Duff McKagan: dificuldades em ser pai de pré-adolescentes
Fonte: SeattleWeekly.com
Postado em 09 de novembro de 2008
Duff McKagan (VELVET REVOLVER, GUNS N’ ROSES) postou em novembro de 2008 na sua coluna semanal no SeattleWeekly.com como é a sensação de ser pai de meninas quase adolescentes.
"Semana passada, eu tive que encarar uma daquelas situações pelas quais todos os pais devem passar. Vejam bem, eu e minha mulher temos duas filhas e a mais velha está indo para o ensino médio. Com ele, vem aquelas preocupações de 'ser como um adulto', 'parecer legal' e... falando nisto... ah sim, SEXO! O momento derradeiro chegou: a hora DAQUELA CONVERSA".
"De alguma maneira eu e a minha esposa descobrimos que a garotada na escola anda fazendo pouco caso quando o assunto é sexo. Mas que diabos significa 'fazer pouco caso'? Bom, pelo jeito a garotada está muito mais bem informada hoje em dia, graças à internet. Foram-se os dias em que se encontrava a Playboy do papai embaixo da cama e se ia para a guerra do 'cinco contra um'. E para tornar meu drama pessoal ainda pior, já estamos radicados em Los Angeles há alguns anos. Minha esposa afirma que a pressão exercida sobre as mulheres (nesta cidade) é indescritível. Esta pressão causa um efeito absolutamente negativo nas garotas jovens, que acabam regredindo mentalmente à idade pré-adolescente. Esta pressão tem tudo a ver com a aparência externa e NADA a ver com o intelecto ou alma... bem, esta é minha opinião".
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"Há tantos websites voltados para jovens que me parece muito arcaico proibir minhas crianças de usar o computador. Naturalmente a parte negativa disto é que oitenta por cento do que está online é pornografia, e basta um movimento errado para uma criança se ver submetida a coisas que não deveria ver. Minhas filhas usam o computador para fazer as tarefas de casa, falar com seus amigos, e conhecer música no YouTube. Mas vejam, como podem os pais estar atentos a tudo que as crianças vêem? A nova tática disseminada é deixar as crinças usarem o computador somente quando você está na mesma sala... entretanto, isto não é possível. Minhas garotas são realmente amáveis e eu me sentiria embaraçado de ver tudo que elas visitam na web, mas como posso REALMENTE saber a que elas estão expostas? Na minha época, era preciso apresentar documento de identidade para comprar uma revista adulta. Hoje em dia? Basta apenas um clique!"
"Não sei quantas pessoas lêem esta coluna, e também não sei quantos de vocês são pais, mas deixe-me dizer uma coisa: aparentemente, sexo oral no ensino médio é encarado de forma natural assim como eram os beijos quando eu tinha esta idade. Mas de maneira alguma meus dois anjos vão participar desta situação nonsense, acreditem! Se as salas de bate papo e o YouTube se tornarem os lugares onde as pessoas se escondem para coisas assim, como vou descobrir? É foda, fico horas e horas pensando sobre as responsabilidades e proteções que nós pais temos de manipular. Não quero vigiar minhas garotas. É PRECISO haver confiança. Elas estão lidando com muito mais informação do que eu lidei nesta idade. Entretanto, eliminarei tudo que possa provocar danos às minhas filhas. Se concluir que algo de errado está acontecendo, toda liberdade que eu tinha como utópica será jogada pela janela, e retornaremos imediatamente à década de cinquenta na residência dos McKagan".
"Naturalmente eu sabia que chegaria o dia em que teria de encarar a realidade de ver minhas garotas crescendo. Realmente tento manter uma mente aberta e não fazer pré-julgamento de nenhuma amizade das meninas, e SEMPRE deixei claro que elas podem contar comigo para o que der e vier. Mas a hora chegou para mim e minha mulher, que sentamos e começamos a falar algo de forma suave sobre 'pássaros e abelhas' para nossas filhas de 8 e 11 anos de idade. Comecei a suar. 'Ok, reunião da família McKagan!', é como sempre inicio nossas conversas. As meninas sempre ficam empolgadas com alguma lição que minha esposa ou eu guardamos para estas ocasiões. Desta vez, entretanto, quando comecei a falar 'vocês sabem que podem nos contar tudo...', ambas começaram a ficar com a face enrubescida. Quando eu disse a palavra 'sexo', minha filha de oito anos entrou em pânico. Que merda, não seria nada fácil. As coisas começaram a se acalmar assim que ficou claro que ninguém estava encrencado e que aquilo não seria um interrogatório. Minha filha mais velha demonstrou maturidade ao mudar de rumo a conversa com sua sinceridade: 'Sim papai, as garotas mais velhas falam sobre isto mas eu acho tudo muito estúpido... elas estão simplesmente agindo como se fossem adultas'. O teor da conversa se abrandou e nossa família se tornou um pouco mais unida depois daquela tarde".
"Semana passada, minha mulher e eu tivemos de nos ausentar, e trouxe meu novo laptop comigo. O antigo está com minha filha mais velha, mas não tive tempo de apagar todas as minhas configurações. Há programas de bate-papo que estão configurados para enviar informações para ambos notebooks. Enquanto lia meus emails (e via as notícias de esporte!), um dos programas se abriu e um bate-papo estava a pleno vapor. Era minha filha e algumas de suas amigas, totalmente alheias ao fato que eu estava lendo o que falavam a cinco mil milhas de distância. Me preparei psicologicamente para ver algo que não gostaria de ver, alguma conversa atípica para garotas do ensino médio. Me vi retornando para a casa da tia delas, Heidi (que estava passando o final de semana com elas), e jogando na cara das meninas aquele argumento extraído de um programa de bate-papo que inadvertidamente se tornou um espião de meensagens. Mas o chat permanecia inocente e cândido, a conversa mais picante falava de quão bonito e gatinho era um determinado rapaz. Caros, me senti culpado. Quer dizer, talvez não tenha me sentido assim tão culpado, pois penso em manter os notebooks sincronizados pelos próximos anos".
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