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Sub Rosa: banda lança álbum duplo conceitual após 11 anos

Por Clóvis Tarso
Postado em 15 de janeiro de 2022

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No dia 11 de novembro de 2021, 11 anos após o debut "The Gigsaw", a Sub Rosa lançou seu segundo trabalho oficial: "11:11" - um álbum conceitual duplo incrível! A música é simplesmente fantástica, mas o design da capa e do encarte também merecem uma grande atenção.

O álbum traz 22 músicas. 11 em cada CD. E cada uma delas é relacionada a um dos arcanos maiores do baralho de tarô criado pelo baixista e principal compositor da banda, Reinaldo José. Acredito que ele seja um pesquisador de temas esotéricos, por uma publicação que vi no Facebook dele. O "Tarô Sub Rosa", segundo a banda, foi criado pelo baixista e pela artista gráfica Marina Marques. Ela fez uma versão "oficial" e a Joyce Kane Baleioleta fez outra, que leva o nome de "Versão Novo Aeon". São duas jovens talentosíssimas, uma do Sul e outra de Minas Gerais. Mas não achei outras obras delas. O álbum vem em uma embalagem digipak tripla, com um encarte de 24 páginas.

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O primeiro CD abre com "Rue Le Tabel", uma música em 6/8, que faz lembrar do poder de In the Flesh?, que abre o The Wall, do Pink Floyd. A voz principal foi cantada por Rômulo César, ex-baterista da banda, da primeira formação, que saiu antes do lançamento do primeiro álbum. Antes da música começar, ouvimos um homem falando "It’s quite ironical. Very funny, indeed." ("É bem irônico. Muito engraçado, mesmo.").

A segunda faixa é "The Lambspring", uma canção etérea.

Então, a terceira é a instrumental "The Lost Word", que começa com um sintetizador cósmico/sinfônico e cresce para um caos organizado jazzista e então mergulha em uma peça introspectiva de piano, com efeitos parecidos com a parte do meio de Echoes, do Pink Floyd.

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Na sequência, vem "The Wishing Man'', que foi lançada como single, um ano atrás. Esta música muda de tonalidade quatro vezes (e, percebo agora) é quarta faixa. Ela traz a bela voz da ex-vocalista da banda, Márcia Cristina. O solo final é um dos melhores que eu já ouvi no Rock and Roll. E debaixo do solo tem uma cama de vozes que me fizeram pensar na versão acústica de High Hopes, do David Gilmour.

A quinta canção é chamada "Carnation", uma balada alegre com um riff chiclete de guitarra. A bateria segue um padrão bem legal. Me lembrou um pouco o instrumental do Marillion, com uma mistura de Beatles.

A faixa número seis é "Romance Hermético''. Uma peça de teclado espacial, com poemas recitados por um artista multimídia brasileiro conhecido como Ciberpajé. Ele tem um projeto chamado Posthuman Tantra. Muito louco! Mas a música é uma viagem. Praticamente uma meditação.

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Então vem, na faixa número sete, uma composição mais roqueira: "Ride the Black Goat''. Baixo e bateria poderosos, com um solo duplo maluco de guitarra. Me lembrou Raul Seixas e o Rock do Diabo.

Uma das minhas favoritas é a faixa número oito, "Do What You Will''. É uma obra-prima do rock progressivo. Os teclados, ah, meu Deus! A atmosfera e as vozes! O baixo e a bateria em uma dança! Os solos riffs de guitarra! A letra! E o final viciante. Perfeição em forma de música.

A nona canção é "Liber Librae'', um blues progressivo, com um instrumental muito refinado. Timbre perfeito de guitarra. O órgão é uma história de amor pra mim.

A canção número dez já foi lançada como single, em 2017. É chamada "Ars Regia Therion'', e tem um arranjo de balada pop. É conduzida por um violão muito legal. Ela tem algo de country music.

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A décima primeira e última canção do primeiro CD é "Less than Two''. Levou algumas audições para que eu gostasse dela. A letra descreve o caso de um padre estuprador e um ladrão que por acaso salva as vítimas do mesmo, como exemplo da linha tênue entre o bem e o mal. E isso me perturbou um pouco.

O CD 2 começa com "Hanging On". É outra candidata a clássico do Progressivo. Os sintetizadores são brilhantes, dourados e bonitos.

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Então, na faixa número dois, vem uma canção sem nome, identificada apenas com o número 13. É uma espécie de espelho da segunda faixa do CD 1. Mas é instrumental. Ela tem exatamente a mesma duração: 2 minutos e 13 segundos. Acho que é uma forma de dizer que a faixa 2 e a faixa 13 (segunda faixa do segundo CD) são a mesma. Uma é instrumental e a outra é "a Capella" (ou algo do tipo). É poderosa e evoca o Pink Floyd de Animals e The Wall.

A próxima faixa é "Breakthrough Listen", outra obra prima do Rock Progressivo e uma das melhores que já ouvi. É uma suíte, que começa com uma linha de baixo em tapping viajando da esquerda para a direita no estéreo. É pura magia. Os solos de guitarra são perfeitos! A baterista Bárbara Laranjeira canta os vocais principais e os harmônicos. E os harmônicos se intercalam no estéreo. Muito bonito. De explodir a mente! Algumas variações no meio da música fizeram dela minha favorita do álbum.

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Então, como faixa número 4 do CD 2, "The Men Behind the Curtains" vem com poder e glória! Um rock progressivo pesado que já nasce como clássico absoluto do gênero. Reinaldo José divide os vocais com Rômulo César. O refrão final vai crescendo em tons diferentes, trazendo um ambiente de êxtase.

A próxima, "The P.I.G." é uma peça maravilhosa! O tema principal de sintetizador traz à memória os videogames dos anos 80 e 90. A canção é poderosa, pesada, e os vocais se alternam entre o baixista Reinaldo José e a baterista Bárbara Laranjeira e o ex-baterista Rômulo César. A parte central da peça tem um coro. No videoclipe, a banda faz um tributo a Bohemian Rhapsody, do Queen. A propósito, o videoclipe de "The P.I.G." também é uma obra prima e cheio de polêmica para esse momento político tenso e polarizado que o Brasil vive.

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A sexta canção do CD 2 é "Fossil Irradiation", uma balada prog-trance. Quase um match-up de Portishead e Rush, e percebi umas referências à MPB.

A faixa número sete é "Dust of God", outra bela balada com um poderoso solo de guitarra. Um destaque para a linha de baixo.

A faixa número oito, "Chariot of the Crowned Child", é alegre, feliz e poderia facilmente ser uma canção dos Beatles. O compasso muda o tempo todo.

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A próxima é "The Play of Life". Diria que é uma ópera dentro de uma ópera. Esta faixa, sozinha, é quase um álbum conceitual. Os personagens entram, recitam sua fala e seguem o protagonista. Os instrumentos tocam a mesma linha, continuamente, mas o som de cada um muda conforme um novo personagem entra. Maravilhoso! A linha de guitarra, no final, é perfeita! O pezinho no Metal Extremo, que a Sub Rosa sempre teve, aparece aqui nos vocais guturais do baixista Reinaldo, em um dos personagens. É de arrepiar.

A penúltima faixa é "Slave to Freedom", uma suíte com quatro partes. A primeira é basicamente guitarra, flautas e vozes. A segunda é um concerto de piano sobre a Morte. A terceira é uma preparação para a última, que é uma conclusão para a jornada do personagem principal dessa ópera rock.

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Então, a última faixa, "The Illusion", é uma reflexão sobre a existência e é uma canção muito bonita. A curiosidade é que The Illusion é a única canção da Sub Rosa cuja letra não é escrita pelo Reinaldo José. É uma parceria com a esposa dele, a baterista da banda, Bárbara Laranjeira.

Não me considero apto, nesse momento, para escrever sobre o conceito e sobre as letras do álbum. Reinaldo José é um gênio e um letrista fabuloso. Um filósofo, talvez. Prefiro esperar que alguém estude o conceito e as letras desse álbum, então eu poderia aprender sobre tudo isso.

Mas vou destacar a capa. Assim como Nursery Cryme, do Genesis, a capa do digipak de 11:11 traz todos os elementos das 22 músicas, em um cenário único. Ficou muito legal e a capa é muito bonita. A menina que fez, Marina Marques, está de parabéns!

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Na capa do encarte, outra ilustração da Marina traz elementos dos 22 arcanos maiores do tarô (que ela também desenhou) em um show da Sub Rosa.

Sub Rosa 11:11 é um lançamento maravilhoso. É perfeito em todas as esferas. E traz esperança para aqueles que acreditavam que o rock progressivo só foi bom até os anos 70.

Site oficial:
http://www.subrosa.com.br

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