OMD: Um souvenir para os fãs
Por Roberto Rillo Bíscaro
Postado em 04 de novembro de 2018
Ouvintes casuais não sabem o nome dos membros do Orchestral Manoeuvres in the Dark (OMD), a não ser, na melhor das hipóteses, Andy McCluskey e Paul Humphreys.
Quando se assiste Souvenir, documentário de 2007, percebe-se que mesmo o OMD reformado não se importou que soubéssemos mais nomes além da dupla fundadora. Nos mais de 90 minutos dirigidos por Rob Finighan, apenas Andy e Paul falam, Os outros dois membros ficam constrangedoramente em segundo plano, às vezes, com o narrador falando sobre eles e assim mesmo aparecem só quando não havia mesmo outro jeito, a saber, quando o OMD começa os ensaios pra sua volta de 2006. Considerando-se que desde sempre a dupla McCluskey/Humphreys tem sido creditada como os inovadores por trás do nome OMD, ninguém deve realmente se importar com o eclipsar dos demais.
Souvenir opera em dois tempos narrativos intercalados: o presente que em 2007 já era passado e o passado propriamente dito, do início da banda, até a saída de Paul, em 1988, descontente com o comercialismo pós-Dazzle Ships (1983).
O "presente" mostra Andy e Paul ensaiando duro para uma apresentação com orquestra pra TV alemã. Eles fingem que contam porque reataram a parceria após 17 anos e vemos até entrevistas com a plateia do show íntimo realizado pra 100 fãs escolhidos no site. Antes de embarcar na primeira turnê do bem-sucedido retorno (ano passado lançaram elogiado álbum, inclusive), o OMD queria testar se ainda tinha química para entreter. Claro que a plateia perdoaria deslizes, porque fanática, mas não deixou de ser bom aquecimento e calibrador. É tão legal ver fãs de música pop, então já bem avançados na meia-idade, sendo entrevistados em comparação ao que a grande mídia mostra ao priorizar astros jovens (que é o correto mesmo, assuma-se).
Nas partes dedicadas à trajetória, Paul e Andy visitam locais em Liverpool, onde começaram, hoje irreconhecíveis, porque depósitos ou símiles. A concepção de clássicos como Electricity, Enola Gay e Souvenir é abordada, assim como as objeções de cada um, quando se tratou de composição solo do outro. Andy e Paul deviam ser bastardos arrogantes no auge, quando sintetizaram magistralmente a eletrônica do Kraftwerk, com a crueza punk e o desespero sombrio e gélido do pós-punk à Joy Division.
Essas influências são reconhecidas, assim como a arrogância, como quando o duo esnoba o ZZ Top, que no começo dos 80’s já era passado. E não é que na autobiografia dos roqueiros ianques, eles citam o OMD como motivador pro renascimento oitentsita dos barbudos?
A empáfia de Paul e Andy cessaria com o fracasso comercial de Dazzle Ships. Hoje o álbum é reconhecido como clássico, mas na época naufragou e os meninos perceberam como era gostoso fazer sucesso, como era perigoso brincar com gravadora e como era custoso ser adulto e ter contas a pagar.
A partir do abraço ao comercialismo pós-Dazzle, Souvenir obscurece e dedica cada vez mais tempo ao retorno. Nada é dito sobre o estouro nos EUA, com If You Leave Me, e nem sobre o OMD pós-Humphreys. Paul e Andy também adoram contar como o contrato com a gravadora no início de carreira foi vantajoso apenas pra empresa, mas curiosamente Souvenir silencia sobre isso.
Claro que a narrativa oficial de "comercialismo" levando ao desgaste da relação entre Paul e Andy deveria ser relativizada. Por mais fundamental que seja, o rigoroso Architecture & Morality chegou ao terceiro posto da parada britânica. Um álbum sombrio como Organisation, de 1980, rendeu Enola Gay, que cravou primeiro na Itália e Espanha e mesmo na Inglaterra, um respeitável oitavo lugar na parada de singles. Se não fossem realmente comerciais, seus trabalhos entrariam nas paradas?
Mas, quantos documentários sobre quaisquer astros pop levantam questionamentos assim? Então não usemos isso para descartar Souvenir. Embora lhe falte muito pra ser uma "história" da sigla OMD, tem informação suficiente pra fãs de synth pop, anos 80 e até da dupla.
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