Foo Fighters: Dave Grohl e companhia tomam de assalto a Classic Rock 284
Por Vagner Mastropaulo
Postado em 25 de fevereiro de 2021
Estampar capas não é novidade para o Foo Fighters, mas seria a edição de fevereiro/21 um especial? Sim e não, pois não se trata de uma retrospectiva da carreira inteira (como a Mojo, aliás, costuma fazer em revistas isoladas), mas é inegável que rolou um tributo à banda. Em que sentido? Expliquemos: a reportagem principal é deles, com doze páginas, da 10 à 21, centrada em depoimentos de seu líder e incluindo pequenas entrevistas com seus cinco colegas: Chris Shiflett e Pat Smear (guitarras), Nate Mendel (baixo), Rami Jaffee (teclados) e o carismático Taylor Hawkins (bateria). Mas não é só isso:
- o ex-Nirvana assina o editorial, que começa assim: "Jamais me esquecerei da primeira vez que ouvi Foo Fighters na minha estação de rádio ‘classic rock’ favorita. Foi ‘Learn To Fly’ e enquanto as notas de abertura surgiam pelos alto-falantes distorcidos do meu carro, eu olhava para o dial, em choque, e pensava: ‘Classic rock? Foo Fighters?’. Ensanduichada por Foghat e Doobie Brothers, pensei que devia ser alguma pegadinha maldita de um DJ trapaceiro em seu último dia de trabalho, fazendo seu melhor para impor vingança contra seu confiante superior abusivo. ‘Obviamente algo único’, pensei".
Não foi! Abaixo, as demais seções com trechos do que disseram os músicos:
- por Dave Ling e voltada a conjuntos aspirantes, High Hopes (páginas 22/23) é avalizada por Dave Grohl: "Kills Birds é uma banda jovem de Los Angeles que toca um punk rock/pós-punk em ritmos muito duros, mas melódicos. Adoro a energia. A vocalista, Nina, tem uma presença no palco realmente de comando e está escrevendo a partir de um local pessoal e vulnerável".
- em The Stories Behind The Songs (páginas 30/31), através das palavras de Bill DeMain, o foco é em "Changes", de David Bowie, deste modo comentada por Rami Jaffee: "Há muitos David Bowies, mas o meu é o de Spiders From Mars e Hunky Dory [nota: o play com "Changes"]. Fui apresentado [a Bowie] no fim dos anos setenta, princípio dos anos oitenta, ao escutar ‘Changes’ e Ziggy Stardust. Era comercial, mas havia algo sinistro, funkeado, glam e até progressivo".
Esta parte está disponível online, porém sem a leitura do tecladista, reservada à versão impressa, e curiosamente com um vídeo de um cover do Seu Jorge para "Changes"!
- nas declarações dadas a Polly Glass por Jaren Johnston, frontman do The Cadillac Three (páginas 32-34), a escolha é de Chris Shiflett: "The Cadillac Three é uma grande banda de Nashville que toca southern rock ao estilo country. Eles são uma banda sem igual e você não vê muito disso por aí. Curto bandas que expandem gêneros diferentes. Jaren, o vocalista, é um amigo e escrevi algumas músicas com ele recentemente".
- em 6 Things You Need To Know About…, desenvolvida por Jo Kendall, Pat Smear discorre a respeito de X-Ray Spex: "A voz dela [nota: da vocalista Poly Styrene] vai direto em seus ouvidos. X-Ray Spex era uma coisa própria – eles não eram como coisa alguma que os cercava. Eram interessantes, diferentes e ainda tinham aquela energia punk rock".
Segmento encontrado na página da revista, mas, infelizmente, sem a visão de Pat Smear.
- na matéria de oito páginas (38 à 45) de Mick Wall, Chris Shiflett volta a colaborar: "O Rainbow da era Ronnie James Dio talvez seja minha banda favorita de hard rock em todos os tempos. Adorava o quanto eles cresciam. (...) O álbum do Rainbow a que recorro é Long Live Rock ‘N’ Roll! Fala sério, tem ‘Kill The King’ nele e eu não poderia viver sem ela".
- o perfil seguinte, redigido por Max Bell nas páginas 46/47, fica por conta de Nate Mendel: "O Parquet Courts faz meio que esse lance new wave sujo e atualizado – essas músicas simples e pegajosas que são, acima de tudo, influenciadas por The Velvet Underground. Gosto de bandas que soam como às que eu curtia quando eu era jovem".
- nas seis páginas de King Crimson (48 à 53) elaboradas por Sid Smith, Taylor Hawkins finalmente dá o ar da graça: "Acho que eles foram a primeira banda de rock progressivo de fato. Yes, Genesis, até o David Bowie – todos eles estavam escutando King Crimson. O grande e falecido Neil Peart me disse que o baterista original deles, Michael Giles, foi muito influente em criar o que é a bateria prog".
E para quem curte as postagens deste escriba no Whiplash.net, não sabíamos que uma segunda fonte de "Classic Rock: Os 12 maiores bateristas de prog em todos os tempos", de 17/02 e disponibilizado digitalmente no site da Classic Rock, havia sido extraída deste texto com o King Crimson.
- para o artigo de oito páginas (54 à 61) de Kris Needs dedicado a Siouxsie And The Banshees, o baterista regressa: "Eles foram uma influência para tantas pessoas. Descobri Juju quando tinha vinte e poucos anos e ficava: ‘Meu Deus!’. É obviamente o que todos no The Cure e no Joy Division estavam ouvindo lá atrás". Pat Smear complementa: "Para mim é o primeiro álbum deles [nota: The Scream]. Ele é tão estranho e ótimo. E ela é tão cativante. E a guitarra é boa pra caralho nele!".
- próxima parada, páginas 62 a 65 com The Gospel According To... Bob Mould, conduzida por Emma Johnston com retorno de Dave Grohl na análise do ex-Hüsker Du: "Bob Mould deveria ser alçado aos postos mais altos como um dos maiores letristas e compositores dos Estados Unidos. Dá para argumentar que ele é tão influente quanto Tom Petty – ele é um compositor norte-americano clássico, apenas escrevendo de um lugar diferente do que a maioria".
- Nate Mendel dá seu parecer ‘sincerão’ acerca de Walker Brothers entre as páginas 66 e 69, sob autoria de Rob Hughes: "Sou o oposto do Taylor Hawkins – não tenho um conhecimento profundo de rock ‘n’ roll. Não me deparei com isso ainda criança, não sei nada a respeito. Então, por anos, Scott Walker era somente um nome que eu conhecia. Mas, um dia, estava procurando por algo para escutar e pensei em dar uma conferida. (...) Foi de explodir a cabeça!".
Relaxe, Nate, este que vos escreve e uma significativa parcela dos leitores também não sabe nada dos artistas mencionados e sempre estamos em tempo de aprender!
- entre as páginas 70 e 72 e sob incumbência de Henry Yates, o frontman do Foo Fighters é quem fala sobre Happy Chichester (outro anônimo para o grande público) e um de seus ex-grupos: "Lá por 1990, eu trabalhava na Tower Records em Washington D.C., pode ser que tenha sido antes disso. Em 1987, eu estava namorando uma garota que tinha um álbum do Royal Crescent Mob, que era de Ohio, e o disco era meio engraçado com um funk rock up-tempo. Bem leve e divertido. Ela realmente estava na vibe da banda e escutávamos ‘Omerta’ o tempo todo".
[an error occurred while processing this directive]- caminhando para o final, Michael Molenda é responsável pelas seis páginas de The Police (74 à 79), com mais do baterista: "Eles foram como o Led Zeppelin dos anos oitenta. Eles viraram tudo de cabeça para baixo deixando as batidas de ponta-cabeça, pondo reggae e rock juntos. Li um livro escrito pelo irmão do John Bonham e ele dizia que Stewart Copeland foi o primeiro baterista a surgir e assustar John. Não fisicamente, mas ele foi o primeiro cara a fazê-lo dizer: ‘Oh, porra, há um novo garoto no pedaço".
- como saideira e por Dom Lawson, The Hard Stuff – Buyer’s Guide nas páginas 96/97 ranqueia os full lengths do Cardiacs, com Dave Grohl a pontuar: "Não acho que você possa explicar o Cardiacs. Ouça, sou novo neste fenômeno. Acabei de descobri-los um mês atrás. Percorrendo os vídeos no YouTube, simplesmente cliquei neles sem um motivo e me tornei completamente obcecado. Se você cresceu adorando uma banda como Oingo Boingo... o Cardiacs é insano pra caralho!"
Ok, chega de Foo Fighters! Mas foi desta forma, em iniciativa inédita (até que se prove o contrário), que a Classic Rock 284 (fevereiro/21), deu um jeito de homenagear o sexteto, na esteira de Medicine At Midnight, lançado em 05/02, e dos vinte e cinco anos na estrada. Clique aqui caso queira dar uma checada num teaser da publicação inglesa. Encerrando, cá entre nós: até rimos daqueles memes em que alguns não sacam se tratar da mesma pessoa ao olharem a semelhança física entre o ex-baterista do Nirvana e o vocalista/guitarrista do Foo Fighters e, na boa, sabemos que também já é meme, mas Dave Grohl não está ficando a cara do Benito di Paula dia após dia?
[an error occurred while processing this directive]Fonte: Revista Classic Rock 284 (fevereiro/21)
https://www.loudersound.com/news/dave-grohl-edits-the-new-issue-of-classic-rock-and-its-out-now
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