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Metallica e Tool: surfar no Havaí, fãs e ocultismo

Por Douglas Morita
Fonte: Metal Remains
Postado em 04 de fevereiro de 2009

A matéria de capa da edição de abril de 2009 da Guitar World americana (capa) conta com dois deuses da guitarra pesada - Kirk Hammett do METALLICA e Adam Jones do TOOL - contando sobre surfarem juntos no Havaí, fãs obsessivos e símbolos ocultos. Alguns trechos do artigo da revista, que irá à venda a partir da próxima terça-feira, 10 de fevereiro, podem ser conferidos abaixo.

Jones: "Nós abrimos para o Metallica na Coréia e decidimos ir ao Havaí na volta para fazermos alguns shows. Kirk estava indo para o Havaí também, mas eu não o vi no nosso avião. Depois que pousamos, eu estava pegando minha bagagem e eu senti cutucarem meu ombro. Era o Kirk, e ele disse, 'Você é o guitarrista do Tool? Eu amo sua banda. Você gostaria de sair pra jantar?' E eu estava meio que 'Sim!'"

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"Ele me emprestou seu longboard e me levou até seu lugar onde toda a velha guarda surfa. Eu sou da Califórnia, então eu nunca tive que remar por 30 minutos em nenhum lugar. [risos] E você precisa ir muito longe em Waikiki para pegar ondas boas. Meus braços estavam ficando tão cansados, e eu estava tão preocupado que eu iria parecer uma bicha!"

Guitar World: Eu estava imaginando quais são, na opinião de vocês, o lado positivo e negativo de se tornar um fenômeno cult?

Jones: "[risos] Eu sei, desculpe. Eu acho que o lado negativo é que há um potencial real de esquecer suas raízes e do porque você começou a tocar em primeiro lugar. É importante lembrar onde estava sua cabeça quando você começou pela primeira vez, porque quando você faz sucesso e te mimam, é fácil esquecer a animação de quando você começou a escrever músicas pela primeira vez. E este é o porque da banda dele e da minha buscar esse modo escondido de escrever músicas e tentar achar aquele lugar de novo. Nós fazemos isso para que a gente não simplesmente continue escrevendo o que a gente escreveu da última vez e que fez sucesso e começar a soar como uma banda cover de nós mesmos. Nós precisamos constantemente voltar e nos encontrar."

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Hammett: "Eu acho que eu posso dizer que o 'Death Magnetic' é o Metallica voltando aos nossos dias de cult, também. Eu não sei, inclusive, se você pode até nos chamar de 'banda cult' atualmente, porque nós somos uma banda muito popular. Você pode ser uma banda cult e ainda ser popular? Eu não sei."

Jones: "Provavelmente depende de pra quem você perguntar. Eu acho que a palavra 'cult' vem de uma perspectiva externa. Quando alguém de fora olha pro Metallica, eles diriam que eles tem seguidores cult. Porque o Metallica teve anos de sucesso e tem um base de fãs dedicada, que poderia até parecer que as pessoas estão seguindo às cegas, mas eu não acho que isso é exatamente correto. O Tool teve disso também. Eu ouço coisas como, 'como uma banda que muita gente nunca ouviu falar tem discos de ouro e platina?' Aí é quando eles falarão, 'é porque o Tool tem estranhos seguidores cults.' Para mim é só um termo que as pessoas usam para descrever algo que eles não sabem direito como explicar... O que não é necessariamente algo ruim."

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Guitar World: Parece que uma banda cult pode se tornar um alvo fácil para fãs descontentes quando ela cresce além da sua "banda de estimação".

Hammett: "Eu sei que muitas das pessoas que são do tipo cult são realmente obsessivas. Elas realmente querem uma determinada coisa, ou sentimento, e elas acham essa coisa em uma banda. Quando a banda cresce - e talvez mais inacessível pessoalmente como resultado - essas pessoas cults tentam ainda mais se envolver nessa coisa ou sentimento da banda. Há um certo tipo de pessoa que é obcecada pelo Metallica, que passa todo seu tempo tentando tirar essa coisa de nossa música, e quando eles não conseguem, eles ficam putos de jeito passional. [risos]"

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Jones: "Para mim, não há nada de errado com obsessão desde que você tire algo disto que é positivo. E quando suas expectativas são frustradas porque você não gostou desde disco tanto quando o último... Bem, você precisa perdoar um pouco mais, ou seguir adiante."

Hammett: "'Perdoar' é totalmente a palavra certa, porque no fim, é só música. Você consegue superar isso."

Guitar World: Falando de assuntos misteriosos, Kirk, você trouxe uma guitarra ESP bem louca, que tem tudo a ver com esse tema de heróis cult.

Hammett: "É mais heróis ocultos. [risos] Basicamente, para esta guitarra, eu dei ao artista Mark Ryden uma lista de tópicos, e eu disse, 'traduza estas idéias em sua visão e pinte-as na guitarra'. Há uma abelha, que é o símbolo da sabedoria; o corvo, simbolizando o conhecimento secreto; e o olho que tudo vê, simbolizando o conhecimento universal. Caduceus simboliza a árvore da vida, mas se você perceber, ele também relembra uma cadeia de DNA. Então há a mão dos céus, a rosa Rosa-cruz e meu símbolo astrológico, Escorpião, além de caveiras aleatórias e um yin-yang. É cheio de simbolismos de numerologia, astrologia, ocultismo e religião."

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Jones: "É uma guitarra espetacular. Eu amo todas as fontes de luz saindo de uma forma feminina, e o design no centro, que eu vejo como uma coisa de vida-e-morte. Mark Ryden é realmente o ícone desse movimento artístico underground atual, e ele pavimentou o caminho para muita gente que tem abordagens similares. Eu vi suas pinturas pessoalmente em Seattle, e ele é um mestre no que faz. Eu estou feliz que ele esteja sendo reconhecido atualmente. E Kirk irá tocá-la e arranhar tudo? Ele deveria colocar em um vidro e pendurar em sua parede. Ou melhor ainda, dar pra mim. [risos]"

Hammett: "Ela verá um pouco de gasto e uso, mas este é seu propósito. Além disso, Mark disse que ele daria retoques quando precisar."

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Guitar World: Parece que vocês dois são bem interessados em estudos de filosofias herméticas. Vocês acham úteis para dar ordem a suas vidas fora do mundo da música, também?

Jones: "A ordem já está lá. Nós só estamos nos alertando disso. Geometria sagrada é basicamente estudar qualquer coisa e quebrá-la a sua forma mais pura, seja um símbolo, forma, cor, vibração ou som. É isto que nossa vida é. Exterioriza quem nós somos como pessoas, a terra ou o universo, em uma realidade espiritual ou até uma realidade coletiva inconsciente."

Guitar World: Voltando a sua guitarra, Kirk, o que especificamente te fascina no simbolismo?

Hammett: "Bem, a respeito do simbolismo, há várias escolas de pensamento, por exemplo sobre como as cores podem influenciar em seu humor ou perspectiva. Símbolos diferentes, como o olho que tudo vê ou a rosa, ativarão coisas diferentes em seu psicológico ou inconsciente. Todas essas coisas são influentes em algum nível e têm um impacto na pessoa exposta a isso, seja no nível quântico ou um nível mais perceptível. Eu realmente tenho interesse nesse tipo de coisa. Outro bom exemplo disto é o uso de Jimmy Page do selo Zoso, que ele escreveu em sua roupa. Ele achou que isso ajudaria sua música e direção artística. Eu sou totalmente ligado em como certas imagens podem influenciar no subconsciente. De maneira bem básica, se essa guitarra fosse brancona, eu teria uma sensação totalmente diferente a respeito dela. O fato de que ela tem esse desenho incrível me inspira e me move".

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Sobre Douglas Morita

Douglas Morita acha que se existem constantes em sua vida, uma delas definitivamente é o Metallica. Fã da banda desde que se conhece por gente, criou o site Metallica Remains em 1998 e considera o grupo como sua principal - porém, obviamente, não única - influência musical. Além do Metallica, tenta ouvir de tudo um pouco, sem se limitar a estilos ou rótulos.
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