Camisa de Vênus se reúne após sete anos separados
Fonte: Terra Música
Postado em 31 de março de 2004
Marcelo Costa
Com o intuito de registrar imagens para um DVD e, claro, matar saudades dos amigos, dos fãs e do palco, a banda baiana Camisa de Vênus se reuniu no fim do ano passado para um show no Festival de Salvador, gravado e filmado, que ainda não tem previsão de ser lançado comercialmente. "O que nós tínhamos que fazer era fazer o show, e nós nos divertimos pra caramba", contou o vocalista Marcelo Nova em entrevista por telefone ao Portal Terra. "Tinha sete anos que nós não tocávamos juntos, mas quando entra a indústria, quando entra gravadora, quando entra a parte de confecção da coisa, foge a nossa alçada. Eu realmente não sei", explicou o cantor, que contou que duas gravadoras brigam pelo material. "Quando elas acabarem de brigar, nós vamos ver como é que fica".
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O Camisa de Vênus surgiu em 1982, na Bahia. O primeiro disco, homônimo (83), foi gravado e mixado em 12 horas, com instrumentos nacionais e total desconhecimento de técnicas de estúdio e gravação. Mesmo assim, logo depois já estava freqüentando as paradas de sucessos com hits como Bete Morreu e Meu Primo Zé, além da debochada versão de Negue, de Adelino Moreira. Os discos seguintes (Batalhões de Estranhos 84, Viva! 85, Correndo o Risco 86, Duplo Sentido 87 e Quem é Você? 96) consolidaram o sucesso do grupo com canções como Eu Não Matei Joana D'Arc, Hoje, Só o Fim e Muita Estrela, Pouca Constelação, entre muitos outros. E são justamente estas canções que o grupo privilegiou no registro. "Não tem nada inédito. Só coisas que nós gravamos do primeiro álbum, de 83 (Camisa de Vênus), até músicas do último álbum que o Camisa de Vênus gravou, em 1996 (Quem é Você?)", adianta Marcelo. "A idéia seria que (o DVD) tivesse o show e um pouco de história, afinal de contas, é um DVD que foi feito 24 anos depois da banda ter tocado os seus primeiros acordes. São quase duas décadas e meia, então seria interessante ter um retrospecto, mas é preciso primeiro definir se o lançamento vai ou não ser viabilizado comercialmente", analisa o músico.
Enquanto a definição não surge, a banda segue fazendo shows. E se divertindo. "É ótimo se reunir a cada sete anos. Na nossa próxima reunião, deveremos tocar de cadeira de rodas e bengala. (risos)", brincou Nova, que na semana passada se apresentou com o Camisa de Vênus ao lado do Ira! no Sesc Itaquera, em São Paulo. "Foi um show excelente", conta. Deste show, o Portal Terra traz dois vídeos, registro das canções Simca Chambord e Deus me dê Grana. A pedido do Terra, Marcelo relembrou as músicas.
Deus Me Dê Grana
Gravada no álbum Correndo o Risco de 1987, "Deus me de Grana é uma constante na vida de qualquer brasileiro", explica Marcelo Nova. "Qualquer um não, né. Alguns não estão mais preocupados com isso (grana), mas eu diria que a grande maioria da população está. E é curioso, porque nestes tempos caretas de 'vai com Deus', 'fica com Deus', 'Deus te acompanhe', onde domina a idéia de um suposto ser que toma conta de tudo e de todos, ele é usado apenas como um intermediário para conseguir favores. Eu não consigo entender isso, porque eu sou ateu, graças a Deus. (risos) Então eu não consigo entender como é que pessoas que acreditam em uma entidade, seja lá ela onde estiver e que fiscalize o planeta ou universo, eles só se dirigem a essa entidade para pedir. 'Cura minha gripe', 'Me dá um emprego', 'Traz a minha mulher de volta'. É uma coisa no mínimo curiosa. Deus me dê Grana é, inclusive, a teoria que todos esses pastores resolveram por em prática: 'eu jogo tudo pra cima, o que Deus pegar é dele, o que cair no chão é meu'. Alias, eu estou esperando que eles me façam uma proposta para colocar isso como um hino, para recolher grana dos fieis. (risos)", diz o vocalista.
Simca Chambord
"Essa é mais séria", conta Marcelo sobre outro grande sucesso do álbum Correndo o Risco. "Simca Chambord foi uma canção que eu escrevi em parceria com um amigo de Salvador, o artista plástico Miguel Cordeiro. É uma das raríssimas parcerias que eu tive de letra na minha carreira. As letras de 99% de tudo que eu gravei são minhas. Nós estávamos em um restaurante e pedimos a refeição. Enquanto esperávamos, ficamos rabiscando em um guardanapo de papel. A idéia era traçar uma espécie de letra que falasse da destruição do sonho da classe média, mas não utilizando esses elementos que normalmente se associam, como a crise econômica, o desgoverno, a inflação. Eu queria usar um elemento que, ao mesmo tempo em que fosse mais sutil, não fosse, por isso, menos pertinente. Assim, eu acabei escolhendo a indústria automobilística. A história da destruição do sonho de uma classe média, que nos anos setenta era emergente. Eu era moleque na época e me lembro da alegria do meu pai quando ele comprava um carro, era uma espécie de conquista. A indústria nacional estava se solidificando. Já não havia mais apenas a idéia de importar carros. Antes todos os carros era 'Chevrolet', 'Ford', e ai começaram a se fabricar carros no Brasil. Então havia uma esperança de desenvolvimento tecnológico que, talvez conseqüentemente, trouxesse um desenvolvimento cultural. Simca Chambord é uma letra que fala disso. 'Eles fizeram pior'. Pior do que o presidente fez, do que o governo fez, do que o povo aceitou, do que não foi concluído, pior que tudo é que eles acabaram com Simca Chambord. Simca Chambord é uma canção que até hoje eu consigo encontrar prazer em cantá-la, outras nem tanto. É uma canção que permanece, é uma das canções que eu acho que valeu a pena ser composta", explica Marcelo Nova. Quais são as outras? "Ah, não. Eu tenho mais de 150 músicas", disfarça.
Embora o Camisa de Vênus tenha voltado a ativa, Marcelo não abre mão de sua carreira solo. No dia 19 de abril, o músico entra em estúdio para gravar um álbum de canções inéditas. "È um disco que eu venho protelando, literalmente, há vários anos. Agora chegou a hora. Eu estou trabalhando nele há muito, muito tempo. Isso acabou sendo bom, no sentido que o disco ficou mais consistente e que eu pude tirar algumas coisas que não estavam me agradando. É, também, o disco mais autobiográfico de tudo que eu já fiz até hoje", analisa.
O novo álbum não terá nenhuma versão, contando apenas com canções de Marcelo Nova, música e letra. "E quem toca comigo é a mesma banda que me acompanha há seis anos, Denis Mendes (bateria), Lu Stopa (baixo) Marcio Guedes (guitarra) e Johnny Boy (teclados), que é meu velho escudeiro há 16 anos. O disco também vai ter algumas cordas de violoncelo e quarteto de cordas, que vão preencher um compartimento sonoro que esse disco exige. É um disco autobiográfico e existencialista. Começa no útero e acaba no cemitério. As canções têm uma certa seqüência temática e cronológica que ouvidas na ordem em que vão estar, elas fazem um sentido de amplitude e fatos, embora não haja nenhuma necessidade de você ouvir a primeira para depois a segunda e em seguida a terceira, você pode ouvir qualquer canção, independente disso", finaliza.
Redação Terra
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