John Norum: "aliviado quando surgiu o Nirvana"
Por Demian Filipe Ferreira da Silva
Fonte: Antenna.ru
Postado em 20 de setembro de 2006
Döj, repórter do Antenna.ru, conduziu recentemente uma entrevista com John Norum, do EUROPE; seguem abaixo alguns trechos, e a matéria na íntegra pode ser acessada no link ao final:
P: Um monte de bandas dos anos oitenta se reúnem com uma formação incompleta de apenas poucos membros originais. Exceto Tony Reno, todos os membros originais estão presentes na formação do Europe. Foi importante para você fazer a reunião desta maneira, e como você conseguiu realizá-la?
Norum: Nós quisemos reviver a formação do 'Final Countdown'. Na verdade os outros caras já haviam organizado-a, e eu apenas me juntei a eles. Tony não tem tocado bateria em 10 ou 15 anos, de forma que seria meio arriscado fazê-lo, e como eu disse nós queríamos fazer a formação do 'Final Countdown' de qualquer jeito. Ian Haughland é um grande baterista e também faz ótimos backing vocals. Tont nunca fez vocais.
P: O Europe está entre as poucas bandas dos anos oitenta que tem se reunido com sucesso. O que você julga como sendo o fator-chave do grupo ainda ser tão popular?
Norum: Eu acho que nós temos uma certa química que as pessoas podem ver quando nós tocamos ao vivo. Há uma boa energia entre nós. Joey tem uma voz muito peculiar; depois de poucos segundos você pode ouvir que é ele cantando, o que sempre é uma coisa boa de se ter. O que nós fazemos é um tipo de Hard Rock Melódico, e por sorte muitas pessoas parecem gostar desse material.
P: Você poderia, por favor, explicar sobre os processos de composição e gravação do seu novo álbum?
Norum: Na maior parte, nós o fizemos na mesma maneira que nós fizemos com 'Start from the Dark'. Nós trazemos demos nas quais nós todos estivemos trabalhando em casa, e nós nos reunimos e nos concentramos em algumas músicas que nós realmente gostamos. Normalmente a maioria vence nessa banda, assim que é nossa forma de trabalhar. Pode haver algum material pelo qual eu não esteja muito empolgado mas se quatro dos caras realmente gostam dele, então nós o fazemos.
P: 'Start from the Dark' deixou muitos fãs desapontados devido a mudança de estilo se comparado com seus antecessores, principalmente os discos mais antigos. O objetivo era conquistar uma nova base de fãs?
Norum: Não, de modo algum. 'Start from the Dark' é na verdade mais próximo aos dois primeiros álbuns do Europe do que qualquer outra coisa que já tenhamos feito. Nós apenas meio que queríamos voltar ao princípio. Queríamos fazer mais um álbum orientado pela guitarra do que orientado pelo teclado. No passado nós nunca experimentamos diferentes afinações, de modo que foi provavelmente uma grande surpresa para muitos que tenhamos usado coisas como B-abaixo, D-abaixo e afinações abertas. No passado, os álbuns do Europe sempre eram com afinações padrão. Tínhamos um pouco de Black Sabbath lá. Eu, pelo menos, não esquentei muito sobre o que as pessoas iriam pensar. Apenas fizemos o que sentíamos que queríamos no momento, nós apenas queríamos fazer Hard Rock e não ser suaves e ensopados como eramos nos anos oitenta. Definitivamente não queríamos fazer outro 'Final Countdown'. Seria uma idéia estúpida.
P: I fato de que fãs pedem mais material mais velhou nos seus shows o incomoda? Você preferiria tocar material novo?
Norum: Não, não me incomoda de modo algum; é divertido tocar um pouco de ambos. Nós temos um grande catálogo onde escolher, e tocamos o material que achamos divertido. Para ser honesto eu não estou muito empolgado em tocar alguns dos sucessos mais antigos que tivemos, mas você apenas tem que tentar apreciar isso. Você tem que encaixá-los, e quando você encaixa junto com a reação do público, se torna muito divertido tocar apesar de tudo. Eu tenho em vista que canções como "Cherokee" e "Rock the Night" não são muito excitantes de se tocar na guitarra, mas vendo a resposta da multidão, faz tudo valer a pena, e se torna legal tocar essas músicas.
P: Como você se sente em relação a tocar material que não ajudou a criar?
Norum: Não me importo. É como tocar novas canções. Obviamente algumas destas eu tenho que tocar como Kee, porque são muito melódicas, e foram escritas desta maneira. Na verdade a maioria destas melodias foram de Joey. Elas foram melodias vocais no começo, então eu me sinto mais como se estivesse tocando material do Joey do que de Kee porque eu ouvi as demos, e é tudo muito no estilo das melodias de Joey. Eu realmente aprecio tocar estas canções. Nós tivemos uma pequena disputa sobre um par de canções as quais eu não estava muito contente. Como eu disse, normalmente a maioria vence, mas eu lutei duramente para ter o meu jeito com isso. Eu lembro que Ian estava empolgado com a canção "Prisoner in Paradise", e eu disse: 'Mesmo que você me pague um milhão de dólares eu não tocarei esta canção, sairei do palco'. Eu realmente odeio esta canção. Eu tive que lutar duramente por isso, mas eu venci no final, então estou feliz [risadas].
P: Ouvindo 'Start from the Dark' e 'Secret Society', ambos trazem a impressão a atingir o ambiente musical atual. Diferente de poucos de seus colegas dos anos oitenta, você chegou a um acordo com o fato de que o mercado para o passível Pop Metal ou 'Hair Metal' está praticamente inexistente ou, pelo menos, muito underground?
Norum: Eu realmente não penso sobre o material dessa maneira, é mais coisa do Joey. Ele considera que a coisa deve ser mais moderna. Nunca trago isso em mente, se é divertido tocar, e é uma boa música, e me dá aqueles solavancos, então está OK. Eu nunca me preocupei com modismos porque o que está aqui hoje amanhã partirá, está constantemente em mutação; eu nunca me envolvo nesse tipo de coisa.
P: A suécia parece estimular um monte de glam e estilos abandonados nos dias atuais. Bandas como Babylon Bombs, Crashdïet e The Poodles tem todos aproveitado um reconhecível sucesso em seu país natal. O que você pensa dessas bandas?
Norum: Elas são horríveis [risadas]. Você sabe, The Poddles estão apenas fazendo uma piada com os anos oitenta. Alguns desses caras estão atualmente levando a si mesmos a sério, o que é hilário. Eu acho que é lixo. Sou muito old school. Eu gosto de quando bandas tocam com sentimento e alma.
Os anos oitenta foram a pior era musical de todo o tempo. Eu não posso mesmo pensar em uma banda dos anos oitenta que eu goste exceto Van Halen e MSG, principalmente porque Michael Schenker é um dos maiores guitarristas que já existiu. Os anos oitenta foram terríveis, então quando o Nirvana e o Soundgarden apareceram, fiquei aliviado, finalmente. A única coisa negativa sobre isso é que não havia aqueles solos de guitarra de antes, mas isso parece que voltou agora, então está ótimo.
P: Eu estou surpreso, não muitos músicos dos anos oitenta negariam seu passado dessa forma.
Norum: Você sabe que existiram todas aquelas bandas horríveis como Warrant, Winger e Poison, eu as odiava já no passado. As roupas eram ridículas, e toda aquela imagem de garoto bonito simplesmente era uma droga. Essa foi a razão pelo qual saí depois do 'Final Countdown'.
P: Você continuará sua carreira solo simultaneamente com o Europe?
Norum: Sim, eu lancei 'Optimus' aproximadamente a um ano e meio atrás. Eu estarei lançando um novo disco em alguma época do ano que vem, o qual eu estarei começando a gravar logo. Eu vou entrar no estúdio quando eu tiver tempo nos intervalos da turnê com o Europe. Alguma parte do novo material é bem pesado, e outro tanto é mais orientado ao blues. É muito puro e real. Meu material solo é divertido porque eu posso experimentar muito; não é parte dessa grande máquina da qual a Europe faz parte.
P: Você tocou brevemente com o Dokken. O que você pode contar sobre esta experiência?
Norum: No começo, foi muito divertido. Eu fiz o 'Up from the Ashes' em 1991 [basicamente um álbum solo do Don Dokken], fiquei com eles por mais ou menos três anos. Nós fizemos turnê naquele álbum como loucos; foi muito divertido. Então, quando o Dokken se reuniu em 1997, eu me uni a eles mais uma vez, o que foi também muito divertido. Eu me sentia meio bobo às vezes, imitando George Lynch, mas às vezes você apenas tem que tocar o que está escrito para a música. Então eu gravei o 'Long Way Home' em 2001, e tudo estava totalmente mudado, foi horrível. Nós fizemos o álbum, e saímos com a banda por um ano, o qual pareceu cinco anos. Don costumava ser aquela pessoa legal mas se tornou esta pessoa horrível que eu não quero ter nada em comum. Ele tem um monte de problemas pessoas, e isso foi simplesmente horrível.
P: Você poderia informar mais sobre o lançamento que está por vir do DVD 'The Final Countdown'.
Norum: Eu não conheço realmente muito sobre isso ainda. Eu ainda nem o assisti. É uma performance ao vivo de 1986, e há um monte de entrevistas. Eu não estou sinceramente muito interessado nisso. Foi há vinte anos atrás e não traz nada novo. Não é nem uma nova mixagem porque a rede de televisão não pôde achar as fitas, então é apenas a mesma coisa de vinte anos atrás, que inclusive saiu em vídeo. Eu não me importo com material antigo desse jeito. Não é uma boa memória pra mim também; um de meus melhores amigos se foi bem depois daquele show, e eu deixei a banda dois ou três meses mais tarde.
P: O que você acha que é a principal diferença entre a cena musical de que você fez parte no começo dos anos oitenta e a presente?
Norum: A música hoje é muito melhor do que era nos anos oitenta, muito material se tornou mais pesado, mais rápido e mais agressivo o que é sempre mais perto dos meus gostos. A música hoje também tem uma sonoridade mais básica. Não há tanto eco e efeitos como haviam nos anos oitenta. eu gosto de bandas como Audioslave e Velvet Revolver, o estilo é mais rock básico agora.
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