Gloria: a mágoa de Mi Vieira com Sepultura e Benjamin Back por situação do Rock in Rio
Por Igor Miranda
Postado em 17 de julho de 2021
O vocalista Mi Vieira, do Gloria, desabafou em entrevista ao podcast Falacadabra sobre as críticas que sua banda enfrentou ao apresentar-se no Palco Mundo do Rock in Rio 2011. Nas redes sociais, muitos internautas acusaram o grupo de supostamente "tirar" o espaço do Sepultura, que tocou no Palco Sunset no mesmo dia e horário que eles.
O cantor também relembrou de uma entrevista concedida pelo guitarrista Andreas Kisser e pelo baixista Paulo Jr a um programa do jornalista esportivo Benjamin Back, quando este ainda trabalhava para o Lance. Mi apontou que, na ocasião, foi criticado não só por Back, como, também pelos músicos do Sepultura.
Inicialmente, conforme transcrito pelo Whiplash.Net, Mi declarou: "Sofremos com a galera falando 'o Gloria tirou o Sepultura do Palco Mundo'. Primeiro que eu não tenho esse poder. O Rick Bonadio nunca pagou um jabá ferrado para tocarmos em algum lugar, porque o Gloria não era a receita da Arsenal Music, mas, sim, NX Zero e Fresno".
O frontman do Gloria ainda apontou que, durante esse período, ouviu "muita coisa" que o chateou. Para piorar, na época, o baterista de sua banda, Eloy Casagrande, entrou justamente para o Sepultura. "Ele ficou 8 meses no Gloria. Foi legal pra c***lho, gosto muito dele. Na época, fiquei com raiva (com a saída) - e passou muito rápido", disse.
Ainda de acordo com Mi, "depois do Rock in Rio é que foi a dor de cabeça". "Cada um da banda acabou tendo algum tipo de depressão, não por causa do Rock in Rio, mas é tanta pressão, velho", afirmou.
Fora todas as críticas enfrentadas por apresentar sua sonoridade, classificada por muitos como "emo", antes de shows de Motörhead, Slipknot e Metallica, o Gloria sentiu o baque por ser acusado de tirar o espaço do Sepultura no Palco Mundo. No entanto, a banda veterana de thrash metal tocou no Sunset porque fizeram uma performance colaborativa com o grupo percussivo Tambours do Bronx - e o espaço do Sunset era destinado a essas participações.
"A gente se ferrou muito com esse lance com o Sepultura. [...] Eu era muito fã do Sepultura. Não deixei de ser fã porque o Eloy entrou, mas porque vi o Andreas Kisser, o Paulo e uma galera falando certas coisas do Gloria que me machucaram demais. É f*da ter um ídolo, o ídolo sabe quem você é e o ídolo te criticar por ter um preconceito", afirmou.
Ele completou: "O Benja, que era do Fox Sports, destruiu o Gloria. Fiquei muito mal. Era um programa do Lance, um amigo meu trabalhava lá. Esse meu amigo chegou e falou: 'tenho que te mostrar um vídeo, você vai ficar chateado, mas é o Sepultura comentando do Gloria'. O Andreas até que se segurou um pouco, mas rolou muita coisa que me chateou. E eu era fã do Andreas Kisser. Quando fiz o 'Renascido', um dos discos mais aclamados do Gloria [...], a gente se baseou totalmente no Sepultura. Foi algo estudado, de pegar o 'Roots', 'Arise', 'Chaos A.D.' e estudar".
"Minha ideia nunca foi fazer parte do metal"
Embora o Gloria tivesse agarrado a oportunidade de tocar em um dia do Rock in Rio destinado ao heavy metal, Mi Vieira apontou que sua banda não tinha a proposta de se vincular ao gênero. Para ele, uma oferta de show com a Fresno seria mais interessante do que com o Sepultura.
"Acabou rolando grandes decepções depois do Rock in Rio, que tivemos que aprender a lidar. A minha ideia nunca foi estar à frente do Sepultura. Isso nunca iria acontecer. O Sepultura é uma das maiores bandas de metal do mundo. E minha ideia nunca foi fazer parte do metal. Eu só toquei no dia do metal. Desculpa, mas não é do meu interesse fazer um show com o Sepultura. Meu interesse é fazer show com a Fresno. São meus amigos, cresci com os moleques, e é do meu movimento", afirmou.
O artista ainda comentou: "Meu sonho foi julgado por muitas pessoas e isso acabou dando uma desanimada. O Sepultura lançou um disco agora, achei do c***lho. O Derrick é um p*ta cara, o Andreas é um p*ta guitarrista, sabe vender a banda bem pra c***lho. O Eloy é um dos melhores bateristas do mundo. Já me criticaram por eu ter falado isso do Eloy, mas eu acho".
Sepultura não desmentiu
Kadu Pelegrini, vocalista do Kiara Rocks e um dos apresentadores do podcast ao qual Mi Vieira, concedia a entrevista, ressaltou que o Sepultura poderia ter se manifestado para negar que o Gloria tivesse tirado o espaço deles. A falta de atitude do grupo nesse sentido, de acordo com Kadu, deu a impressão de que "deixaram que falassem isso".
"Muita gente está de fora, não tem a mínima ideia, e fala: 'o Gloria tirou o Sepultura do Palco Mundo'. Não, é coisa que o Rock in Rio decide. Não que eu esteja dizendo o que o Sepultura deve fazer, mas se o Sepultura ouve algo assim e sabe que não é verdade, cabe a eles dizer: 'não, estamos no Sunset por decisão do Rock in Rio'. Quando isso não acontece, parece que eles deixaram que falassem isso. Quando não desmentem, é isso", comentou Pelegrini.
Mi concordou e complementou: "Quem sou eu para falar o que o Benja tem que gostar? Esse cara para mim nunca existiu. Passou a existir quando o vi falar mal da minha banda. Beleza, se ele é roqueiro, ama o Iron... vive a vida dele. Isso é o que f*de o nosso rock do Brasil, pessoas com visão assim. A gente vive disso, cara".
A entrevista de Mi Vieira ao Falacadabra pode ser assistida, na íntegra, no player de vídeo a seguir.
O que disseram Sepultura e Benjamin Back
A entrevista citada por Mi Vieira foi concedida em 2011 por Andreas Kisser e Paulo Jr a um extinto quadro de Benjamin Back no veículo esportivo Lance. Hoje, o jornalista trabalha no SBT, depois de uma passagem pelo Fox Sports.
A filmagem está disponível no YouTube e traz Benja, como o jornalista popularmente é chamado, apontando que considerou injusto o Gloria ter se apresentado no Palco Mundo, enquanto o Sepultura tocou no Sunset, com uma estrutura menor.
"Eu estava assistindo ao Rock in Rio. Dessa vez eu não fui, então, assisti na TV, quase tudo. Fiquei p*to demais. Com todo o respeito a algumas bandas, como Gloria, essas coisas... respeito. Não gosto, mas provavelmente tem um público. Mas eu não entendi como o Sepultura, com tantos anos na estrada, maior banda de heavy metal do Brasil, toca em um palco que passava a impressão de ser secundário, em vez de tocar naquele palco com Motörhead, Slipknot, Metallica?", perguntou Back.
Andreas Kisser, então, respondeu: "Legal você tocar nesse assunto, porque muita gente não entendeu. Mas do jeito que nos foi apresentado, se você analisar o que foi o Palco Sunset... o Gloria ainda não tem uma bagagem para estar em um palco como aquele (Sunset). Além do Sepultura, havia bandas e músicos como Milton Nascimento, Esperanza Spalding, Titãs, Ed Motta, Joss Stone, Mike Patton com orquestra... são bandas consagradas, com história, algo definido, e a intenção foi juntar bandas brasileiras com europeias e fazer algo novo, diferente. Um show único, que você não vê em lugar nenhum, só no Palco Sunset. É uma estrutura um pouco menor que a do Palco Mundo, mas sem perder importância. Muita gente foi só para ver aquele palco".
Benja, em seguida, perguntou: "Mas para a gente que vê como fã, não dá essa conotação?". Kisser declarou: "Dá, um pouco". Paulo Jr complementou: "Às vezes, foi uma falha da organização em não ter explicado. Você vê uma estrutura menor, automaticamente, você pensa que é o palco B. E não era o palco B".
Na visão de Benjamin Back, o público reagiu de formas diferentes aos shows do Sepultura e do Gloria. "Eu vi o show do Sepultura e a galera pirou... foi f*da. Quando vi o Gloria, a galera não curtiu muito, teve gente que vaiou. Dava a impressão", comentou.
O guitarrista, então, lembrou que Sepultura e Gloria acabaram por tocar no mesmo horário, devido a um atraso causado por problemas técnicos no equipamento de sua banda.
"O problema foi ter os dois shows no mesmo horário. Tivemos problemas técnicos no palco, um P.A. queimou, a equipe teve que tirar leite de pedra para um excelente show. Mas a coisa não pode acontecer dessa forma. O horário precisa ser sagrado. Fazemos festivais em todos os lugares do mundo onde o horário é sagrado. [...] As duas bandas, ao mesmo tempo, independentemente do estilo, é algo muito ruim. Desrespeita o público", pontuou Kisser.
O vídeo da antiga entrevista está disponível abaixo.
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