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Beto Lani: Em entrevista, guitarrista relembra carreira e fala sobre novo single

Por Maicon Leite
Postado em 19 de julho de 2020

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O guitarrista mineiro Beto Lani, na ativa há mais de 20 anos, acaba de lançar o single "Road to Madness", e promete para breve mais material inédito. Mesmo em meio à pandemia do coronavírus, o músico segue trabalhando, seja com sua carreira musical, seja com seu selo, Kaotic Records. Na entrevista a seguir foram abordados temas que envolvem sua carreira desde o início, passando pelas bandas que integrou e os projetos atuais. Confira!

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Beto, antes de mais nada, parabéns pelo longo currículo! São mais de 20 anos tocando e como você entrou cedo neste mundo, creio que há muitos planos pela frente. Como foram aqueles primeiros anos no mundo da música? De onde surgiu seu interesse por música e pela guitarra? Quem foram seus primeiros ídolos?

Beto Lani: Muito obrigado pelas palavras. Bom, comecei a gostar de música muito novo, me lembro que com 8 ou 9 anos eu já estava acompanhando o Rock In Rio II. Não me esqueço do ia que decidi tocar guitarra, estava assistindo a um programa que passava na Record, o Kliptonita, e passou o clipe de "Sad But True" do Metallica. Foi ali, vendo aquele clipe que eu senti que iria ser um guitarrista. Nessa época eu já era fã de Guns N Roses, já tinha os vinis em casa, Metallica foi amor à primeira vista e eu me lembro que gostava muito de Ramones, Faith No More e Red Hot Chilli Peppers.

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Na sua biografia consta que sua primeira banda de Heavy Metal tradicional participou de um festival de bandas estudantil e você ganhou o prêmio de melhor guitarrista do evento. Qual era o nome desta banda e o que este prêmio significou e influenciou na sua carreira?

Beto Lani: Essa banda era com amigos da escola, se chamava Encore. Nosso repertório era composto por bandas como Iron Maiden, Judas Priest, Savatage, Helloween, Iced Earth, entre outras. Esse prêmio foi muito importante pra mim, pois nessa banda, o outro guitarrista, além de colega de escola, era o meu professor de guitarra. Então, ganhar esse prêmio foi como ganhar um diploma de aptidão pra mim.

Mais adiante, a banda Wisache foi formada e com o passar dos anos foram lançados alguns trabalhos, culminando com a abertura de shows internacionais, como Sebastian Bach, ex-vocalista do Skid Row. O que você poderia nos falar desta período com o Wisache?

Beto Lani: A Wisache foi a minha principal banda durante muitos anos, foi ali que eu aprendi a me comportar como um membro de banda de verdade, principalmente no posto de guitarrista. Sobre a composição, apesar de já me arriscar a compor algo desde a época da Encore, foi na Wisache também que eu criei uma identidade própria nas composições. Tocamos em vários lugares pelo Brasil, principalmente no Sudeste, e consolidamos um movimento aqui em Belo Horizonte no início dos anos 2000, já que éramos a única banda de Hard Rock com música autoral na época. O show do Sebastian Bach foi na verdade meu último show com a banda, e foi uma despedida e tanto.

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Entre 2006 e 2008, você foi integrante da banda de Heavy Metal tradicional Brave, que também participou de vários festivais, chegando a abrir um show para Blaze Bayley, ex-vocalista do Iron Maiden. Com o Brave foram apenas shows ou houve a participação de algum registro de estúdio?

Beto Lani: Com o Brave foram apenas shows sim, não chegamos a entrar em estúdio. Porém nesse tempo eu compus algumas canções com eles, estamos inclusive conversando sobre gravar algumas delas durante a quarentena. Se acontecer mesmo vai ser legal.

Em 2009, você ingressou na banda RockStation que se tornou referência nas casas de rock em Belo Horizonte. A experiência com uma banda de covers e tocando para um público mais variado certamente abriu muitas oportunidades para seu trabalho. Como foi essa experiência e quais foram os principais acontecimentos dessa época?

Beto Lani: Bom, eu sou integrante do Rock Station até hoje, e foi lá que eu comecei a cantar mais também. Inclusive os meus companheiros de banda sempre me apoiaram e me incentivaram a gravar meu primeiro disco. Com o Rock Station a agenda sempre foi cheia, show todo fim de semana, em vários lugares diferentes, em condições diferentes. O ponto mais positivo é ver que as pessoas demonstram um interesse maior pelo meu trabalho solo, por se identificar com meu jeito de cantar e tocar nos shows.

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Entretanto, em 2017, houve uma mudança radical: seguir em carreira solo. Em 2018, foram convocados músicos renomados como o baterista Bruno Aguiar, seu antigo colega de banda, e seu companheiro de banda Samuel Chacon, para o baixo e produção do debut "Chaotic Frame of the Mind", lançado em 2019. Como foi trabalhar neste álbum e o que ele significou para sua carreira? Poderíamos considerar se tratar do início de uma nova fase?

Beto Lani: Esse registro é talvez o passo mais importante que eu dei na minha carreira. E devo muito ao Samuel Chacon, que ouviu as músicas e me incentivou a gravar todas. O disco possui canções que eu compus durante todos esses 20 anos. Tem riff ali que eu compus em 2002. O que eu fiz foi finalizar essas canções e finalmente lançá-las. É muito diferente a abordagem aqui, nos outros projetos eu era "apenas" o guitarrista, e isso sempre foi muito cômodo. Esse disco mostra uma outra faceta minha, de compositor e frontman. Me sinto sortudo por ter trabalho com tanta gente boa nesse projeto.

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Agora em 2020 foi lançado o single "Road to Madness", onde, além da guitarra, você aposta nas linhas vocais. Ao seu lado estão, Bruno Souza e Samuel Chacon, que fizeram um trabalho primoroso. Porém, a maior diferença entre o debut e o single é a forma como foi trabalhado. "Road to Madness" é uma "cria da pandemia", onde cada músico gravou seus instrumentos de casa, mantendo o isolamento social. De que forma a pandemia afetou a criação deste single? A "estrada para a loucura" é o momento no qual todos estamos enfrentando?

Beto Lani: Músico não consegue ficar parado né, então assim que deu a pandemia, nós estávamos planejando alguns videos e lives para o Rock Station. Então eu dei a ideia para eles, mostrei a música, eles gostaram e aí gravamos. Queria destacar aqui o Noel Fernandes, que fez a mixagem e a masterização. Quando ele me mostrou, fiquei de queixo caído. Quanto ao tema, é esse momento mesmo que estamos passando, principalmente no Brasil, onde além da pandemia, temos que lidar com irresponsabilidade de políticos.

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Ouça o single no Youtube:

Ouça o single no Spotify:

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Ao mesmo tempo em que é divulgado o single, há um trabalho incessante na composição e produção do segundo álbum. O que podemos esperar deste registro e quais são os planos?

Beto Lani: Já que gravamos esse single, e ele ficou tão bom, resolvi já gravar o segundo disco. Ele já estava composto desde o ano passado, então a hora é agora. Ele vai ser gravado quase que no mesmo esquema. Só a bateria que vamos fazer uma sessão no estúdio Vila. É um disco mais pesado, mais direto. Estou usando afinações mais baixas, acho que combina melhor com o timbre da minha voz, que está mais grave também no disco. Espero lança-lo até o fim do ano.

Além do trabalho com a carreira solo, sua contribuição para música também está ligada a distribuição de material, com a Kaotic Records. Quando surgiu o selo e como tem funcionado? Sabemos que vivemos em uma era digital, mas o mercado físico ainda tem espaço no Brasil de forma satisfatória? Dá pra trabalhar o digital e o físico ambos lado a lado?

Beto Lani: O selo surgiu exatamente no momento em que eu estava procurando parcerias para o lançamento do meu disco. O Filipe da Tales From the Pit Records, além de aceitar lançar o meu CD, me fez uma proposta. Achei interessante e lançamos a banda mineira Eternal Fall. O resultado ficou muito bom, e os CDs venderam bem. Pouco tempo depois veio o convite para participar do relançamento do debut do Imago Mortis, do Rio. Foi nesse momento que os elo também se estabeleceu, hoje eu tenho 13 títulos lançados e pelo menos mais 7 agendados. A mídia física sempre vai ter o seu espaço, quem gosta compra, não tem jeito. Muitas pessoas utilizam o streaming para ver se vai gostar do CD, se gostar, elas compram. Banda independente ainda precisa ter o material físico, lançado por selo, isso agrega valor. Eu senti isso vendendo o "Chaotic Frame Of Mind", as pessoas quando olhavam a mídia física ficavam admiradas, mesmo quando não compravam, mas sentiam que era um trabalho sério e profissional.

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Beto, obrigado peço espaço cedido! Gostaria de deixar um recado final?

Beto Lani: Eu quem gostaria de agradecer a oportunidade. Bom, eu queria reforçar o que toda banda independente fala, apoiem o Rock e Heavy Metal nacional. Se inscrevam nas redes sociais, curtam as postagens, os vídeos, comentem. Isso é muito importante para nós artistas. Pesquisem as bandas, vocês vão se surpreender, tem muita banda boa por aqui.

Site:
www.betolani.com

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Sobre Maicon Leite

Maicon Leite é assessor de imprensa na Wargods Press, colaborador na revista Roadie Crew e um dos autores do livro Tá no Sangue! - A História do Rock Pesado Gaúcho, dentre outros projetos e publicações.
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