Marilyn Manson: ele desenha suásticas e tem tattoos nazistas, diz Evan Rachel Wood
Por Igor Miranda
Postado em 08 de fevereiro de 2021
A atriz Evan Rachel Wood compartilhou mais detalhes dos abusos psicológicos que ela afirmou ter sofrido enquanto tinha um relacionamento com Marilyn Manson, entre 2006 e 2010. Em suas alegações, a artista disse que o cantor agia de forma racista e antissemita contra ela, que tem origem judia.
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Em uma série de publicações feitas na função Stories de sua conta no Instagram, Evan Rachel Wood declarou que era chamada de "judia" de "forma depreciativa" por parte de Marilyn Manson. "Ele desenhava suásticas na mesa ao lado da minha cama quando estava irritado comigo", afirmou.
Ela também declarou: "Eu ouvia a palavra 'n' ('nigger', insulto racial direcionado a pessoas negras) repetidamente. Ele esperava que todos ao lado dele dessem risada e participassem. Se você não fizesse isso ou (Deus me livre) chamasse a atenção dele, você seria ainda mais discriminado e abusado. Nunca tive tanto medo na minha vida".
Evan comentou que foi criada sob o judaísmo porque sua mãe era judia. "Ela se converteu, não tinha ascendência judia, então ele dizia que isso 'é melhor', porque eu não tinha 'sangue judeu'", afirmou.
Tatuagens e simbologia
Ainda na sequência de publicações nos Stories, a atriz compartilhou fotos de três tatuagens do cantor que, segundo ela, trazem símbolos nazistas. A artista disse que o músico não tinha essas tattoos quando os dois começaram a se relacionar.
No braço direito, há o que seria, supostamente, uma caveira do tipo "Totenkopf", que era usada pelas forças SS nazistas durante a Segunda Guerra Mundial. No braço esquerdo, ele teria tatuado um moinho de vento com quatro retângulos sobrepostos, o que formaria uma suástica no meio. No peito, já um arranjo de quatro letras "M", que também teria intenção de fazer referência a uma suástica.
Evan Rachel Wood também divulgou fotos em que ela aparece, segundo a própria, usando um chapéu de general do exército nazista e com um bigode ao estilo de Adolf Hitler desenhado no rosto. A atriz afirmou que as imagens faziam parte de ações de "humilhação e chantagem" por parte do cantor.
Ação contra a atual esposa de Manson
Ainda por meio das redes sociais, Evan Rachel Wood afirmou que abriu um boletim de ocorrência, no último dia 19 de dezembro, contra a atual esposa de Marilyn Manson, Lindsay Usich, e uma pessoa chamada Leslee Lane - que, ao que tudo indica, seja um amigo do ex-casal. Ela acusa as duas pessoas de ameaçarem divulgar fotos dela alcoolizada, quando ainda era menor de idade, para supostamente silenciá-la e "acabar" com sua carreira.
As imagens que as duas pessoas estariam buscando divulgar, de acordo com Evan, são justamente as que a atriz aparece com chapéu de general nazista e bigode de Hitler. Os cliques acabaram sendo revelados pela própria atriz, com a explicação do contexto.
Mais denúncias e explicação sobre relacionamento
As publicações de Evan Rachel Wood sobre Marilyn Manson também envolveram o compartilhamento de outras denúncias. Ao todo, outras 11 mulheres acusam o cantor de abuso sexual e/ou psicológico.
Evan, especificamente, afirma ter sido amarrada, torturada e estuprada por Marilyn durante o relacionamento dos dois. A atriz alega que começou sua relação com o cantor quando tinha menos de 18 anos de idade.
Internautas passaram a questioná-la sobre as práticas sexuais, que, segundo eles, poderiam estar ligadas ao BDSM, que envolve bondage e sadomasoquismo de forma consensual. A artista nega que esse seja o caso.
"Brian (nome real de Marilyn Manson) e eu nunca tivemos um relacionamento BDSM. Nem mesmo fazíamos sexo do tipo 'pervertido'. Não tivemos relações sexuais (consensuais) quando eu eu era torturada, antes ou depois. Eu achava que iria morrer o tempo todo", disse.
Marilyn Manson ainda não se pronunciou sobre as novas acusações.
As acusações contra Marilyn Manson
No último dia 1° de fevereiro, Evan Rachel Wood afirmou em uma publicação nas redes sociais que foi abusada por Marilyn Manson. Os dois tiveram um relacionamento entre 2006 e 2010, ficando noivos, mas rompendo antes do casamento.
"O nome do meu abusador é Brian Warner, também conhecido pelo mundo como Marilyn Manson. Ele começou a me assediar quando eu ainda era uma adolescente e abusou de mim horrivelmente por anos. Sofri uma lavagem cerebral e fui manipulada à submissão", afirmou Evan, em uma postagem no Instagram.
O texto completa: "Cansei de viver com medo de retaliação, difamação ou chantagens. Estou aqui para expor esse homem perigoso e denunciar às indústrias que deram espaço antes que ele estrague outras vidas. Estou ao lado das muitas vítimas que não vão mais se silenciar".
A atriz, então, compartilhou uma série de denúncias de outras internautas que alegam ter sido abusadas sexualmente por Marilyn Manson. Pelo menos quatro mulheres acusaram o cantor publicamente após Evan Rachel Wood se manifestar.
Cantor nega
Em postagem também no Instagram, Marilyn Manson declarou não ser culpado das acusações de abuso sexual. "Obviamente, minha arte e minha vida tem atraído muitas controvérsias, mas estas alegações recentes sobre mim são distorções horríveis da realidade. Minhas relações íntimas sempre foram totalmente consensuais com pessoas de mente aberta. A despeito de como - e por qual motivo - outros decidiram agora deturpar o passado, esta é a verdade", disse o artista, conforme traduzido por Bruce William para o Whiplash.Net.
Denúncias prévias, mas sem dar nomes
Nos últimos anos, Evan Rachel Wood tem dito na imprensa e nas redes sociais que foi alvo de abusos por parte de um homem com o qual se relacionou. Muitos fãs e internautas no geral especulavam que seria Marilyn Manson, devido ao relacionamento público entre os dois, mas a atriz, até então, nunca havia citado o nome do vocalista.
No início de 2019, a artista gravou um depoimento em vídeo para uma audiência do Comitê de Segurança Pública do Senado da Califórnia para falar sobre o relacionamento abusivo que viveu entre o fim da adolescência e início da vida adulta. Nascida em 1987, Evan tinha entre 18 e 23 anos quando se relacionou com Manson.
Antes, em 2016, a atriz enviou uma carta a uma revista americana para falar sobre as duas ocasiões em que foi estuprada - uma delas, por um ex-namorado que não havia sido identificado. "Sim, eu fui estuprada. Por um ex-namorado e, em uma ocasião separada, pelo dono de um bar. Na primeira vez eu fiquei em dúvida se, por ter sido feito por um parceiro, era considerado estupro, até que era tarde demais. E quem acreditaria em mim? Na segunda vez, eu pensei que tinha sido minha culpa e que eu deveria ter lutado mais, mas eu estava com medo. Isso foi há muitos anos e agora eu sei que, em nenhuma das vezes, a culpa foi minha, e que nenhuma das vezes o abuso foi aceitável. Isso foi antes de eu tentar cometer suicídio [aos 22 anos] e tenho certeza que [os estupros] estavam entre os fatores que me fizeram querer me matar", declarou, na ocasião.
Questionamento
Em setembro do ano passado, Marilyn Manson foi questionado em uma entrevista por telefone à Metal Hammer sobre os casos contados por Evan Rachel Wood. O cantor encerrou a ligação assim que o nome da atriz foi mencionado e a assessoria de imprensa dele se recusou a emitir comunicado sobre a situação.
Após críticas por tal atitude, os representantes de Manson emitiram um comunicado dizendo que "não seria adequado comentar" sobre o assunto por ser um "testemunho pessoal", também indicando que o cantor seria inocente e não seria o alvo das denúncias da atriz.
"Evan Rachel Wood namorou várias pessoas na época em que ela namorava Marilyn Manson. Uma pesquisa básica da Internet apresentará vários outros nomes que não apareceram em nenhuma de nossas discussões", diz um trecho da nota da assessoria, que pode ser lida na íntegra no Wikimetal.
Consequências para a carreira
As denúncias feitas por Evan Rachel Wood e ao menos outras quatro mulheres tiveram consequências imediatas para a carreira de Marilyn Manson. A gravadora Loma Vista Recordings, que lançou os dois últimos álbuns do cantor, anunciou que não trabalharia mais com ele.
"Ciente das alegações perturbadoras de Evan Rachel Wood e outras mulheres citando Marilyn Manson como um agressor, a Loma Vista deixará de promover seu álbum atual ('We Are Chaos'), com efeito imediato. Devido a estes desenvolvimentos preocupantes, também decidimos não trabalhar com Marilyn Manson em quaisquer projetos futuros", afirmou, em nota, a assessoria da gravadora.
Manson, que também tem carreira paralela como ator, foi cortado de duas séries de TV. Ele não está mais nos elencos de "American Gods", do canal Starz, e "Creepshow", do serviço on-demand Shudder.
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