Máscara de Ferro: pioneiros do metal épico
Por Ivison Poleto dos Santos
Postado em 18 de julho de 2017
Abrindo a página da banda no Facebook está a notícia que ouriçou os apaixonados fãs da banda: "Notícias da Máscara... o Joe Lee Marcos acaba de achar gravações antigas e esta re-masterizando e logo, logo estaremos colocando no YouTube. Aqui uma pequena amostra. Fiquem ligados para mais notícias."
Mas calma! Há sete anos vimos ouvindo isso... Será dessa vez?
Bom, mas vamos à banda que foi a pioneira do metal épico no Brasil com letras com temas medievais, instrumentação e cenários de palco caprichados.
O Máscara de Ferro surgiu em 1983 pelas mãos do guitarrista Joe Lee Marcus, do baixista Tito Lívio e do batera Elmano Goatsbeard. Em 1985 após muitos ensaios e apresentações, a banda chamou a atenção do selo RGE, que embalada pela iniciativa das coletâneas SP Metal I e II, planejava lançar uma coletânea somente com bandas de hard rock/metal brasileiras. Se eu não me engano, é a única coletânea de uma gravadora não-independente nacional de bandas de metal. A coletânea contava além do Máscara, os já conhecidos Made In Brazil, Di Castro/Sangue da Cidade e os iniciantes Atack e Eclipse. A banda deixou na coletânea as suas duas únicas músicas oficialmente registradas: "Pra Bem Longe Daqui" e "Máquinas no Comando". O vocalista na ocasião era Marcellus que deixou a banda em 1986 para a entrada de Wagner "Vassalo" que deu ao Máscara a sua identidade épica com temas medievais até então inéditos no Brasil.
Conheci pessoalmente a banda em 1987, na fase de vários shows pelo Brasil, apresentações na televisão e gravação da demo de "Memórias na Parede" que faria parte do esperado álbum de estreia da banda, que infelizmente ficou na promessa. Posso afirmar que a banda era formada por músicos muitíssimo competentes tanto tecnicamente quanto possuidores de uma garra fantástica. Joe Marcus chegou a ser patrocinado pela antiga marca de guitarras Dolphin. Só para exemplificar, o Máscara tocava nos shows "Mr. Crowley" do Ozzy e os solos ficavam iguaizinhos. Tito Lívio era um baixista que fugia dos padrões normais e enchia o som com muita competência e fraseado inigualável. Da mesma forma, o batera Elmano e o vocalista Wagner com um tom de voz bastante característico e pessoal.
Joe Lee Marcus é uma figura e guitarrista incomuns. Primeiro porque usava um pedal Heavy Metal da Boss no talo, e como ele dizia: "Guitarra tem que roncar". Foi dos primeiros guitarristas brasileiros a incorporar, com sucesso, a tecnicalidade de Yngwie Malmsteen. Gostava de dizer que "hoje em dia se toca muito mais difícil que antigamente" e "é no solo que o guitarrista tem de dar o seu máximo". Pura profecia.
A banda chegou a divulgar bastante a música "Memórias na Parede", porém a semeadura não vingou em álbum.
Talvez decepcionados com a falta de apoio e cansados do circuito ensaios-shows-em-lugares-pequenos-e-nada-de-álbum, a banda desbandou no final dos anos 1980. Joe Lee Marcus foi trabalhar na Promoart (sim, a empresa do Gugu) e vira e mexe posta coisas do Máscara na rede mundial de computadores.
Sobre Wagner "Vassalo" há algumas situações interessantes. Ele deixou o Brasil em 1990 para a Flórida nos Estados Unidos juntando-se ao Emerald Steel para lançar o seu autointitulado álbum de estreia. Com ele foi o ex-baixista do Ultraje a Rigor, Maurício. Um fato marcante deste álbum é que ele foi lançado somente aqui no Brasil pelo selo Woodstock. Em 1994, uma versão obscura em CD foi lançada. E, aparentemente, legítima, mas parece ter sido feito pela banda em uma edição muito limitada. Usaram como nome do selo "Sandmannchen Und Hallo Freunde Limited".
Ficamos aqui no aguardo das notícias de reunião vingarem e que finalmente o tão esperado álbum do Máscara de Ferro saia.
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