Jandek: O Estranho Mundo de Sterling Smith
Por João Paulo Rocha
Fonte: Guide to Jandek
Postado em 29 de julho de 2015
Ele é um dos artistas mais prolíficos do mundo, e no entanto, sua obra ainda repousa num grande obscurantismo, em grande parte devido ao seu caráter único e devidamente especial.
Tendo lançado mais de 70 álbuns até então desde o fim dos anos 70, e ainda editando de dois a três lançamentos por ano, JANDEK, ou talvez simplesmente Sterling Smith, pertence ao gênero conhecido como Outsider Music, e incorpora influências do blues ao rock, criando por fim um tipo de folk, mais em essência do que em aparência, diferente de tudo o que é produzido com esses rótulos.
Extremamente recluso e misterioso, JANDEK lança álbuns desde 1978, quando estreou com seu primeiro trabalho READY FOR THE HOUSE. Nessa altura, sua música já era uma imensa cacofonia de notas musicais no que parecia ser um violão desafinado tocado por algum solitário no escuro, fato que apenas repercutiu com o tempo, com a incorporação de muitos outros instrumentos como Gaitas, Pianos e guitarras elétricas. JANDEK produziu por todas essas décadas sem perder sua aura, lançando ao mundo sua arte completamente genuína e honesta, sem se tornar conhecido, mas angariando uma legião de fieis seguidores. Mas afinal, por que JANDEK exerce tanto fascínio sobre alguns que se debruçam sobre sua obra?
Simples, JANDEK não se parece com nada além de JANDEK, e somando isso ao fato de que ele é um completo recluso, único membro de sua gravadora, a Corwood Industries, tão misteriosa quanto ele, criaram um pequeno culto ao seu redor, esse tendo como sua maior expressão o documentário de 2003, Jandek on Corwood, que trata devidamente de uma investigação-tributo a esse que é um dos artistas mais singulares de todos os tempos.
JANDEK não dá entrevistas e nem comenta seu trabalho de nenhuma forma (nem sequer sabe-se se Sterling Smith é mesmo JANDEK, ou se é apenas um representante do projeto - Hoje aceita-se mais comumente que Smith é sim JANDEK, mas ainda existem dúvidas). A única suposta entrevista de JANDEK aconteceu nos anos oitenta, por telefone, existindo até hoje um questionamento sobre a autenticidade dessa entrevista.
Seu trabalho, além único, parece uma manifestação da esquizofrenia. Pode-se observar uma delicada forma de tratar as coisas, inclusive que trata-se de algo sério, porque se antes surgiam boatos de que JANDEK era apenas alguém interessado em zoar as coisas, hoje mais de quarenta anos e muitos álbuns depois, é inegável seu comprometimento com a música e o que está fazendo.
Seus álbuns variam em estilos dentro do seu estilo "jandekiano" de fazer música, consistindo de fases acústicas, momentos elétricos, incorporando o uso eventual dos mais diversos instrumentos e colaborações, essas também extremamente misteriosas, tanto quanto o próprio JANDEK (a mais célebre dessas colaborações, a canção Nancy Sings de 1982, é um marco, devido a mostrar que JANDEK não era um completo recluso e ausente do mundo, conhecendo pelo menos alguém).
Observamos que há ainda um elemento gráfico sempre presente nas capas de JANDEK, em suas clássicas representações, seja desde a imagem do homem taciturno e sério na figura de Smith, até objetos comuns, como cadeiras, quadros, violas; coisas comuns que poderiam ser encontradas em qualquer parte do mundo, algo que concebe uma intimidade universal tremenda ao trabalho.
Todavia, é certo que a obra de JANDEK, mesmo prolífica, fantástica e absurda continuará sendo deleite de apreciadores das mais loucas experimentações; não é material para todos, visto sua excepcional forma. Entretanto, os que como eu estiverem interessados em uma jornada por um mundo completamente novo e estranho, se felicitarão sempre ao se voltarem para o trabalho do representante de Corwood.
Passados todos esses anos e algumas apresentações únicas feitas, o mistério pode ter arrefecido um pouco sobre essa peculiar figura da música mundial, mas não o brilho de sua arte. Essa persiste e persistirá sempre num torvelinho de abstrações em qualquer noite chuvosa em um quarto escuro.
Ready For The House - 1978
É correto afirmar: mesmo com sua música considerada ruim, mesmo com sua eterna não popularidade, JANDEK viverá para sempre. Sua música é sincera.
Confira abaixo a mais célebre apresentação de JANDEK, seu primeiro show de todos os tempos em Glasgow, 2004.
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