Rita aceita a conotação "romântica" para o CD ("Talvez eu seja uma baita romântica sem querer querendo"), mas diz que não procurou de propósito o tom: "Essas coisas a gente não procura, elas nos acham".
Entre variadas declarações de amor (especialmente a Roberto de Carvalho, 50, seu marido e produtor), chama atenção uma inédita. Vai para Moacyr Franco, 67, ídolo de música popular dita "cafona" e de comédias de TV.
Em "Balacobaco", ele é autor do rock inédito "Tudo Vira Bosta", o que, segundo diz, não significa novidade para ele. "Já fiz rock no início da carreira, mal para caramba", diz, por telefone, lembrando que cantava "Tutti Frutti" (Little Richard) na TV munido de sanfona e traje de caubói e que em 58 gravou "Baby Rock" sob o codinome Billy Fontana.
Moacyr conta que precisou de coragem para chegar a Rita. Acostumado a nem constar como verbete em enciclopédias de MPB, achava que Rita era "muito grande" para ele e que devia mandar a alguém da "terceira divisão".
Mas tomou coragem, mandou. "Já achei maravilhoso só o fato de ela telefonar de volta. Mas Rita disse que não só havia gostado, como já havia até gravado, mudando alguma coisinha."
Rita dá seu colorido à história: "Cheguei em casa e havia um CD com um bilhetinho: 'Fiz esse roquinho procê, beijo, Moacyr Franco'. A vida parou naquela hora, coloquei o fone e pensei: putz, esses 'véios' ficam fazendo rock, dane-se o mundo, te cuida, KLB!".
Romances à parte, a historinha se casa com outra vivida na música brasileira desde que o pesquisador Paulo César de Araújo lançou, há um ano, o livro "Eu Não Sou Cachorro, Não", que reclama da exclusão arbitrária de artistas "cafonas" da história da MPB.
De lá para cá, mais e mais músicos e cineastas têm feito referências à "cafonice". Araújo acredita que tem parte no novo hábito: "O livro contribuiu para abrir um vasto mundo que a classe universitária não observava, nem sequer tomava conhecimento".
Mas não se atribui responsável pelos dedinhos entrelaçados de emepebistas, roqueiros e "cafonas". "Não foi à toa que meu livro saiu ao mesmo tempo em que Lula chegava à Presidência", diz.
Já Moacyr, autor de "Incêndio no Canavial" (tema de abertura da novela "Canavial de Paixões", do SBT), ainda manifesta certa incredulidade. Não vê um rock de protesto em "Tudo Vira Bosta", que defende que ricos e pobres se igualam no final ("tudo vira bosta/ um dia depois/ não me vire as costas"). "Não quero ser pretensioso. Como vou falar de protesto depois das coisas que Chico Buarque fez? Tudo parou ali."
Enquanto isso, Rita tece em "Balacobaco" outras declarações de amor. O título vem de gíria usada pela cantora pré-feminista e depois jurada de TV Aracy de Almeida (1914-88). Denota o amor de Rita pelos humores feministas. "Aracy criou a expressão porque não era de bom-tom para uma rainha dizer que algo ou alguém era "do cacete'", reverencia.
Declaração de amor ao amor aparece na discothèque "A Gripe do Amor" --seria o amor uma doença? "Nas grandes óperas, as mulheres frágeis, tísicas e tuberculosas morriam no palco, e o teatro vinha abaixo. A doença do amor leva para a cama, mas quando vai embora todo mundo chora", responde/filosofa Rita.
Fala com amor do advento de Maria Rita, filha de sua amiga Elis Regina (1945-82): "Sinto que Maria Rita (Elis me chamava de Maria Rita!) alcançou exatamente o que ela lhe desejou numa entrevista: 'Quero que Maria Rita seja uma pessoa leve, que a vida dela seja leve'. Elis e Maria Rita serão felizes para sempre".
Sobre outro amor antigo, prefere despistar. Não diz se sente vontade de ouvir o disco que Arnaldo Baptista, 55, companheiro de tempos Mutantes, está gravando.
"Sim, os Mutantes vão para o trono, mas convenhamos que uma senhora de 56 anos como eu, ainda na ativa, cheia de afazeres domésticos e criativos, não tem tempo para ficar pensando em creme hidratante", decreta.
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