Raimundos: "Deu onda" é coisa fugaz e vai durar dois meses
Por Bruce William
Fonte: Olhar Direto
Postado em 24 de janeiro de 2017
Digão, do Raimundos, bateu um papo com Paulo Victor Fanaia Teixeira do Olhar Conceito. Leia a matéria completa aqui, e veja alguns trechos mais abaixo.
Digão, como você enxerga o cenário rock atualmente?
"A gente tá vivendo um momento de muitas mudanças, o rock n´roll não é o que está em voga, não é o que está nas rádios, você vê uma febre de sertanejo e um pouco do funk. Mas isso é uma coisa que não me preocupa, pois acho que rock n´roll vai estar ali borbulhando no underground e ele é de ciclos. Tivemos o ciclo dos anos 80 e 90, em 2000 tivemos uma galerinha, mas já foi algo mais diluído. Acredito e essa é a mensagem que passo para todo mundo que curte rock n´roll e que tem banda de rock: não deixe de acreditar, não tente fazer musiquinha só para diretor de rádio. Faça música sua, algo seu, pegue suas influencias, misture em um caldeirão e faça algo seu, pois se você se preocupar com os moldes você estará matando aquilo que é mais importante: a descoberta de coisas novas. Estou na fé e o fato de o sertanejo está lá...bem, o que me deixa mais tranquilo é saber que eles estão lá não por motivos musicais, mas por grana que está comprando os espaços, nos rádios, compram espaços na TV, e é isso. O rock está ali por fora, e é nas beiradas que você chega à sopa".
E o Raimundos no meio disso?
"O Raimundos tem seu espaço garantido, mas todo mundo sentiu um pouco a diminuição do público e no número de casas de shows, lugares para tocar. Mesmo assim conseguimos fazer o DVD acústico que vai fazer a gente entrar em camadas que não entrou ainda. Gravamos em novembro de 2016, com participações maravilhosas, como Marcão do Charlie Brown Jr., Alexandre, do Natiruts, Dinho do Capital Inicial, Ivete Sangalo...e ficou muito bom. Tudo funcionou bem, ficou muito bom, todas as participações, o DVD, com fotos lindíssimas. Gravamos em Curitiba, no teatro Positivo, um lugar maravilhoso, enorme e mesmo com Guns N´Roses tocando no mesmo dia que a gente, concorrendo com eles, mesmo assim ficou ótimo. A gente não se abalou e fizemos do mesmo jeito, o palco, o cenário e o telão. O DVD chama-se ‘Acústico Raimundos’. É nosso disco de inéditas, foi a Som Livre que ajudou a fazer esse DVD".
(...)
Bem diferente do rock, no rock o baterista é importante, o baixista é importante, é uma banda, cara, isso é música, eles se conheceram na escola, montaram a banda, tinham um sonho, tomaram na cabeça e a coisa foi...isso é música, isso é pra sempre".
Realmente...
"É...esses dias eu tava me lembrando: e aquela música mesmo que o pessoal cantava, do vagalume? ‘vou caçar mais um milhão de vagalumes por aí...’
"Vagalumes", da banda Pollo?
"É...essa música tocou muito. Cadê? Não me lembro dessa banda, não lembro da cara deles, não se vê em lugar nenhum, enquanto isso o Legião Urbana está tocando, Capital está tocando, o Rappa, Raimundos nas rádios. É uma coisa que é pra sempre. Não aguento essas musiquinha ‘ah, não sei o que me deu onda, nhenhemnhem’ (funk "Deu Onda", do MC G15). Aquela coisa fugaz, música que vai durar dois meses. Não se fazem mais coisas para durar, saca...móveis, carros. É triste".
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