"A vida é cheia de arrependimentos", afirma Ozzy Osbourne
Por Camila Oliveira
Fonte: Phoenix New Times
Postado em 19 de fevereiro de 2010
Sarah Ventre, da Phoenix New Times, conduziu em fevereiro de 2010 uma entrevista com o lendário vocalista OZZY OSBOURNE. Alguns trechos da conversa seguem abaixo.
Ozzy Osbourne - Mais Novidades
Phoenix New Times: Você falou bastante sobre o seu passado em Aston, e de como foi importante para você não se separar das suas raízes da classe trabalhadora.
Ozzy: "Eu acho que nós somos abençoados pra caralho por estarmos fazendo o que fazemos. Não acredito que haja outro trabalho no mundo que eu gostaria de fazer. Quero dizer, não é um trabalho, é um hobby remunerado. Eu não sei. Não preciso acordar às seis da manhã. Eu me lembro de há um tempo atrás ter jantado com a banda Chicago, um dos trompetistas. E ele me disse... 'Eu tenho um apartamento com vista para a 405... e todas as manhãs eu vejo esses carros empilhados em congestionamento. Tenho muita sorte de não estar no meio disso tudo. Tenho sorte de não ir a um trabalho que odeio por alguém de quem não gosto, e ir para casa e fazer o mesmo de sempre. Não tenho uma rotina assim, sabe?".
Phoenix New Times: Voce acha que se tivesse crescido em circunstâncias diferentes — talvez se você fosse de uma classe social diferente, você teria tido o mesmo destino?
Ozzy: "Eu estava assistindo a um programa na TV há mais ou menos uma semana atrás. Era a história de Eric Clapton. E ele estava dizendo, isso é verdade – quando você chega a uma encruzilhada, não importa a direção que você escolher, você tem o bom, o ruim e o desagradável nela. Você tem que aceitar o que vier. Então, se eu não fosse cantor, não sei o que seria. Quer dizer, as pessoas dizem, 'Você acha que teria sido mais fácil?'. Existe uma boa chance, mas eu não sei. O que eu sei é que não era... maravilhoso. Nós fomos roubados pelo nosso empresário. Tinha as drogas envolvidas na minha vida. Teve muita coisa boa, muita coisa ruim e muita coisa desagradável que aconteceu na minha vida, mas isso foi parte – esse foi o caminho que eu escolhi... Por exemplo, essa manhã eu fui ao médico para um check-up anual. E se ele tiver... os resultados ruins, então... Eu não posso dizer 'Oh não – vou fazer outro exame amanhã. Talvez saia melhor'. Você tem que conviver com os fatos, sabe. Quero dizer – se eu não tivesse vindo de Aston, Birmingham e não tivesse pegado um microfone, eu não teria me apaixonado pelos Beatles e não teria viajado – às vezes você tem que se perguntar 'Será que realmente aconteceu assim?'".
Phoenix New Times: Voce disse que quando era mais jovem, se meter em problemas era meio que uma forma de ser aceito por outras pessoas — pelos mais velhos, as crianças mais descoladas da escola. Você acha que isso é parte do motivo pelo qual você mais tarde se tornou viciado em tantas coisas?
Ozzy: "Não. Era divertido. Por exemplo, quando nós fumávamos maconha, era uma boa gargalhada, lanchinhos – você ia para o quarto de hotel com algumas pessoas, tomava uma cerveja. Aí você tomava uma cerveja, fumava, comia pizza e tentava transar, sabe. Quer dizer, antes, - mas agora, o baseado que se fuma agora, você diz, oh. A ultima vez que eu fumei… [incompreensível]… um buraco na sua bunda, sabe… você viaja nisso. E não era bom – eu não gostava. É muito forte, sabe. Mas é o que a garotada quer, sabe. Eu não – quer dizer, era uma diversão inocente. Mas aí a cocaína e toda aquela merda apareceu. Eu diria que foi parte do sucesso. Quer dizer – é o que roqueiros fazem. Comigo o mais forte foi o álcool, sabe. [incompreensível]. Por exemplo, agora mesmo se eu dissesse 'Vou a um bar e vou tomar um trago', eu sei – sem sombra de dúvida, que se eu fizesse isso, não ia demorar muito até eu ir pedir cocaína a algum estranho. E aí eu iria me chapar por um mês. Eu sei que é parte de mim, eu conheço muito bem, e de vez em quando a minha personalidade dependente diz 'Sabe, você nunca experimentou ecstasy – imagina como seria', ou 'Você nunca experimentou metanfetamina – imagina como seria'. Sei que minha cabeça tenta me enganar o tempo todo, no que eu penso, sabe?"
Phoenix New Times: Sim. Voce se arrepende de muitas coisas? Se voce pudesse voltar atrás, o que faria de diferente?
Ozzy: "... A vida é cheia de arrependimentos, mas isso é o que faz de voce o que voce é. Quer dizer, eu não me arrependo – eu não me sinto feliz sobre o fato de eu ter espancado as minhas esposas. Eu costumava bater nelas, e – pelo menos a Sharon, ela costumava revidar. Ela não aceitava calada. Ela ligava para a polícia e tudo o mais... isso é um grande arrependimento. E eu me arrependo pela forma como tratei meus filhos, do meu primeiro casamento, e meus filhos deste casamento. Mas eu era jovem, tive sucesso muito jovem – e pensei, sabe – casar, comprar uma casa, um carro, ter filhos. Mas eu tinha 21 – quando me dei por conta, já era pai. É muito cedo. Quando você fica mais velho – e vai tão longe, voce fica sensível, mas é tarde para mudar isso".
Phoenix New Times: Você passou por muita coisa, das quais voce falou bem em seu livro. Você morreu duas vezes. Como você vê a vida depois de ter saído do outro lado e ainda estar vivo e são? O que você acha da forma como você vive?
Ozzy: "Eu não penso sobre isso, apenas sigo em frente. Não adianta. Você não diz todas as manhãs 'Esse ano foi bom', e tudo o mais. Eu vivi um inferno por um bom tempo. Para ser honesto com você, no fim do dia não era mais divertido. Eu não estava me divertindo com aquilo. Agora eu olho para trás e penso 'Eu achava isso divertido?' Se matando para viver, como alguns dizem. Mas não é isso que eu quero que as pessoas tirem do livro. Somente – isso é brincadeira, estou tentando alertar as pessoas para os riscos destas coisas, porque – é somente a minha história. Somente uma história humana, muito verdadeira".
Receba novidades do Whiplash.NetWhatsAppTelegramFacebookInstagramTwitterYouTubeGoogle NewsE-MailApps



Megadeth anuncia mais datas da turnê de despedida
Os cinco maiores guitarristas de todos os tempos para Neil Young
"Estou muito feliz pela banda e por tudo que conquistamos", afirma Fabio Lione
A música inspirada em Soundgarden que virou um hit do Metallica - não é "Enter Sandman"
Bruno Sutter aposta alto e aluga o Carioca Club para celebrar 50 anos de Iron Maiden em São Paulo
O guitarrista que não sabia que gravou maior sucesso de Chitãozinho & Xororó
A melhor banda ao vivo de todos os tempos, segundo o lendário Joey Ramone
"Fade to Black" causou revolta na comunidade do metal, segundo Lars Ulrich
A banda que enche estádios, mas para Roger Waters seus shows são "uma piada"
Guns N' Roses fará 9 shows no Brasil em 2026; confira datas e locais
Os dois guitarristas que são melhores que Ritchie Blackmore, de acordo com Glenn Hughes
As cinco melhores bandas brasileiras da história, segundo Regis Tadeu
Kiko Loureiro diz o que o levou a aceitar convite para reunião do Angra no Bangers Open Air
O supergrupo que Robert Plant recusou convite para entrar por achar "complicado demais"
Os quatro clássicos pesados que já encheram o saco (mas merecem segunda chance)
O álbum pop dos anos oitenta que conquistou o coração de Ozzy Osbourne
Guitarrista do Trivium relembra como Ozzfest ajudou a catapultar a carreira da banda
Ozzy Osbourne não ouvia tanto rock pesado quanto as pessoas imaginam, revelam filhos
Charlie Sheen relembra encontro com Ozzy Osbourne em clínica de recuperação
As dez músicas dos Beatles que eram preferidas de Ozzy Osbourne
Músicos originais do Black Sabbath passariam o Natal juntos, revela Geezer Butler
Ozzy cantaria em tributo a Lemmy e faria dueto com David Draiman (Disturbed)
A surpreendente balada que era a música favorita de todos os tempos de Ozzy Osbourne
Como Ozzy Osbourne e Sharon ajudaram a carreira do Lacuna Coil a decolar
O incrível músico que o Black Sabbath pensou em chamar, mas Ozzy Osbourne rejeitou a ideia
O solo de guitarra criado por Zakk Wylde que deixou Ozzy Osbourne impressionado


